BNA aprova Plano de Reestruturação do Banco Sol e dá luz verde à recuperação financeira
"O exercício de 2024 foi marcado por um prejuízo de 6,8 mil milhões kwanzas (6,6 milhões de euros) decorrente de ajustamentos estruturais adoptados pela nova gestão, entre os quais se destacam o desreconhecimento de juros sobre créditos não produtivos (NPL), anteriormente contabilizados de forma indevida", refere o Banco Sol.


O Banco Nacional de Angola (BNA) deu luz verde ao Plano de Recapitalização e Reestruturação (PRR) do Banco Sol para o triénio 2025–2027 e o Conselho de Administração do banco angolano emitiu um comunicado a dizer que “a aprovação do PRR representa um sinal inequívoco de confiança do regulador na estratégia definida e na capacidade de execução da nova Administração do Banco Sol”.
“O ano de 2025 será determinante para consolidar as reformas em curso, num contexto de reposicionamento institucional, disciplina financeira, rigor na execução e recuperação da confiança do mercado”, anuncia a instituição financeira.
A deliberação do regulador foi formalizada nas vésperas da Assembleia Geral Ordinária de Acionistas, realizada a 29 de Abril, durante a qual foi igualmente apresentado o Relatório de Gestão e Contas de 2024, auditado pela Ernst & Young Angola (EY) — “uma das quatro maiores firmas internacionais de auditoria, cuja intervenção reforça a transparência e a credibilidade da informação financeira reportada pela nova Administração do banco”, refere a instituição liderada por Osvaldo Macaia.
A nova Comissão Executiva assumiu funções em Maio de 2024, “herdando uma estrutura fragilizada por práticas contabilísticas pouco rigorosas e omissões relevantes”, explica o banco.
Prejuízos de 6,8 mil milhões de kwanzas em 2024
A reavaliação das contas de 2023, efectuada em conjunto com a EY, expôs incorrecções materiais, nomeadamente a omissão de despesas com fornecedores, que conduziu à revisão do lucro de 12 mil milhões kwanzas (11,6 milhões de euros) para 7,9 mil milhões de kwanzas (7,6 milhões de euros), sendo uma das razões que levou o BNA a suspender a distribuição de dividendos desse exercício.
“O exercício de 2024 foi marcado por um prejuízo de 6,8 mil milhões kwanzas (6,6 milhões de euros) decorrente de ajustamentos estruturais adoptados pela nova gestão, entre os quais se destacam o desreconhecimento de juros sobre créditos não produtivos (NPL), anteriormente contabilizados de forma indevida; o reconhecimento de passivos acumulados com fornecedores, no valor total de 7,4 mil milhões de kwanzas; e registo de imparidades adicionais, em conformidade com a norma IFRS 9, com impacto directo na margem financeira”, explica o Sol.
“Estas medidas, alinhadas com os princípios da prudência e com as normas internacionais de contabilidade, provocaram uma redução dos capitais próprios para 77,6 mil milhões de kwanzas, face aos 83,9 mil milhões de kwanzas registados no final de 2023”, acrescenta.
Apesar do contexto macroeconómico adverso, o banco registou um crescimento de 13,1% na base de clientes, atingindo 2,27 milhões. Os depósitos sofreram uma ligeira redução de 3,3%, enquanto a cobertura do crédito por imparidades aumentou de 6,34% para 58,53%, reflectindo uma abordagem prudencial mais robusta na gestão do risco de crédito, refere a nota.
Plano de recuperação do Banco Sol
O Plano de Recapitalização e Reestruturação (PRR) aprovado pelo BNA contempla um conjunto de medidas estruturantes, entre as quais, um aumento de capital por parte dos acionistas; a reorganização da estrutura operacional; a redução de 30% do quadro de pessoal; o encerramento de agências com baixa rentabilidade; a alienação de activos imobiliários não essenciais; e o reforço da recuperação de crédito malparado e da captação de novos depósitos.
Desde Maio de 2024, a nova liderança deu início à execução do seu novo Plano Estratégico 2024–2027, “elaborado com base num diagnóstico abrangente da situação financeira e organizacional do Banco. Este diagnóstico identificou insuficiências críticas ao nível do controlo interno, da capitalização e da solidez patrimonial”, salienta o Banco Sol.