Trump e a incerteza mundial: qual o impacto para o imobiliário português?
No imediato, a enorme volatilidade dos mercados financeiros poderá tornar o imobiliário mais atrativo para os investidores. O imobiliário é menos volátil que o mercado de capitais.


Muito se tem falado sobre o impacto que a eleição de Trump tem provocado na economia mundial e como consequência mais imediata nos mercados financeiros. Em alturas como esta, de maior incerteza, os investidores olharam sempre para o mercado americano e em especial para o dólar como um refúgio. É, por isso, normal que nas mais recentes crises económicas e financeiras o dólar tenha sempre valorizado versus as restantes principais moedas.
Contudo, neste momento, a fonte de toda a incerteza é a própria política americana, o que leva muitos investidores a olharem com enorme desconfiança para o mercado americano e para o dólar. Portanto, não é de estranhar a desvalorização do dólar e da dívida americana nas últimas semanas.
Vivemos também numa altura de abundância de capital. A política expansionista dos bancos centrais um pouco por todo o mundo, em especial na última década, faz com que os investidores tenham muito capital disponível, mas incerteza na política internacional coloca uma grande questão a estes investidores: “onde investir num contexto tão incerto, em especial nos Estados Unidos?”. É por isso que nas recentes interações que tenho tido com vários investidores, americanos, mas não só, me colocam questionam muitas vezes se o imobiliário, mais concretamente o imobiliário em Portugal, será uma boa alternativa de investimento.
A resposta não é simples e precisa de ter em atenção as várias dinâmicas atuais. No imediato, a enorme volatilidade dos mercados financeiros poderá tornar o imobiliário mais atrativo para os investidores. O imobiliário é menos volátil que o mercado de capitais, tem como base um ativo físico que pode ser utilizado para habitação própria ou monetizado através do arrendamento e, não sendo um bem exportável, não é impactado pelas alterações de tarifas e restrições ao comércio internacional.
Obviamente, como todos os outros investimentos, o imobiliário poderá ser impactado pela evolução económica internacional. Um cenário de retração económica, aliada a uma subida das taxas de juros em caso de inflação provocada pelas tarifas comerciais, iria muito provavelmente afetar o mercado imobiliário.
Este não é um cenário expectável neste momento na Europa e em Portugal. Não se prevê uma inflação significativa a nível europeu e, inclusive, continuamos numa tendência de redução das taxas de juro, como se comprova na recente comunicação do Banco Central Europeu.
Acredito que este momento de incerteza poderá representar uma oportunidade para o mercado imobiliário português, em especial o de gama alta, menos dependente do contexto económico nacional e mais procurado por investidores internacionais.