REN diz que recuperação do apagão teria sido mais rápida com mais centrais em black start
A recuperação do blackout foi feita com base em duas centrais, mas Governo anunciou hoje que vai acrescentar mais duas a este mecanismo para permitir uma recuperação mais rápida.


O administrador da REN – Redes Energéticas Nacionais João Conceição disse hoje que a recuperação da rede elétrica depois do apagão teria sido mais rápida com mais centrais com mecanismo black start.
“Se tivéssemos mais centrais teríamos uma recuperação iniciada em diferentes pontos do país. Ter mais centrais em black start permitiria criar ilhas em redor dessas centrais”, afirmou o responsável em entrevista à “RTP”.
“Ontem tivemos a Tapada do Outeiro para o norte, Castelo do Bode para o sul. O Alqueva permitiria criar uma terceira ilha, e o Baixo Sabor uma quarta ilha”, acrescentou.
João Conceição destacou que Espanha iniciou a sua recuperação com o apoio dos seus países fronteiriços, França e Marrocos.
Já Portugal, como tem apenas fronteira com Espanha, não pode contar com o seu vizinho numa fase inicial, mas a colaboração espanhola ainda veio a tempo de ajudar na recuperação do sistema, explicou.
“Foi um recuperar inicial exclusivamente a partir do território nacional, porque o país de fronteira estava com o mesmo problema. Espanha iniciou a recuperação com o apoio de França e de Marrocos. E depois de alguma estabilização, os espanhóis facilitaram esse apoio” a Portugal, revelou.
Sobre a questão da autonomia com Espanha, João Conceição garantiu que “Portugal não tem um sistema dependente do espanhol”.
Questionado sobre a possibilidade de novo evento semelhante, disse que o país tem de estar preparado e que “situações de risco zero não existem”.
“O sistema elétrico é seguro e resiliente”, garantiu, apontando que o episódio vai permitir tirar “consequências e ilações que permitirão melhorar a resiliência do sistema elétrico”, depois do que foi o maior apagão na Europa nos últimos 20 anos.
O Governo anunciou hoje que quer mais duas centrais com mecanismo black start para reiniciar mais rapidamente o sistema elétrico depois de um apagão: as barragens do Baixo Sabor, detida pelos franceses da Movhera, e a do Alqueva, detida pela EDP.
“Vamos aprofundar todo o procedimento com vista a concretizarmos a função de black start de mais centrais”, disse hoje o primeiro-ministro.
“Se há ilação que podemos tirar é que a central da Tapada do Outeiro e de Castelo de Bode são insuficientes do ponto de vista da rapidez. É preciso um mecanismo que torne mais célere a capacidade de recuperação e superação de uma circunstância como vivemos ontem”, acrescentou em conferência de imprensa, congratulando a capacidade das duas centrais que ontem permitiram que o país voltasse à normalidade após o apagão.
Luís Montenegro também anunciou que o sistema de black start da Tapada do Outeiro vai ser prolongado de março de 2026 até março de 2030 para assegurar a segurança elétrica do país.