Relembre os principais pontos da delação de Mauro Cid no caso Bolsonaro

O ex-braço direito de Bolsonaro detalhou o suposto plano de golpe e as reuniões que envolveram ministros militares, colocando Bolsonaro no centro das tramitações golpistas The post Relembre os principais pontos da delação de Mauro Cid no caso Bolsonaro appeared first on InfoMoney.

Mar 25, 2025 - 19:25
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O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta terça-feira (25), a análise da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados, acusados de tramarem um golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022.

A denúncia inclui acusações de organização criminosa, golpe de Estado, dano ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado.

A denúncia tem como base o relatório da Polícia Federal (PF), que apontou o ex-presidente como líder de um grupo que articulou medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. 

Segundo a Polícia Federal, o plano não teria avançado por falta de apoio dos então comandantes do Exército e da Aeronáutica, Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior, que implicaram Bolsonaro em seus depoimentos.

A delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tem sido um dos pilares centrais das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.

Durante seu depoimento, Cid revelou detalhes cruciais que implicam Bolsonaro em uma trama golpista, principalmente em relação à elaboração de uma minuta de decreto para a criação de um “estado de defesa” no país, como tentativa de reverter o resultado das eleições.

Os pilares da delação de Mauro Cid

Cid afirmou que Bolsonaro alimentava a ideia de permanecer no poder, mesmo após perder as eleições. Para isso, editou uma minuta de decreto que declarava “estado de defesa” no Brasil, visando impedir a posse de Lula como presidente e buscar formas de manter Bolsonaro no cargo. Cid também revelou que o ex-presidente apresentou essa minuta aos chefes militares, como parte de uma tentativa de conquistar o apoio das Forças Armadas para a execução de um golpe.

Cid também revelou que Bolsonaro convocou os chefes militares, como o general Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica), para discutir a minuta de decreto e o plano de golpe. Ambos se recusaram a apoiar o plano golpista, mas Cid afirmou que Bolsonaro insistiu na permanência de apoiadores nos quartéis, como forma de pressionar os militares a aderirem ao golpe. Esse movimento foi uma tentativa de gerar pressão sobre os líderes militares para que aceitassem a ruptura democrática e a intervenção militar.

Outro ponto crucial da delação de Cid foi a revelação de um suposto plano de assassinato envolvendo Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Cid mencionou que o plano, chamado “Punhal Verde”, envolvia ações violentas para impedir a posse de Lula e até a execução de algumas figuras chave do governo. O ex-presidente teria sido conivente com o planejamento de uma ação de extrema violência, que se estendia também a outras figuras políticas do país.

Bolsonaro, em falas públicas, confirmou a existência da minuta de decreto, mencionando-a durante um comício em fevereiro de 2024. Em seu discurso, ele afirmou que a minuta do estado de defesa não representava um golpe, mas uma medida legal de reação contra o resultado das eleições, o que entra em contradição com as intenções descritas por Cid em sua delação e pela própria investigação, que vê a ação como uma tentativa de interferir no processo eleitoral.

Segundo Cid, outros membros do “núcleo golpista” de Bolsonaro, como Walter Braga Netto e Anderson Torres, também tiveram papel ativo na organização financeira do golpe, como parte de uma rede de apoio logístico e estratégico.

Defesas questionam delação

A defesa de Bolsonaro contesta a validade da delação de Cid, afirmando que o depoimento foi obtido sob coação. Eles argumentam que Cid foi pressionado pela Polícia Federal a delatar e que, por conta disso, sua colaboração não pode ser considerada legítima. A defesa também questiona o papel do ministro Alexandre de Moraes, que, segundo eles, teria atuado de forma parcial ao conduzir as negociações do acordo de delação.

O debate sobre a coação de delatores reacende a discussão sobre o instituto da delação premiada, uma prática que ganhou destaque durante a Operação Lava Jato. Durante a Lava Jato, muitos acusados alegaram que as delações foram feitas sob pressão, visando reduzir suas penas, o que gerou críticas sobre a legitimidade das colaborações. Agora, bolsonaristas, que anteriormente eram defensores da Lava Jato, criticam a delação de Cid e questionam a parcialidade do processo, incluindo o trabalho de Alexandre de Moraes no STF.

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