Mauricio de Sousa critica uso de inteligência artificial para imitar Turma da Mônica
Estúdio do artista destaca proteção legal das criações e defende IA como ferramenta de apoio, não substituição artística


Imagens viralizaram nas redes
O MSP Estúdio, antigo Mauricio de Sousa Produções, divulgou nota nesta terça-feira (8/4) se posicionando contra o uso de inteligência artificial para criar reproduções visuais baseadas nos personagens da “Turma da Mônica”. A manifestação oficial veio após imagens geradas pelo ChatGPT com traços similares aos dos quadrinhos de Mauricio de Sousa viralizarem nas redes sociais nos últimos dias.
Na nota, a empresa afirmou reconhecer “o valor da inteligência artificial como ferramenta de experimentação e inovação”, mas reforçou que “ela deve atuar como apoio, e não substituição, à criação artística”. O texto destaca ainda que qualquer uso de elementos relacionados à Turma da Mônica está protegido por leis de direito autoral e propriedade intelectual.
Artistas brasileiros na base de dados da Midjourney
O debate ganhou força após a divulgação de que a empresa Midjourney, especializada em IA generativa, utilizou como base de treinamento uma lista com mais de 16 mil nomes de artistas, incluindo os brasileiros Mauricio de Sousa e Henfil. A informação consta em ação obtida pelo Estadão, que levou o caso ao departamento jurídico da MSP.
Na ocasião, o desenhista José Alberto Lovetro, conhecido como Jal e assessor pessoal de Mauricio de Sousa, afirmou que os advogados estavam analisando a situação. Ele também representou a Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) e disse que, naquele momento, a empresa aguardava avanços na legislação brasileira para definir seus próximos passos.
Debate sobre regulamentação no Congresso
A discussão sobre uso de IA e direitos autorais aguarda deliberação da Câmara dos Deputados. O Projeto de Lei 2338, já aprovado no Senado, prevê transparência das plataformas quanto às fontes usadas em suas bases de dados e discute se conteúdos criados por IA podem ser utilizados por publicações científicas e jornalísticas sem incidência de direitos autorais.
Preocupado com o uso indevido da obra de seu pai, o filho e curador do legado de Henfil, Ivan Cosenza de Souza, procurou Jal para propor uma ação conjunta contra a Midjourney. Os dois representantes decidiram aguardar o andamento da tramitação do PL antes de qualquer medida legal mais incisiva.
Nota do MSP Estúdios
“A MSP Estúdios acompanha de forma atenta o debate que vem ganhando força nas redes sociais sobre a utilização de ferramentas de inteligência artificial na criação de imagens e quadrinhos inspirados no universo da Turma da Mônica. Temos ciência de que esse é um caminho sem volta: a IA é uma tecnologia poderosa, que vem se estabelecendo como uma aliada de processos criativos em diversas frentes da indústria cultural.
Reconhecemos o valor da inteligência artificial como ferramenta de experimentação e inovação, mas reforçamos que ela deve atuar como apoio, e não substituição, à criação artística. Quando tenta reproduzir o traço da Turma da Mônica, a IA apenas ecoa, de forma limitada, uma linguagem visual única, construída ao longo de décadas pelos artistas da MSP Estúdios. Mais do que um estilo, esse traço carrega narrativas, emoções e a sensibilidade humana, algo que nenhum algoritmo consegue replicar por completo.
A MSP Estúdios reforça que o uso de qualquer elemento relacionado aos personagens está protegido por leis de direito autoral e propriedade intelectual. Não autorizamos a criação de conteúdos que violem esses direitos, nem admitimos associações com discursos de ódio, desinformação ou práticas que contrariem os valores da empresa. Há mais de 60 anos, defendemos a ética e o compromisso com a cultura e agiremos sempre que esses princípios forem desrespeitados.
Seguimos comprometidos com o desenvolvimento tecnológico e artístico do nosso setor, dialogando com novas possibilidades, mas sempre com responsabilidade e respeito à arte, ao público e ao legado construído por nossos artistas.”