Arraial dos Cravos regressa em força ao Carmo, mas (novamente) sem o apoio da Câmara
Depois de se ter visto sem palco nos 50 anos do 25 de Abril, Arraial dos Cravos regressa este ano ao Largo do Carmo com ajuda da Junta de Freguesia. Vai haver poesia, música, dança e muita festa.


A partir das 17.30 de 24 de Abril, o convite é para todos seguirem até ao Largo do Carmo. Lá estarão um palco improvisado, feito de um conjunto de estrados cortesia da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, bancas com comida e bebida, associações e colectivos da cidade e a garantida celebração da liberdade. Mas, tal como em 2024, quando se assinalaram os 50 anos do 25 de Abril, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) não apoiará a organização do Arraial dos Cravos.
"Este ano, para que não houvesse a desculpa de que pedimos o apoio muito em cima da hora, fizemos o pedido em Janeiro. A Câmara respondeu que sim, que nos emprestaria 20 tendas e um palco, mas que não fariam nem o transporte nem a montagem. Nós, enquanto associação sem competência nessa área, tivemos de pedir orçamentos e, quando o fiz, os valores aproximavam-se dos 5000 euros. Não temos, obviamente, esse dinheiro. Portanto, na prática, não pudemos aceitar o apoio. Este ano a Câmara foi muito mais competente a negá-lo do que no ano passado", critica, em entrevista à Time Out, Dina Nunes, da Abril é Agora, que organiza o Arraial dos Cravos em conjunto com a Cultra (a histórica organizadora Associação Abril foi recentemente extinta).
A Time Out contactou a CML com o fim de obter esclarecimentos sobre o tema, mas não recebeu resposta.
Não é pela falta de apoio da autarquia, porém, que a festa não se vai realizar. Com a colaboração da Junta de Freguesia local, que de cedeu e vai montar e desmontar a estrutura onde actuarão os artistas, e com a ajuda de um gerador — "vamos vender cervejas para poder pagá-lo", diz Dina Nunes —, farão parte do programa a poesia, a música, a dança e, é claro, a política.
De Ary dos Santos à Colombina
A festa começa às 17.30 com um Dj Set de João David, dando lugar, uma hora depois, à leitura de poemas de Ary dos Santos pelo actor João Esteves. Às 19.00 acontece uma aula de samba e às 20.30 há também "samba feminista", orientado pelo Coletivo Gira.
Às 19.40, sobe ao palco a Academia de Amadores de Música, que aproveitará a data para chamar a atenção para a iminência de despejo das instalações da Rua Nova da Trindade. Às 20.05, é a vez de O Gajo surgir com a sua viola campaniça e, às 20.55, o rapper Cadi toma conta do Largo do Carmo, seguido do grupo de música da Galiza e Portugal Trigalada, às 21.20.
O historiador e um dos fundadores do Bloco de Esquerda, Fernando Rosas, faz uma intervenção às 21.30 e às 22.10 o Coro da Achada entra em cena. A seguir é a performance da Colombina Clandestina, às 22.35, a que se segue o DJ set dos Tropicáustica. À meia-noite, como sempre, será cantada "Grândola, Vila Morena", para encerrar a festa.