Os três fatores que pesaram para o adiamento da análise da urgência do PL da Anistia

Motta anunciou que não vai pautar, na próxima semana, pedido para acelerar tramitação do projeto. Proximidade a Lula, relação com STF e opinião pública influenciaram decisão. Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta, em imagem de 2025 Reuters via BBC A decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e da maioria dos líderes partidários de travar a tramitação da urgência do PL da Anistia foi influenciada por três fatores: uma maior proximidade do presidente Lula aos deputados; o risco de entrar em guerra direta com o Supremo Tribunal Federal (STF); e a opinião da população, que, na maioria, é contra a ideia de deixar impunes quem depredou as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro de 2023. Segundo líderes ouvidos pelo blog, o fato de Lula ter ido nesta quarta-feira (23) à residência oficial da Câmara jantar com Hugo Motta e líderes pesou para que eles consolidassem uma ideia que já vinham amadurecendo. Oposição vai travar pauta da Câmara em reação à decis]ao de Motta sobre PL da Anistia Hugo Motta não queria pautar o requerimento de urgência da anistia e recebeu o apoio pessoal de Lula – que tratou do tema durante o encontro com os deputados. No jantar, o petista disse aos líderes que anistia a quem tentou dar um golpe na democracia brasileira não é um tema prioritário e nem tem apoio da maioria da população brasileira. O presidente reiterou que, para o governo, as prioridades são a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a PEC da Segurança. Lula disse ainda não entender quem defende uma anistia a quem ainda nem foi condenado, citando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Logo depois da saída de Lula, ainda com as palavras do presidente ecoando na residência oficial da Câmara, Hugo Motta fez uma reunião com os líderes presentes ao jantar para tratar do projeto da anistia. Segundo parlamentares ouvidos pelo blog, foi possível nesse momento falar mais abertamente sobre o assunto pelo fato de o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, não estar no jantar. Afinal, como é da oposição, não foi convidado. Todos os presentes se colocaram contra a votação do requerimento de urgência, conforme relatos obtidos pelo blog. Pesou ainda, segundo os participantes da reunião, a avaliação de que aprovar o requerimento de urgência de uma anistia seria o mesmo que declarar guerra ao STF, em um momento em que a Corte analisa ações penais contra os mentores e planejadores da tentativa de golpe no país. Por fim – e não menos importante – não era possível atender apenas o desejo dos bolsonaristas, enquanto a maioria da população é contra a anistia aos golpistas de 8 de janeiro. A decisão tomada nesta quinta-feira (24) por Motta não significa que o debate está engavetado. Houve uma avaliação entre os líderes que é preciso discutir o tamanho das penas que estão sendo aplicadas contra os golpistas. Em alguns casos, aqueles considerados menos graves, a maioria dos líderes presentes defendeu uma redução das penas. O que não está definido é como dar encaminhamento a essa proposta, o que ficará para ser discutido na próxima semana.

Abr 24, 2025 - 22:35
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Os três fatores que pesaram para o adiamento da análise da urgência do PL da Anistia

Motta anunciou que não vai pautar, na próxima semana, pedido para acelerar tramitação do projeto. Proximidade a Lula, relação com STF e opinião pública influenciaram decisão. Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta, em imagem de 2025 Reuters via BBC A decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e da maioria dos líderes partidários de travar a tramitação da urgência do PL da Anistia foi influenciada por três fatores: uma maior proximidade do presidente Lula aos deputados; o risco de entrar em guerra direta com o Supremo Tribunal Federal (STF); e a opinião da população, que, na maioria, é contra a ideia de deixar impunes quem depredou as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro de 2023. Segundo líderes ouvidos pelo blog, o fato de Lula ter ido nesta quarta-feira (23) à residência oficial da Câmara jantar com Hugo Motta e líderes pesou para que eles consolidassem uma ideia que já vinham amadurecendo. Oposição vai travar pauta da Câmara em reação à decis]ao de Motta sobre PL da Anistia Hugo Motta não queria pautar o requerimento de urgência da anistia e recebeu o apoio pessoal de Lula – que tratou do tema durante o encontro com os deputados. No jantar, o petista disse aos líderes que anistia a quem tentou dar um golpe na democracia brasileira não é um tema prioritário e nem tem apoio da maioria da população brasileira. O presidente reiterou que, para o governo, as prioridades são a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a PEC da Segurança. Lula disse ainda não entender quem defende uma anistia a quem ainda nem foi condenado, citando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Logo depois da saída de Lula, ainda com as palavras do presidente ecoando na residência oficial da Câmara, Hugo Motta fez uma reunião com os líderes presentes ao jantar para tratar do projeto da anistia. Segundo parlamentares ouvidos pelo blog, foi possível nesse momento falar mais abertamente sobre o assunto pelo fato de o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, não estar no jantar. Afinal, como é da oposição, não foi convidado. Todos os presentes se colocaram contra a votação do requerimento de urgência, conforme relatos obtidos pelo blog. Pesou ainda, segundo os participantes da reunião, a avaliação de que aprovar o requerimento de urgência de uma anistia seria o mesmo que declarar guerra ao STF, em um momento em que a Corte analisa ações penais contra os mentores e planejadores da tentativa de golpe no país. Por fim – e não menos importante – não era possível atender apenas o desejo dos bolsonaristas, enquanto a maioria da população é contra a anistia aos golpistas de 8 de janeiro. A decisão tomada nesta quinta-feira (24) por Motta não significa que o debate está engavetado. Houve uma avaliação entre os líderes que é preciso discutir o tamanho das penas que estão sendo aplicadas contra os golpistas. Em alguns casos, aqueles considerados menos graves, a maioria dos líderes presentes defendeu uma redução das penas. O que não está definido é como dar encaminhamento a essa proposta, o que ficará para ser discutido na próxima semana.