Pochmann afirma que mapa-múndi invertido teve “êxito instantâneo”

Presidente do IBGE diz que versão do mapa gerou debate sobre o Brasil na geopolítica e teve alta procura na biblioteca

Mai 13, 2025 - 02:33
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Pochmann afirma que mapa-múndi invertido teve “êxito instantâneo”

O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, afirmou nesta 2ª feira (12.mai.2025) que a versão invertida do mapa-múndi publicada pelo instituto teve “êxito instantâneo”. O mapa, que posiciona o Brasil no centro e com o sul voltado para cima, foi publicado por Pochmann em seu perfil no X (ex-Twitter) na noite de 4ª feira (7.mai).

Segundo o presidente do IBGE, a publicação gerou um debate imediato sobre a posição do Brasil na nova ordem geopolítica mundial, marcada pelo protagonismo do Sul Global. Pochmann também afirmou que houve alta demanda pelo novo mapa na biblioteca do instituto.

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“A publicação do novo mapa-múndi pelo IBGE alcançou êxito instantâneo, considerando o importante debate aberto e destravado sobre o Brasil diante da nova geopolítica global impulsionada pela emergência do Sul Global”, escreveu.

Entenda

Essa não foi a 1ª vez que o instituto alterou a forma de exibir o mapa-múndi. Em abril de 2024, o IBGE lançou uma versão em que o Brasil também aparecia no centro do mundo, mas sem que o mapa estivesse de ponta-cabeça.

O documento fazia parte da 9ª edição do Atlas Geográfico Escolar. A versão, no entanto, apresentava uma série de erros. Uma sequência trocava os mapas dos períodos Jurássico (o qual diz ter sido há 135 milhões de anos) e Cretáceo (65 milhões de anos) –diferença de 70 milhões de anos. Também trazia informações incorretas sobre a idade, duração dos períodos geológicos e separação dos continentes no planeta. À época, o IBGE reconheceu as falhas e publicou uma errata.

Leia mais sobre os erros neste texto do Poder360.

Gestão de Pochmann no IBGE

Indicado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Pochmann foi nomeado para o cargo em 18 de agosto de 2023. Já presidiu a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e o Instituto Lula. Também foi presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Com visão econômica mais heterodoxa, o chefe do IBGE já fez críticas ao Pix, às reformas trabalhista e previdenciária e defendeu a redução da jornada de trabalho.

A gestão de Pochmann à frente do IBGE tem sido alvo de diversas críticas do AssIBGE (Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE), que acusa o presidente do órgão de “autoritarismo”. Sua atuação no instituto é também criticada internamente por ter supostamente aparelhado o IBGE e feito uma administração mais ideológica.

Funcionários do instituto divulgaram uma carta aberta em janeiro em que afirmam que a gestão “tem sido pautada por posturas autoritárias e desrespeito ao corpo técnico”.

Uma das reclamações é sobre a fundação IBGE+, criada em 2024. A entidade é uma fundação pública de direito privado, vinculada ao IBGE. Os funcionários do órgão a chamam de “IBGE paralelo”.

A fundação foi suspensa em 24 de janeiro pelo governo.

Pochmann participou, em 23 de abril, de uma audiência pública na CTFC (Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle) do Senado. Disse que o IBGE “não está em crise” e “vive um momento democrático.

Ele declarou: “A democracia permite que as pessoas se manifestem. Nós absorvemos e procuramos sofisticar as nossas formas de comunicação para ter um melhor desempenho em relação à casa”.

Pochmann negou que a criação da fundação IBGE+ tenha sido conduzida de forma sigilosa, como afirmam os funcionários. Segundo ele, a proposta surgiu durante o 1º Congresso Nacional dos Servidores do IBGE, realizado em novembro de 2023.

“[O evento] foi precedido de grupos de trabalho, são 9 grupos. Um deles, o grupo número 1, discutiu a questão do financiamento, como melhorar as condições de um orçamento tão restrito”, afirmou.

O presidente do instituto declarou que o IBGE sofreu corte orçamentário e que os custos com pessoal aumentaram nos últimos anos. Ele defendeu que a criação da IBGE+ seria uma das formas de ampliar o orçamento da instituição.