3 descobertas relevantes para o Brasil aprendidas no Vale do Silício

Startupi 3 descobertas relevantes para o Brasil aprendidas no Vale do Silício *Por Felipe Ost Scherer Na semana passada, um grupo de empreendedores, investidores e executivos se reuniu no Google, em Sunnyvale, na Califórnia, para a sétima edição da Brazil at Silicon Valley, evento exclusivo para convidados organizado por alunos brasileiros de Stanford e Berkeley. O objetivo era conectar os participantes com o principal ecossistema de inovação [...] O post 3 descobertas relevantes para o Brasil aprendidas no Vale do Silício aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Convidado Especial

Mai 7, 2025 - 21:54
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3 descobertas relevantes para o Brasil aprendidas no Vale do Silício

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3 descobertas relevantes para o Brasil aprendidas no Vale do Silício

*Por Felipe Ost Scherer

Na semana passada, um grupo de empreendedores, investidores e executivos se reuniu no Google, em Sunnyvale, na Califórnia, para a sétima edição da Brazil at Silicon Valley, evento exclusivo para convidados organizado por alunos brasileiros de Stanford e Berkeley. O objetivo era conectar os participantes com o principal ecossistema de inovação do mundo.

Apesar do contexto macroeconômico incerto com a guerra tarifária, juros elevados e das dificuldades dos empreendedores em captarem novas rodadas de capital de risco, nada disso foi pauta principal. O foco foi um só: inteligência artificial.

Mas havia algo diferente no ar. Não era sobre o que estava sendo dito, e sim acerca do desafio de capturar toda complexidade dos avanços tecnológicos atuais.

1. Primeira pista: IA não é o futuro

A inteligência artificial dominou a BSV 2025 mas, ao contrário do que muitos esperavam, o debate não era apenas sobre o que a IA  poderá fazer no futuro — e sim sobre o que as empresas já conseguem fazer com inteligência artificial hoje.

O professor de Stanford, Michal Kosinski, explicou como algoritmos já superam humanos em diferentes tarefas e desconstruiu crenças limitantes sobre o tema.

Olivier Godement, head da OpenAI, explorou os produtos da empresa e a estrela principal da conferência: os agentes de IA. Agentes são sistemas autônomos que podem realizar tarefas complexas, cumprir objetivos e tomar decisões de forma independente em nome de pessoas ou empresas. São o tema do momento no mundo digital.

O painel entre Divesh Makan da ICONIQ Capital, companhia que administra U$ 80 bi em investimentos e Hugo Barra, o brasileiro que liderou o desenvolvimento da plataforma Android do Google, foi uma aula sobre investimentos, agentes de IA e storytelling. Os executivos do Google, James Manyika e Lisa Gevelber, abordaram as potenciais aplicações de IA no Brasil e descobertas recentes de computação quântica.

2. Segunda pista: o futuro chega por vias invisíveis

Representantes do Linkedin, Salesforce e Sequoia Capital trouxeram a visão das Big Techs e do mais tradicional investidor de venture capital do Vale. Enquanto os olhos estavam nas empresas de tecnologia, painéis muito interessantes discutiam sobre uso de IA na agricultura, biotecnologia, clima e infraestrutura.

A revolução não acontece onde todos estão olhando. Ela começa nos locais em que ninguém está prestando atenção. Nas estufas. Nos laboratórios. Capitaneada por empreendedores distribuídos ao redor do mundo. O Vale do Silício é tanto sobre digitalização como é sobre risco. E o risco é a essência do empreendedorismo. Empreendedores são aqueles que buscam aproveitar novas oportunidades a despeito de terem ou não os recursos.

Ainda sobre esse público, a Endeavor apresentou um estudo incrível sobre a diáspora dos founders brasileiros pelo mundo. Anderson Thees moderou um debate com o Felipe Menezes da Hyperplane, startup vendida ao Nubank, e com Taci Pereira da Systemic Bio, especialista em biotech formada em Harvard. Ambos destacaram a resiliência necessária para empreender em outro país. Parte da razão para o sucesso das suas startups, eles atribuem ao fato de que não tinham outra opção. Era dar certo ou voltar para casa.

A BSV também tratou dos impactos que a IA está tendo na maneira de gerenciar as pessoas e negócios. Resultados de uma pesquisa apresentada por Greg Shove da Section, indica que a inteligência artificial pode adicionar até 30 pontos no QI de um indivíduo, e que um profissional “aumentado” pela mesma tende a desempenhar melhor do que um time inteiro que não usa essa ferramenta.

A conferência também abordou os desafios da regulação e os chamados guard-rails dos modelos. Regulação essa que precisa lidar com ciclos cada vez mais curtos de desenvolvimento de novas tecnologias. Produtos que foram desenvolvidos em meses estão sendo criados em dias com IA.

Tudo isso vai demandar uma nova infra-estrutura de processamento e de energia para sustentar esse novo mundo. Os investimentos necessários para viabilizar os modelos de IA não serão pequenos. Mas os ganhos potenciais de geração de riqueza e competitividade para as nações que se posicionarem estrategicamente para essa nova corrida do ouro são relevantes. O Brasil pode se beneficiar desse movimento em função de suas relações diplomáticas e da disponibilidade de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo — e esse é um ativo importante nesse contexto.

3. Terceira pista: o problema não é ver o futuro — é absorvê-lo

O maior desafio atual que percebemos em organizações tradicionais, não é antecipar as novas tecnologias, mas sim conseguir criar os mecanismos para desenvolver a capacidade de transformar conhecimento externo em resultados.

Chamamos isso de capacidade absortiva, a habilidade de reconhecer conhecimentos e inovações relevantes fora da empresa, internalizá-los e transformá-los em resultados. Esse processo acontece em quatro atos — adquirir, assimilar, transformar e explorar.

O mais interessante é que a condição de reconhecer o valor de uma nova digitalização externa a empresa é fortemente dependente do conhecimento prévio acumulado internamente (por exemplo, via investimento em P&D). Se você não tem o conhecimento básico de inteligência artificial, vai ser mais difícil compreender o potencial dos Agentes para o seu negócio. A tendência é que você superdimensione o potencial e desperdice recursos ou que subestime a oportunidade e veja o trem passar à sua frente. Em linguagem simples: não adianta visitar o Vale, mapear tendências, conhecer startups se sua empresa não consegue significar, absorver e internalizar o que vê.

*Felipe Ost Scherer é sócio-fundador da Innoscience, consultoria especializada em inovação corporativa. Com ampla experiência no setor, é autor de quatro livros sobre inovação, incluindo Gestão da Inovação na Prática e Simbiose Corporativa. Além disso, é reconhecido por sua atuação em open innovation.


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