Tensões geopolíticas e “narrativas nacionalistas” colocam marcas globais em risco
De acordo com a avaliação da empresa de investimento norte-americana Bernstein, as recentes decisões económicas dos Estados Unidos, especialmente no que se refere à política de tarifas, podem afetar negativamente a procura em mercados estratégicos.


As crescentes “narrativas nacionalistas” em todo mundo estão a pôr em risco as marcas globais. De acordo com a avaliação da empresa de investimento norte-americana Bernstein, que publicou uma nota esta segunda-feira alertando para o impacto destas mudanças no mercado internacional, as recentes decisões económicas dos Estados Unidos, especialmente no que se refere à política de tarifas, podem afetar negativamente a procura em mercados estratégicos.
O documento, assinado por Luca Solca e Maria Meita, sublinha que “a ascensão de narrativas nacionalistas em todo o mundo, incluindo na China, está a complicar a vida das marcas globais”.
Sobre as tarifas, Bernstein observa: “se forem de 20% a 25%, poderão prejudicar a recuperação económica da China e enfraquecer a procura por parte dos cidadãos dos EUA; Se forem 200% (como o presidente Donald Trump indicou para as bebidas espirituosas), fechariam completamente o mercado dos EUA às empresas europeias de bebidas espirituosas.”
O impacto dessas medidas pode ir além do setor económico, provocando mudanças no comportamento do consumidor e impulsionando a preferência por marcas locais em detrimento das internacionais.
Diante desse cenário geopolítico incerto, a Bernstein recomenda que as empresas europeias diversifiquem a sua base de consumidores, reduzindo a dependência do mercado chinês e apostando nos Estados Unidos, inclusive em cidades secundárias, como um novo motor de crescimento.
Além disso, a empresa sugere que as marcas, especialmente do setor de luxo, considerem produzir os seus artigos nos EUA, que reforcem as suas mensagens de comunicação global e adotem posturas mais ágeis para se adaptarem às mudanças do mercado.
As preocupações de Bernstein vão ao encontro de uma análise recente do HSBC – um banco global britânico considerado o 6.º maior do mundo em termos de ativos sob gestão – que destaca os impactos da instabilidade dos EUA no mercado global de luxo e na confiança do consumidor, que segue em queda.
De acordo com o HSBC, as mudanças tarifárias norte-americanas que envolvem Canadá, México e Europa criam um ambiente volátil e complexo, dificultando o futuro para empresas e consumidores.