Ação ‘modinha’ na pandemia desvalorizou 42% em cinco anos; como isso pode servir de lição aos investidores em meio ao ‘tarifaço’ de Trump?

Há cinco anos, o mercado financeiro estava irreconhecível. Durante o lockdown da pandemia de 2020, investidores enfrentaram momentos difíceis tanto dentro de casa como também com o planejamento do portfólio. 

Em meio à imprevisibilidade que as bolsas apresentavam naquele período, uma das empresas que mais se destacou foi a Zoom (Nasdaq: ZM; BDR: Z1OM34), plataforma digital de chamadas de vídeo que foi adotada para reuniões de trabalho, aulas escolares e universitárias, e serviços diversos. 

A companhia, que se apresentou como uma concorrente do Google Meet e Skype, chegou a bater os US$ 38 bilhões em valor de mercado em março de 2020, e as ações alcançaram quase 100% de alta. 

De 2021 para cá, entretanto, o pico de ascensão da companhia mostrou-se um fenômeno apenas temporário, como é possível observar no gráfico abaixo que compara seu desempenho  com o de ações da Localiza (RENT3) e Itaú (ITUB4). 

Para comparação, atualmente a Zoom é avaliada em um valor de mercado de US$ 21,8 bilhões. 

E as empresas ‘fora de moda’ na pandemia?

Segundo o analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, “algumas companhias excelentes enfrentavam enormes desvalorizações [no período da pandemia], enquanto outras ‘modinhas’ da pandemia atingiam valuations totalmente absurdos e incoerentes.”

Conforme relembra o analista, por volta da Páscoa de 2020, ele sugeriu aos investidores manterem distância das ações da Zoom. Em seu lugar, indicou a compra de ações brasileiras que estavam “sofrendo”, como a do banco Itaú e da locadora de carros Localiza.

“O longo prazo parece ter concordado conosco, já que desde então o papel se desvalorizou -42%, mesmo com a plataforma sendo cada vez mais utilizada por milhões de pessoas ao redor do mundo”, avalia Hungria. 

Enquanto isso, desde a Páscoa de 2020:

• RENT3 se valorizou +45%;
• ITUB4 subiu +137%.

Para obter esses desempenhos, Hungria explica que as ações, apesar de serem negativamente impactadas pela pandemia, combinavam qualidade e valuation capazes de reverter a situação em um horizonte mais dilatado. 

Como essa lição de 2020 pode ajudar no presente?

Quando o assunto é renda variável, sabemos que nunca é possível afirmar que os desempenhos passados poderão ser espelhados no futuro. Porém, alguns aprendizados podem ficar de lição para escolhas melhores de investimentos. 

De acordo com Hungria, o episódio da Zoom é um exemplo de como é importante diferenciar a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo de teses realmente fundamentadas. 

“Mais importante, essa experiência nos ajuda a encarar um novo desafio: o tarifaço de Trump”, afirma o analista. 

Apesar de salientar que muitas vezes as empresas mais consolidadas são monótonas e demoram a provar a validade dos investimentos, o analista reforça que são elas que te ajudam a conquistar a independência financeira. 

No cenário atual, ainda não é possível afirmar todos os efeitos que as políticas comerciais do presidente americano terão nas empresas – tanto estrangeiras como nacionais –, especialmente devido à incerteza da própria aplicação das tarifas. 

“Eu não sei o que vai acontecer no mês que vem, nem qual será a decisão após a tal pausa de 90 dias e nem o exato impacto em cada uma das companhias. O que eu sei é que ações de empresas boas e que negociam com valuation interessante normalmente contarão com a ajuda do longo prazo, como já vimos no caso de Itaú e Localiza”, diz Hungria.

Confira cinco ações recomendadas pelo analista para buscar dividendos

Sempre de olho nas empresas líderes dos setores e com claras vantagens competitivas, o analista é responsável pela carteira de dividendos da Empiricus Research. 

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