'Não foi acidente': após morte de passageiro no metrô, grupo faz protesto em frente à estação Campo Limpo, em SP

Grupo fez críticas à concessionária responsável pela operação da Linha 5-Lilás, onde acidente ocorreu na manhã de terça (6). Empresa diz que intensificará campanha de conscientização dos passageiros sobre sinais sonoros de alerta. Protesto em frente a estação Campo Limpo, da linha 5-Lilás, na tarde desta quarta-feira (7) Reprodução/TV Globo Um grupo de manifestantes realizou, na tarde desta quarta-feira (7), um ato pedindo justiça, dignidade e respeito à vida de quem usa o transporte público de São Paulo. A ação ocorreu em frente à estação Campo Limpo, da Linha 5-Lilás, onde um passageiro morreu na manhã de terça (6), após ficar preso entre as portas do trem e da plataforma. A manifestação foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). "Nós sentimos na pele o que é pegar o metrô lotado todos os dias sem um pingo de segurança. Por que só agora vão colocar o sensor? Porque agora teve uma vítima fatal. Isso é irresponsabilidade", afirmou uma manifestante. Vão entre trem e a porta da plataforma da ViaMobilidade não tem sensor anti-acidente Durante o ato, o grupo criticou a concessionária responsável pela operação da linha em questão, a ViaMobilidade, relembrando falhas registradas nas linhas comandadas pela empresa no período sob sua administração. Na hora do acidente, por volta das 8h, as plataformas da estação estavam lotadas. Após morte de passageiro, barreira será instalada para tapar espaço entre porta e trem da Linha 5-Lilás; especialista aponta erro de projeto A ViaMobilidade foi procurada pela TV Globo para se manifestar sobre o protesto, mas não encaminhou resposta até a última atualização desta reportagem. Segundo a concessionária informou em notas na terça, o trem só partiu da estação porque ambas as portas - do vagão e da plataforma - estavam fechadas, portanto, o sistema de sensores da composição não indicou falha, como aconteceria caso uma porta estivesse aberta. A ViaMobilidade também afirmou que vai intensificar campanhas para os passageiros respeitarem os alertas visuais e sonoros de fechamento das portas. "Filme de terror, pessoas começaram a gritar", diz testemunha de acidente com homem que morreu no metrô Morte no transporte Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno tinha 35 anos e faria aniversário no próximo domingo, 11 de maio, Dia das Mães. Morador de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, ele era casado e tinha três filhos: uma menina de 17 anos do primeiro casamento e um casal, de 5 e 4 anos, do segundo casamento. O passageiro trabalhava como repositor de supermercado e dava aulas particulares de natação, além de cursar Educação Física. Ele usava o metrô todos os dias para se locomover na cidade. Lourivaldo tinha o mesmo nome do pai. Eles moravam a poucos quilômetros um do outro e se falaram pela última vez no domingo. O plano deles era comemorar o aniversário no próximo final de semana com um churrasco. "Ele era um cara forte, o dobro de mim, estruturado fisicamente, esperto também para morrer prensado em uma porta. Isso não entra na minha mente, até agora não quis entrar na minha mente e não vai entrar tão fácil. Preciso saber o porquê", desabafou o pai da vítima. Nas redes sociais, familiares e amigos também lamentaram a morte de Lourivaldo. Hoje nos despedimos de uma pessoa incrível. Meu primo foi um exemplo de pai, filho e irmão - sempre presente, amoroso, sonhador e cheio de esperança. Tinha um coração imenso e tratava todos com uma educação e gentileza que marcavam. Sua ausência deixa um vazio, mas a sua memória viverá para sempre em nossos corações. O velório está previsto para esta quinta-feira (8) no Cemitério da Saudade, em Taboão da Serra.

Mai 8, 2025 - 00:16
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'Não foi acidente': após morte de passageiro no metrô, grupo faz protesto em frente à estação Campo Limpo, em SP

Grupo fez críticas à concessionária responsável pela operação da Linha 5-Lilás, onde acidente ocorreu na manhã de terça (6). Empresa diz que intensificará campanha de conscientização dos passageiros sobre sinais sonoros de alerta. Protesto em frente a estação Campo Limpo, da linha 5-Lilás, na tarde desta quarta-feira (7) Reprodução/TV Globo Um grupo de manifestantes realizou, na tarde desta quarta-feira (7), um ato pedindo justiça, dignidade e respeito à vida de quem usa o transporte público de São Paulo. A ação ocorreu em frente à estação Campo Limpo, da Linha 5-Lilás, onde um passageiro morreu na manhã de terça (6), após ficar preso entre as portas do trem e da plataforma. A manifestação foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). "Nós sentimos na pele o que é pegar o metrô lotado todos os dias sem um pingo de segurança. Por que só agora vão colocar o sensor? Porque agora teve uma vítima fatal. Isso é irresponsabilidade", afirmou uma manifestante. Vão entre trem e a porta da plataforma da ViaMobilidade não tem sensor anti-acidente Durante o ato, o grupo criticou a concessionária responsável pela operação da linha em questão, a ViaMobilidade, relembrando falhas registradas nas linhas comandadas pela empresa no período sob sua administração. Na hora do acidente, por volta das 8h, as plataformas da estação estavam lotadas. Após morte de passageiro, barreira será instalada para tapar espaço entre porta e trem da Linha 5-Lilás; especialista aponta erro de projeto A ViaMobilidade foi procurada pela TV Globo para se manifestar sobre o protesto, mas não encaminhou resposta até a última atualização desta reportagem. Segundo a concessionária informou em notas na terça, o trem só partiu da estação porque ambas as portas - do vagão e da plataforma - estavam fechadas, portanto, o sistema de sensores da composição não indicou falha, como aconteceria caso uma porta estivesse aberta. A ViaMobilidade também afirmou que vai intensificar campanhas para os passageiros respeitarem os alertas visuais e sonoros de fechamento das portas. "Filme de terror, pessoas começaram a gritar", diz testemunha de acidente com homem que morreu no metrô Morte no transporte Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno tinha 35 anos e faria aniversário no próximo domingo, 11 de maio, Dia das Mães. Morador de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, ele era casado e tinha três filhos: uma menina de 17 anos do primeiro casamento e um casal, de 5 e 4 anos, do segundo casamento. O passageiro trabalhava como repositor de supermercado e dava aulas particulares de natação, além de cursar Educação Física. Ele usava o metrô todos os dias para se locomover na cidade. Lourivaldo tinha o mesmo nome do pai. Eles moravam a poucos quilômetros um do outro e se falaram pela última vez no domingo. O plano deles era comemorar o aniversário no próximo final de semana com um churrasco. "Ele era um cara forte, o dobro de mim, estruturado fisicamente, esperto também para morrer prensado em uma porta. Isso não entra na minha mente, até agora não quis entrar na minha mente e não vai entrar tão fácil. Preciso saber o porquê", desabafou o pai da vítima. Nas redes sociais, familiares e amigos também lamentaram a morte de Lourivaldo. Hoje nos despedimos de uma pessoa incrível. Meu primo foi um exemplo de pai, filho e irmão - sempre presente, amoroso, sonhador e cheio de esperança. Tinha um coração imenso e tratava todos com uma educação e gentileza que marcavam. Sua ausência deixa um vazio, mas a sua memória viverá para sempre em nossos corações. O velório está previsto para esta quinta-feira (8) no Cemitério da Saudade, em Taboão da Serra.