Mulheres no Lolla: as instrumentistas que roubaram a cena no festival
Quem se aventurou pelos palcos do Lollapalooza, no último final de semana de março, se deparou com uma boa novidade: mais mulheres se destacaram como instrumentistas. Saiba mais sobre algumas delas. The post Mulheres no Lolla: as instrumentistas que roubaram a cena no festival appeared first on NOIZE | Música do site à revista.

Quem se aventurou pelos palcos do Lollapalooza, no último final de semana de março, se deparou com uma boa novidade: mais mulheres foram vistas nos palcos, não só como headliners, mas também como instrumentistas de apoio. Elas se destacaram nas guitarras, baixos ou baquetas de shows como os de Jão, Olivia Rodrigo, Marina Lima, Drik Barbosa, Marina Peralta e Tool.
É um fato a se comemorar, levando em conta que nem sempre os festivais deram espaço às mulheres. Em entrevista à Noize, as integrantes da banda punk Charlotte Matou um Cara lembraram algumas situações de machismo: como quando foram convidadas a tocar em um festival, mas ao checar o line up, perceberam que eram as únicas mulheres. Isso fez com que elas declinassem o convite na hora.
“Os festivais precisam dar valor para as mulheres na música, não apenas no palco, mas no backstage, técnica, etc”, declarou Dori, antes de subirem ao palco do Lollapalooza. “Não estamos aqui para cumprir uma cota, mas para puxar outras”. E isso vale também para músicos LGBTQIA+ e outras minorias.
Charlotte Matou um Cara leva “festa punk” feminista para o Lollapalooza
Entre as compositoras, as mulheres também são minoria. Em 2024, o número de associadas no Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) foi 17%, aquém do esperado para uma igualdade de gênero no mercado, ainda que o número de cadastradas venha crescendo a cada ano. Entre as musicistas e produtoras titulares de canções, o número cai para 5%, segundo dados de 2021.
Mudar essa realidade é, também, valorizar o corre das mulheres nos palcos e fora deles. Confira abaixo 8 destaques femininos que brilharam no Lolla 2025:
Sthé Araújo (Marina Peralta)
Antes de participar do show de Marina Peralta, a paulistana integrou bandas de apoio de Céu, Jorge Du Peixe, além de ter tocado na Espetacular Charanga do França, banda que impulsionou o carnaval de rua de São Paulo. Hoje, embarca na empreitada de produtora e diretora musical em Bitita: As Composições de Carolina Maria de Jesus. O disco, que costura percussão e coro, apresenta releituras de composições de Carolina Maria de Jesus — sim, a escritora de Quarto de Despejo também se enveredou pela música, e Sthé busca resgatar essa memória em seu novo trabalho.
Victória dos Santos (Drik Barbosa)
Ainda no time das percursionistas, Victoria dos Santos ajudou a agitar o público durante o show de Drik Barbosa. A apresentação celebrou mulheres do rap e hip hop que pavimentaram caminhos, de Lauryn Hill a Karol Conká. Filha de artistas, Victoria começou tocando em festejos como Congo Zabandá, Bloco Afro Oriashé e também na Escola de Samba Vai Vai. Hoje, se apresenta com nomes como Jards Macalé e Mandinga Beat. Atualmente, trabalha na divulgação de seu primeiro álbum Lata Orí.
Jéssica Falchi (participação no show do Tool)
Ela dispensa apresentações, mas merece o destaque por participar de um momento único no último dia de festival. Consagrada como guitarrista da Crypta, uma das principais bandas de metal brasileiras, Jéssica Falchi fez uma participação surpresa durante o show do Tool no Lolla, na faixa “Jambi”, do álbum 10,000 Days (2006). Não é comum a banda tocar com outros músicos, então, o convite, feito pelo próprio guitarrista Adam Jones, foi ainda mais especial. Jéssica saiu da Crypta em 2022, mas segue tocando seus projetos solo. Em março, especulou-se que ela entraria para o Mastodon após a saída de Brent Hinds, mas nada foi confirmado.
Arianna Powell , Daisy Spencer, Camila Mora, Moa Munoz, Hayley Brownell (banda da Olivia Rodrigo)
A banda feminina que acompanha Olivia Rodrigo, headliner do primeiro dia de Lolla, é composta por musicistas que, assim como a cantora, são igualmente jovens: Arianna Powell e Daisy Spencer nas guitarras, Camila Mora nos teclados, Moa Munoz no baixo e Hayley Brownell na bateria. Olivia já declarou que escolheu formar uma banda exclusivamente feminina inspirada por ídolas noventistas, como Hole, Sleater-Kinney e L7. E escolheu um time de peso para esta missão: Hayley Brownell é formada em música e dividiu o palco com Conan Gray e Cailin Russo. Já a sueca Moa Munoz (que tocou gravidíssima) é formada em Performance Vocal no Musicians Institute, além de compor para trilhas sonoras.
Alana Aenberg (baixista da banda de Jão)
Apresentar-se com uma atração nacional com tanta influência quanto os gringos não é para qualquer um, mas Alana tira essa de letra. Baixista da banda de Jão (que fez um dos melhores shows do Lolla deste ano), a musicista Iniciou sua trajetória musical aos 13 anos e, desde então, acumulou experiência em diversos gêneros, incluindo metal, rock, bossa nova, funk e soul. Além de integrar a banda de Jão, Alana também toca com a Blitz e colabora com artistas como Thiago Pantaleão, Jade Baraldo e Juliana Linhares.
Sus Vasquez (Benson Boone)
Na categoria hitmaker de Tik Toker, Benson Boone fez uma dos shows mais animados do Lolla. Não tinha como não reparar na banda que ajudava a dar peso à apresentação, com destaque para a guitarrista Sus Vasquez. Ela é colombiana e estudou composição musical e performance em guitarra e jazz. Com presença de palco marcante, já tocou nas bandas de Karol G, Luis Fonsi, Jacob Collier e Billy Porter. Com Boone, toca desde 2022.
Amanda Cunha (guitarrista da banda de Zudizilla)
Zudzilla fez seu próprio “Zudipalooza”. Foi a primeira vez do gaúcho no festival, e ele contou com uma banda potente para acompanhá-lo: PéBeat (bateria), Gabriel Gaiardo (piano), Júlio Lino (baixo), Amanda Cunha (guitarra), DJ Nyack, Lucas Gomes (trompete), Jorginho Neto (trombone). Destaque para a guitarra de Amanda Cunha, que rendeu elogios do público nas redes sociais. Por lá, ela também divide com os seguidores sua rotina musical, ensaios e jams. Vale acompanhar.
Carol Mathias (baixista da banda de Marina Lima)
Carol Mathias já mostrou sua autenticidade na Troá, duo com a baterista Manuella Terra, uma das bandas mais interessantes da nova geração carioca. Elas contam com dois discos na bagagem, Eu Não Morreria Sem Dizer (2019) e Deboche (2023), um indie bem brasileiro, com influências de MPB e synthpop, inspirado por cantoras como Letrux e a própria Marina. Além de tocar com Marina na tour “Rota 69”, Carol também já tocou com Leoni.
Marina Lima já expressou sua admiração pela colega: “Carols, acho que nem imaginam como foi importante a chegada de vocês na minha praia. A onda de talento e psique feminina que vocês derramam…”, escreveu nas redes sociais, citando também a dançarina Carol Rangel.
Com essa declaração, Marina Lima mostra que, mais uma vez, trata-se de uma puxando a outra: é assim que mais espaços serão conquistados.
Confira a cobertura da Noize no Lollapalooza 2025.
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