Bolero, A Melodia Eterna | Crítica
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Bolero de Maurice Ravel é uma das peças musicais mais populares do mundo! Lançada em 1928, desde então tem sido regravada em praticamente todos os estilos musicais. Porém, em contraste com a obra de sucesso, tanto o compositor quanto suas outras obras permaneceram em segundo plano. Agora, com Bolero, A Melodia Eterna, vemos não só a criação desse sucesso, mas também uma biografia do criador. O que aconteceu antes, depois e durante a criação, assim como o efeito do sucesso da peça sobre o compositor são questões que servem como ponto de partida para o drama dirigido por Anne Fontaine (Coco Chanel – O Início de uma Paixão).
Embora reverenciado por suas orquestrações inventivas e estilo refinado, com uma tendência à autocrítica extremamente rigorosa, Ravel se vê paralisado pela dúvida e assombrado pela suspeita de que sua maior obra possa já estar no passado. Então, a excêntrica dançarina e coreógrafa russa Ida Rubinstein (Jeanne Balibar) encomenda a Maurice Ravel (Raphaël Personnaz) a música para seu próximo balé, uma que seja erótica e sensual.
Ele não consegue pensar em nada e o tempo é curto. Durante essa crise de inspiração, o compositor revisita os capítulos de sua vida. Os desafios de seus primeiros anos, lembranças de ser um oficial médico na Primeira Guerra Mundial e de ser um candidato desconsiderado a um prêmio musical valioso (ele foi rejeitado para o Prix de Rome cinco vezes), assim como o amor impossível por sua musa Misia Sert (Doria Tillier) passam por sua mente.
É na atmosfera de inebriante de modernidade industrial e indulgência vanguardista da Paris nos Loucos Anos Vinte que Ravel busca inspiração, mas ele luta contra o peso de suas próprias inseguranças. As cenas iniciais de Bolero, A Melodia Eterna se prolongam no bloqueio criativo de Ravel e suas frustrações. À medida que os prazos se aproximam do final e as pressões sociais aumentam, o ritmo da narrativa também acelera. As discussões se intensificam, as alianças se desgastam e os riscos parecem cada vez mais terríveis. Quando o compositor finalmente rompe suas barreiras criativas, o filme atinge uma intensidade muito parecida com os estrondosos compassos finais do próprio Bolero.
Após todo o período de dúvidas e de criação desse sucesso, também vislumbramos seu declínio de saúde, quando a condição neurológica não diagnosticada que o mataria menos de uma década depois causou crescente confusão e esquecimento.
Raphaël Personnaz faz um bom trabalho como um homem charmoso, mas que luta contra seus próprios desejos. Seu personagem é um artista perfeccionista que depende do apoio das mulheres, mas não demonstra nenhum interesse sexual explícito por elas. Não sabemos ao certo se ele teve relacionamentos com os homens, embora a sugestão seja feita aqui e ali. Talvez o compositor fosse de fato assexuado. De qualquer forma, a conotação sexual de seu Bolero era um mistério para ele. O filme sugere que a imaginação erótica de Ravel e seu talento musical foram alimentados mais por sua relação de respostas sensoriais com o som do que por buscas mais carnais e terrenas.
A linha do tempo de Bolero, A Melodia Eterna nem sempre é muito clara e alguns dos flashbacks não são relevantes, fazendo com que as duas horas sejam um pouco demais para a história que está sendo contada. Ainda assim, o fato de não ser um filme linear funciona como uma boa metáfora para a música de Ravel. Algo especial para os fãs de Ravel e que dá bastante autenticidade ao filme é que as partes filmadas na casa dele se passam, na verdade, no interior original da casa do compositor em Montfort-L’Amaury – hoje em dia ela é um museu, que pode ser visitado pelo público.
Bolero, A Melodia Eterna chega aos cinemas brasileiros em 17 de abril, com distribuição da Mares Filmes.
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