Page Hamilton (Helmet) revela seus discos favoritos

Page Nye Hamilton nasceu em 18 de maio de 1960 em Portland, nos Estados Unidos. Estudou violão na Universidade do Oregon antes de se mudar para Nova York para estudar jazz guitar na Manhattan School of Music

Abr 28, 2025 - 20:13
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Page Hamilton (Helmet) revela seus discos favoritos

entrevista de Luiz Mazetto
foto de Liliane Callegari

Page Nye Hamilton nasceu em 18 de maio de 1960 em Portland, nos Estados Unidos. Estudou violão na Universidade do Oregon antes de se mudar para Nova York para estudar jazz guitar na Manhattan School of Music. Enquanto esteve lá, tocou na orquestra de violões do compositor vanguardista Glenn Branca, interpretando a Sinfonia nº 6 (Devil Choirs at the Gates of Heaven) e juntou-se à banda de noise rock Band of Susans, participando do álbum “Love Agenda” (1989) e da sessão que resultou no álbum “Peel Sessions” (1998) antes de formar seu próprio grupo, o Helmet.

Os primeiros lançamentos do Helmet – vários singles e o álbum “Strap It On”, de 1990 – saíram pela Amphetamine Reptile Records, mas em 1991 a banda assinou com a Interscope Records, responsável por três álbuns que são clássicos na discografia da banda: “Meantime” (1992), “Betty” (1994) e “Aftertaste” (1997). Da tríade, o destaque é, sem dúvida, “Meantime”, principal sucesso comercial da banda, tendo alcançado a marca de disco de ouro e, ainda, uma indicação ao Grammy na categoria Melhor Performance de Metal em 1993.

Em conversa especial com Luiz Mazetto para o Scream & Yell (que você pode ler na integra aqui), Page Hamilton lista os discos favoritos de sua vida, uma compilação que lista clássicos do rock e do jazz, e algumas surpresas. Hamilton revela ainda a influência dos primos em seu gosto musical, e adianta que foi convidado para um projeto da marca de instrumentos musicais Gibson em homenagem à Tony Iommi do Black Sabbath. “Eu ainda não respondi, mas claro que vou fazer. Porque é tipo… o maior riff de heavy metal de todos os tempos. É perfeito”, diz. Conheça seus discos favoritos!

Entrevista: Page Hamilton fala sobre a carreira do Helmet em conversa com Luiz Mazetto

Luiz Mazetto – Gostaria que você me dissesse três discos que mudaram a sua vida e por quê. Não precisam ser os únicos três, porque eu sei que isso é impossível — mas três dos discos.
Page Hamilton – Ah… bom, tem que ser, tem que ser o “Led Zeppelin IV” (1971). Esse foi o disco que me fez querer tocar guitarra. “Stairway to Heaven” e “Black Dog”. “Black Dog” foi a primeira música que eu ouvi e aquilo explodiu minha cabeça. Ainda explode, na verdade — é um álbum perfeito. Então esse, com certeza.

Depois, eu diria o “Kind of Blue” (1959), do Miles Davis, porque foi ali que eu descobri Bill Evans, John Coltrane, Cannonball Adderley, Miles, Philly Joe Jones, Paul Chambers… toda aquela banda. E aí eu acabei comprando discos de cada um daqueles caras. Isso meio que expandiu meu conhecimento de jazz.

E, por fim, eu diria “A Love Supreme” (1965), do John Coltrane, porque esse disco… acho que é talvez o maior exemplo de… a gente poderia chamar de modal jazz, né? Ele pegou aquele conceito do “Kind of Blue” e compôs essa suíte musical que é tão poderosa, emocional… tecnicamente é complicado? Sim, o que ele faz ali é de outro mundo. Mas você não precisa ter um diploma em jazz pra entender. Você pode simplesmente colocar pra tocar e absorver aquela energia, aquela força, aquela paixão. E pra mim, isso é o que a música deveria ser — você fechar os olhos, ouvir e ser levado pra outro lugar. Esse disco, pra mim, ainda é uma das experiências mais especiais. Ele tem, sei lá, uns 20, 30 minutos, lado A e B. Então, acho que esses três.

Mas claro — tem mais uns 20 discos que eu poderia citar. Tipo o primeiro disco do America (de 1971), com “A Horse with No Name”, que mudou minha vida. O “Rubber Soul” (1965), dos Beatles – meus primos tocaram esse disco pra mim e eu fiquei: “O que é isso?!”. Tentando entender. Tem muitos. “Highway to Hell” (1979), “Powerage” (1978) — esses dois do AC/DC eu ouvi tanto que até gastei o vinil. “Sabbath Bloody Sabbath” (1973)… o melhor, o melhor. Aliás, acabei de ser convidado pra participar de um projeto sobre o Tony Iommi. A Gibson vai fazer um vídeo e me chamaram pra participar. Eu ainda não respondi, mas claro que vou fazer. Porque é tipo… o maior riff de heavy metal de todos os tempos. É perfeito. Então é isso… muito difícil escolher só três, mas aí estão.

Entrevista: Page Hamilton fala sobre a carreira do Helmet em conversa com Luiz Mazetto

–  Luiz Mazetto é autor dos livros “Nós Somos a Tempestade – Conversas Sobre o Metal Alternativo dos EUA” e “Nós Somos a Tempestade, Vol 2 – Conversas Sobre o Metal Alternativo pelo Mundo”, ambos pela Edições Ideal. Também colabora coma a Vice Brasil, o CVLT Nation e a Loud!