Rússia desenvolve protótipo de braço de traje espacial com tecnologia de exoesqueleto

A Empresa de Pesquisa e Desenvolvimento e Produção Zvezda, integrante da Corporação Espacial Estatal Roscosmos, desenvolveu um protótipo funcional de braço de traje espacial com base em tecnologia de exoesqueleto. A informação foi divulgada pelo diretor-geral da Zvezda, Sergey Pozdnyakov, em entrevista à agência estatal russa TASS nesta segunda-feira, 24.

O projeto é resultado de estudos iniciados em 2022, quando a Zvezda anunciou planos para desenvolver componentes de trajes espaciais com auxílio de tecnologias de suporte mecânico, inicialmente voltadas para os membros superiores e inferiores dos cosmonautas.

Segundo Pozdnyakov, o objetivo central é facilitar os movimentos dos astronautas durante atividades em ambientes orbitais.

“Fizemos um protótipo funcional para o braço do traje espacial. Realizamos nossos próprios testes. A ideia básica era que o mecanismo deveria ‘captar’ o movimento do cosmonauta e ajudá-lo a dobrar os braços. Conseguimos isso e fizemos esse protótipo. Os testes mostraram que estamos no caminho certo”, afirmou o diretor-geral da empresa.

A tecnologia de exoesqueleto é aplicada no braço do traje para captar os movimentos naturais do usuário e oferecer suporte adicional aos músculos e articulações, ampliando a mobilidade durante operações técnicas a bordo de estações espaciais. Os testes internos da Zvezda apontaram viabilidade técnica do sistema, embora o projeto ainda esteja em fase de desenvolvimento.

Segundo Pozdnyakov, a prioridade atual da empresa está no aprimoramento da mobilidade dos membros superiores dos trajes espaciais. Ele destacou que, nas atividades de rotina realizadas em órbita, os braços dos cosmonautas são a parte mais exigida do corpo.

“Não é na Lua que você precisa andar. É por isso que a ênfase principal é melhorar a mobilidade dos braços. Portanto, os braços do traje espacial devem oferecer boa mobilidade e flexibilidade”, explicou.

A empresa pretende aplicar as soluções desenvolvidas nos trajes espaciais da próxima geração, que poderão ser utilizados na futura Estação Orbital Russa (ROS), projeto atualmente em fase de planejamento pela Roscosmos.

O protótipo de braço com exoesqueleto poderá ser incorporado às novas especificações dos equipamentos a serem empregados no novo complexo orbital.

De acordo com Pozdnyakov, até a entrada em operação da ROS, os trajes utilizados deverão permanecer os mesmos atualmente em uso a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS). A transição para modelos com novas tecnologias será feita progressivamente, conforme os avanços técnicos e a validação dos protótipos.

O desenvolvimento de trajes espaciais com apoio mecânico é uma das linhas de pesquisa promovidas por agências espaciais e empresas do setor aeroespacial em diversos países.

As soluções com base em exoesqueletos têm sido estudadas como forma de reduzir o esforço físico dos astronautas durante tarefas prolongadas e de precisão no ambiente de microgravidade.

O trabalho da Zvezda insere-se nesse contexto, com foco na adaptação da tecnologia à realidade operacional das missões russas em órbita. A empresa é responsável por diversos sistemas de suporte à vida, trajes espaciais e dispositivos de segurança utilizados em programas espaciais russos desde a era soviética.

A nova geração de trajes espaciais deverá incluir não apenas melhorias em mobilidade, mas também avanços em materiais, sistemas de comunicação, monitoramento biométrico e resistência a ambientes extremos. A Roscosmos planeja, ainda, desenvolver infraestrutura própria na futura estação ROS para missões de longa duração, que exigirão maior desempenho dos trajes.

A Estação Orbital Russa é um projeto anunciado pela Roscosmos como parte de uma estratégia para ampliar a presença autônoma da Rússia no espaço. A expectativa é que a estação substitua gradualmente a participação russa na ISS, atualmente em operação com participação conjunta de diversas agências internacionais.

A Zvezda informou que continuará os testes do protótipo de braço com exoesqueleto e avaliará sua integração às futuras versões dos trajes espaciais. Novos avanços devem ser divulgados conforme a empresa conclua outras etapas do desenvolvimento.

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