Amêndoas da Páscoa estão mais caras sem ‘amargar’ negócio dos produtores de chocolate
Nesta Páscoa, as amêndoas estão mais caras, mas isso não é sinónimo de abrandamento de vendas. A Vieira de Castro, Arcádia e Chocolataria Equador estão “otimistas” com as perspetivas de negócio para esta quadra festiva. Apesar de terem subido o preço, os produtores garantem ao ECO que têm feito “um esforço muito grande para absorver […]


Nesta Páscoa, as amêndoas estão mais caras, mas isso não é sinónimo de abrandamento de vendas. A Vieira de Castro, Arcádia e Chocolataria Equador estão “otimistas” com as perspetivas de negócio para esta quadra festiva. Apesar de terem subido o preço, os produtores garantem ao ECO que têm feito “um esforço muito grande para absorver uma parte significativa do aumento” dos custos das matérias-primas.
Na Arcádia, a campanha de Páscoa está a “decorrer de forma positiva e em linha com a do ano passado”, com base no sell-in para as grandes superfícies e nas vendas preliminares nas 45 lojas próprias. “A procura por amêndoas, drageias e chocolates mantém-se consistente“, nota o CEO da empresa Francisco Bastos.
A Vieira de Castro, que reclama a liderança na produção de amêndoas, descreve um cenário semelhante, com a empresa minhota a mostrar-se “otimista” em relação ao balanço das vendas nesta campanha de Páscoa, prevendo um crescimento “na ordem dos 10% face à campanha anterior”.
A empresa de Vila Nova de Famalicão produz mais de 20 milhões de amêndoas por campanha, contabiliza a administradora Ana Raquel Vieira de Castro, em declarações ao ECO.
Foi 2009, na cidade do Porto, que o casal Celestino Tedim Fonseca e Teresa Almeida, ambos com formação artística, fundaram a Chocolataria Equador. A primeira loja abriu portas em 2010 na Rua de Sá da Bandeira, na Invicta. Soma agora nove lojas (3 deles em regime de franchising) também em Matosinhos, Braga, Coimbra, Lisboa, Girona e Barcelona. Emprega 32 pessoas e fatura quase 1,7 milhões de euros.
O dono da Chocolataria Equador adianta que o balanço das vendas nesta campanha de Páscoa “é bastante positivo e superior à do ano passado”. Celestino Tedim Fonseca justifica que o aumento de vendas estará relacionado com a parceria que fez com a TVI para a novela Cacau. Foi a marca de chocolate selecionada para fazer parte desta ficção, filmada no Brasil e em Portugal.
O líder da Chocolataria Equador nota ao ECO que as amêndoas que são vendidas nesta época são essencialmente para oferta.
Cacau em alta obriga a subir preços
Em Portugal, o preço do chocolate disparou 9,87% entre dezembro de 2024 e janeiro deste ano, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE). Já dados da Deco Proteste mostram que o chocolate ficou mais caro 26% nos três primeiros meses do ano, com base no preço de uma cesta com quatro produtos à venda nos supermercados nacionais. E o preço dos ovos, também subiu substancialmente desde o início do ano.
Para a Imperial, a maior fabricante de chocolates a nível nacional, a campanha da Páscoa é o momento de vendas mais importante no ano. A empresa de Vila do Conde refere que o “aumento significativo no preço do cacau trata-se de um desafio estrutural para todo o setor e, por isso, afeta todos os players do mercado”.
O aumento significativo no preço do cacau é um desafio estrutural para todo o setor e afeta todos os players do mercado.
O CEO da Arcádia recorda que os “preços do cacau nos mercados internacionais registaram uma subida histórica em abril de 2024, após terem praticamente quadruplicado no espaço de apenas três meses”. Desde então, ressalva, “mantiveram-se em níveis elevados, com um novo pico registado entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025”. Comparando com a média registada ao longo de 2023, Francisco Basto constata que “atualmente, o preço do cacau continua quase no triplo”.
Ana Raquel Viera de Castro não tem dúvidas de que o “aumento será sentido pelos consumidores”, mas refere que a Vieira “tem feito um trabalho profundo para o minimizar”. A empresa com mais de 80 anos de história investiu “em tecnologia e na melhoria dos processos que permitiram melhorar a eficiência produtiva e reduzir o máximo possível este impacto”.
Já a dona das marcas Regina, Pantagruel e Pintarolas, através de Francisco Pinho da Costa, marketing managerda Imperial, assegura que a “Imperial tem feito todos os esforços para absorver, sempre de forma sustentável, o incremento dos custos nos produtos existentes e, assim, evitar repercutir a totalidade destes incrementos para o consumidor final”, afirma
À semelhança da Imperial, o líder da Arcádia garante “um esforço muito grande para absorver uma parte significativa deste aumento, ajustando os preços de forma gradual e responsável”. Em média, os produtos da Arcádia, que estão à venda em 45 lojas distribuídas por 16 cidades, aumentaram cerca de 10% em 2024. No início deste ano, para fazer face ao aumento de preços das matérias-primas, aplicou um “novo ajustamento” na ordem dos 7%.
Na Arcádia temos feito um esforço muito grande para absorver uma parte significativa deste aumento, ajustando os preços de forma gradual e responsável.
“O nosso foco continua a ser garantir a qualidade e a consistência da experiência Arcádia, minimizando, sempre que possível, o impacto para o consumidor final”, afirma o líder da empresa, que emprega mais de 400 pessoas em todo o país.
A Chocolataria Equador sublinha que, precisamente devido ao aumento de preço das matérias-primas, algumas empresas “não aguentaram e acabaram por fechar portas” durante o ano passado. No caso da Chocolataria Equador, para fazer frente ao aumento do preço das matérias-primas, aumentou os preços em 15% no início deste ano. “Tivemos de abdicar um bocadinho da nossa margem”, salienta o gestor.