Soulslinger: Envoy of Death nos transporta para um universo de faroeste fantástico, onde assumimos o papel de um emissário da Morte em busca do líder de um cartel no Limbo. Após pouco mais de um ano em acesso antecipado, testamos a versão completa recentemente lançada. O resultado você confere a seguir.
O emissário da Morte
Soulslinger: Envoy of Death nos leva a uma aventura sobrenatural com inspirações no Velho Oeste. No papel de um pistoleiro a serviço da Morte, nossa missão é rastrear e eliminar os membros de uma organização conhecida como O Cartel, que está coletando almas no submundo com o objetivo de escapar dessa dimensão e invadir o mundo dos vivos.
O principal alvo é o Rei Amaldiçoado, líder da organização. Armado com uma pistola e movido por um propósito sombrio, o protagonista deve atravessar as profundezas do Limbo para cumprir sua missão. No entanto, memórias fragmentadas de sua vida passada começam a emergir, abalando sua sanidade e revelando um novo sentido para sua existência.
Nessa jornada repleta de tiroteios e mistérios, cabe a nós guiar o pistoleiro pelas camadas mais obscuras do Limbo, enfrentando os perigos do submundo e as ameaças do Cartel, enquanto desvendamos os segredos de seu passado.
Adentre o além, caia e repita
Soulslinger: Envoy of Death é um roguelike em primeira pessoa em que assumimos o papel de um pistoleiro a serviço da Morte, em uma experiência de ação rápida na qual cada decisão pode influenciar a vitória ou a derrota.
O objetivo é eliminar inimigos em diferentes áreas até enfrentar o chefe de cada cenário e avançar para os estágios seguintes. Cada ambiente possui múltiplos níveis que precisam ser concluídos para garantir a progressão do jogador.
O pistoleiro pode carregar até duas armas e, ao final de cada nível, escolher uma entre três melhorias temporárias. Essas habilidades podem ser passivas — aumentando ataque, defesa ou pontos de vida — ou ativas, concedendo efeitos especiais que imbuem as armas com atributos elementares.
Cada estágio oferece um tipo específico de aprimoramento, com salas que indicam o tipo de recompensa disponível a seguir. Essa estrutura reforça a característica central do gênero: construir uma combinação eficaz de habilidades (build) é essencial para o sucesso.
Durante a jornada, o jogador coleta moedas, utilizadas para comprar melhorias em salas de comércio, e também as chamadas Lágrimas do Esquecimento, um recurso usado para desbloquear aprimoramentos permanentes no Haven — o hub central que conecta o jogador ao Limbo e serve como ponto de retorno após cada tentativa.
Em resumo, Soulslinger propõe uma dinâmica de progressão contínua, em que cada incursão permite acumular recursos, fortalecer o personagem e chegar mais longe a cada nova tentativa.
Um universo interessante em um jogo que não empolga
A premissa de Soulslinger é bastante interessante. Conforme avançamos em cada tentativa de desmantelar o Cartel, a história vai ganhando camadas que despertam o interesse pelo enredo. Personagens como a própria Morte, a emissária Lady Valorie e o excêntrico Olho Morto — um pirata que administra a loja de melhorias — compõem um roteiro que valoriza o universo criado pela Elder Games.
A ambientação, que mistura faroeste com fantasia sombria, é cativante. Destacam-se a excelente atuação de voz do elenco e a direção de arte, que mescla elementos sobrenaturais com o estilo western de forma convincente — um dos pontos altos da experiência.
No entanto, apesar do cuidado na criação desse mundo, o mesmo elogio não se estende à jogabilidade. A ação, que começa de forma modesta e controlada, rapidamente se torna caótica e desafiadora.
Para quem aprecia jogos de ação, Soulslinger pode ser uma recomendação válida. Porém, por ser um roguelike, até mesmo jogadores familiarizados com o gênero podem achar a experiência cansativa e, em alguns momentos, desnecessariamente difícil.
Um dos aspectos mais frustrantes foi a demora em obter recursos suficientes para realizar aprimoramentos. Levei cerca de duas horas de jogo, com aproximadamente uma dezena de tentativas, até conseguir evoluir armas e atributos de forma perceptível e sentir uma diferença em meu nível em comparação com os inimigos mais fortes. Essa demora em realizar melhorias, que em teoria são simples, passa uma sensação de progressão lenta, desestimulando a jogatina.
O nível de desafio aumenta rapidamente, surpreendendo jogadores desatentos ao que acontece ao redor. Frequentemente, sofri dano excessivo devido à agressividade e à quantidade de inimigos em tela, o que resultou em derrotas prematuras e, por vezes, frustrantes.
O desempenho técnico também prejudicou a experiência em certos momentos, com quedas bruscas na taxa de quadros. Esse problema, recorrente durante o acesso antecipado, ainda persiste mesmo após o lançamento oficial, embora continue sendo tratado por meio de atualizações.
O suporte a controles ainda precisa de melhorias. Confesso que não sou muito habilidoso jogando no teclado e mouse, mas mesmo com um controle, a navegação pelos menus foi problemática. No início, até a seleção de melhorias ou armas apresentava falhas — algumas delas já corrigidas em atualizações posteriores.
Em resumo, para quem tem habilidade e paciência, Soulslinger pode oferecer uma experiência interessante além da narrativa. No entanto, o jogo demora a engatar de fato, e a recorrência de derrotas pode torná-lo menos gratificante do que sua apresentação sugere.
No limbo do desinteresse
Soulslinger: Envoy of Death é um título com uma identidade visual marcante e uma proposta narrativa ousada, que mistura faroeste e fantasia sombria de forma criativa. Seu universo rico, com personagens e ambientação interessantes até ajudam na apresentação do projeto da Elder Games.
No entanto, esse potencial é parcialmente comprometido por problemas de desempenho, ritmo desequilibrado de progressão e dificuldade acentuada, que podem afastar jogadores menos pacientes ou não familiarizados com o gênero roguelike, o que pode acarretar em um eventual desinteresse pelo jogo.
Ainda assim, para quem aprecia desafios constantes e tem interesse em narrativas envolventes, Soulslinger pode oferecer uma experiência gratificante — desde que se esteja disposto a enfrentar suas arestas técnicas e seu sistema de progressão punitivo para ver o que o jogo tem a oferecer.
Prós
- Ambientação original que mistura western e fantasia sombria com competência;
- Jogabilidade com foco na ação e agilidade.
Contras
- A demora em realizar melhorias significativas torna a progressão lenta;
- Quedas de desempenho e instabilidades pontuais comprometem a experiência;
- Navegação nos menus com controles ainda pouco intuitiva;
- A sensação de evolução do personagem demora a ser percebida, gerando desinteresse.
Soulslinger: Envoy of Death — PC — Nota: 6.5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Headup
Soulslinger: Envoy of Death
6.0
PC
Soulslinger: Envoy of Death stands out with a striking visual identity and a bold narrative proposal, creatively blending western and dark fantasy.
However, this potential is partially compromised by performance issues, an unbalanced progression pace, and steep difficulty, which may put off less patient players or those unfamiliar with the roguelike genre, which may lead to eventual disinterest in the game.