Review: Days Gone Remastered como jogo é bom, mas como produto…

Um retorno com ressalvas…

Days Gone sempre foi um jogo com ideias boas, mas que sofreu com uma execução conturbada no lançamento original. Quando chegou ao PS4 em 2019, ele entregava uma boa história, um universo interessante e uma ambientação pós apocalíptica instigante — mas tudo isso vinha acompanhado de bugs, quedas de desempenho e escolhas questionáveis de estrutura de mundo.

A nova remasterização, lançada em 24 de abril de 2025 para o PS5, tenta mais uma vez mostrar o que o game tem de melhor. A versão também recebeu um update pago no PC, que custa 10 dólares para quem já possui o jogo por lá, onde o título já era ótimo desde seu lançamento e inclusive foi onde tive minha experiência com Days Gone.

No PS5, um relançamento questionável

Mas é justamente esse o ponto e no PS5 a situação é mais complicada. Afinal, o jogo já havia recebido um upgrade para nova geração anos atrás, rodando com fluidez, gráficos melhores e carregamentos muito mais rápidos. Portanto, essa remasterização chega com poucas melhorias perceptíveis em relação ao que já tínhamos.

Agora o game roda em 4K nativo, com melhorias pontuais em texturas e iluminação, mas nada que justifique um relançamento a preço cheio. Inclusive sempre sinto que essas atitudes da Playstation poderiam ser updates gratuitos para manter o game vivo, e não relançamentos.

A versão definitiva de Days Gone

Ainda assim, não dá para negar que essa é a versão definitiva de Days Gone. Tudo o que funcionava antes agora está mais polido. Os bugs do lançamento sumiram, o desempenho é estável, e a experiência como um todo está muito mais agradável.

Isso é particularmente interessante ao lembrar como foi a estreia do game no PS4: cheia de problemas técnicos, IA quebrada e uma taxa de quadros que despencava nas batalhas contra hordas. Hoje, isso tudo ficou no passado.

Deacon e sua jornada

Rever a história de Deacon St. John sob uma nova perspectiva técnica foi uma grata surpresa. Mesmo anos depois, o personagem ainda convence com seu estilo durão, seu passado militar e a cicatriz emocional deixada pela esposa desaparecida.

Ele carrega o jogo nas costas, e seu relacionamento com a moto continua sendo um dos elementos mais charmosos do game. A moto não é só meio de transporte; ela é extensão do próprio Deacon, e cuidar dela é parte essencial da imersão.

No PS5, cruzar o mundo de Days Gone de moto é mais prazeroso. O tempo de carregamento é praticamente inexistente, o que melhora o ritmo geral da aventura. A customização da moto, os upgrades e a forma como ela reage ao terreno ficaram mais suaves e respondem melhor aos comandos. Se no PS4 a moto dava uma certa trabalheira, agora ela é seu verdadeiro parceiro de estrada.

Mundo aberto e atividades em Days Gone

O mundo aberto de Days Gone sempre foi um dos seus pontos fortes — ainda que um tanto vazio em alguns momentos. A remasterização mantém esse formato, mas não traz novidades significativas em conteúdo. O mapa continua extenso, com uma boa variedade de biomas, inimigos e atividades secundárias, mas ainda há aquela sensação de que poderiam ter preenchido melhor certas áreas. Felizmente, os acampamentos continuam oferecendo boas recompensas e tarefas que ajudam a desenvolver as relações com os personagens.

Vale lembrar também que a sociedade pós-apocalíptica de Days Gone é dividida em grupos distintos e bem caracterizados. As diferentes facções, como os fanáticos religiosos, os nômades hostis e os sobreviventes organizados em acampamentos, continuam dando cor e personalidade ao mundo. A maneira como o jogo apresenta essas diferentes visões sobre o colapso da civilização é interessante e ainda funciona bem anos depois.

Freakers, hordas e ameaças humanas

Quanto aos inimigos, os freakers ainda são a principal ameaça, e suas hordas continuam sendo o destaque do jogo. Enfrentar dezenas ou centenas deles ao mesmo tempo nunca deixou de ser uma das experiências mais intensas dos videogames. É nessa parte que a performance aprimorada do PS5 mais se destaca: as hordas agora são fluidas e não causam mais aqueles travamentos que aconteciam no PS4. As lutas são caóticas, exigem estratégia, preparo e muita calma — e ver tudo funcionando com fluidez só reforça o quão competente essa mecânica sempre foi.

Além dos freakers, os humanos continuam representando uma ameaça real. Emboscadas, armadilhas e confrontos contra outras facções mantêm o jogador sempre alerta. A inteligência artificial, que era um dos maiores problemas na época do lançamento, agora se comporta muito melhor, tornando esses encontros mais desafiadores e críveis, mas ainda tem um pouco do peso da idade do game.

Do ponto de vista da jogabilidade, a remasterização mantém o que já era bom. O sistema de combate é eficiente, o crafting durante o combate é rápido e fluido, e a progressão do personagem, com suas árvores de habilidades, continua interessante. Ainda que o jogo não reinvente a roda, ele entrega um conjunto sólido, e essa versão refina tudo isso com mais estabilidade e responsividade.

Vale a pena essa nova versão de Days Gone?

No geral, a nova versão de Days Gone levanta uma questão importante: ela era realmente necessária? No PS5, talvez não, ainda mais ao ver que algumas cenas até foram alteradas perdendo bastante o impacto, talvez até para se adaptar ao período atual, o que não faz muito sentido.

Quem já jogou a versão com upgrade provavelmente não encontrará novidades suficientes para justificar uma nova compra. Mas, se você nunca jogou ou se é fã do game, esta versão entrega a melhor forma de aproveitar a jornada de Deacon. Mas eu não sei se vale pagar o preço fechado.

E talvez esse seja o maior mérito dessa remasterização: lembrar ao público que Days Gone merecia mais. Mesmo com as críticas do lançamento, o jogo conquistou uma base de fãs que até hoje espera por uma sequência. E, se essa sequência nunca vier, que ao menos essa edição definitiva mantenha viva a memória de uma jornada que merecia ter continuado.

Contudo, como game, Days Gone é muito legal. Mas como um produto essa remasterização, pra mim, é pouco e quase desnecessária. Então a nota abaixo é sobre isso, não sobre o game em si.

Nós recebemos Days Gone Remastered gratuitamente para review e agradecemos à PlayStation Studios e à Bend Studio pela confiança.

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