Mais de 20 milhões de mulheres relatam algum tipo de violência no último ano; uma em cada duas diz ter passado por assédio

A pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública constatou também que a maioria das vítimas ficou em silêncio. Mais de 20 milhões de mulheres sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses no Brasil Mais de 20 milhões de mulheres relataram algum tipo de violência no último ano. E este é um dos muitos indicadores alarmantes da nova pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Uma mulher que mudou de cidade para sobreviver. Ela apanhou tanto do pai do primeiro filho que foi parar no hospital e ele, na cadeia. "Ele me agrediu muito, me jogava no chão, me arrastava no asfalto, e ele me bateu até na frente do meu filho. Eu parei no hospital, perdi meu emprego devido a tanta agressão”, conta. Quase seis anos depois, decidiu começar outro relacionamento. Novamente o homem se mostrou violento. “Me humilhava, ele me xingava, ele me mandava embora, e eu grávida”, diz. A pesquisa Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, estima que 37,5% das mulheres, de 16 anos ou mais, sofreram violência física, sexual ou psicológica nos últimos 12 meses – o que corresponde a mais de 21 milhões de mulheres. "A gente está diante de um crescimento da violência de gênero, os maiores níveis desde 2017, quando a gente iniciou a pesquisa”, afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Mais de 20 milhões de mulheres relatam algum tipo de violência no último ano; uma em cada duas diz ter passado por assédio Jornal Nacional/ Reprodução Maridos, companheiros ou namorados foram responsáveis por 40% dos episódios violentos. A pesquisa mostrou também que nove em cada dez mulheres foram atacadas ou receberam ofensas na presença de testemunhas. A maioria na frente de amigos ou conhecidos. E o pior: diante dos filhos. Essa foi a história da dona de casa Geane Leite, esfaqueada perto da filha de 21 anos. "Eu queria pedir a separação e ele não aceitava a separação. Saber que meu corpo está todo marcado. Quando você vai no banheiro, você vai tomar um banho, você saber que tem marcas e faz relembrar tudo que você passou”, conta. A pesquisa revelou outro dado assustador: quase 50% das mulheres foram vítimas de assédio sexual no último ano - são mais de 29 milhões de brasileiras. Também o maior número desde o início da série histórica em 2017. O crime de stalking está entre os casos de assédio: 8,5 milhões de mulheres foram ameaçadas e perseguidas repetidas vezes, até mesmo de forma virtual. O que restringiu a liberdade de muitas brasileiras por medo. Mais de 20 milhões de mulheres relatam algum tipo de violência no último ano; uma em cada duas diz ter passado por assédio Jornal Nacional/ Reprodução E, pela primeira vez, a pesquisa verificou quem teve a intimidade exposta de forma indevida: mais de 1,5 milhão de mulheres foram vítimas de vazamentos de fotos e vídeos íntimos. A pesquisa constatou também que a maioria das vítimas ficou em silêncio. As denúncias de assédio e violência ainda são deixadas de lado. Nos últimos 12 meses, menos de 26% das mulheres procuraram órgãos oficiais para dizer quem foram os agressores. Há medo, vergonha. A subnotificação desses crimes ainda é uma realidade. "É muito importante que nós, enquanto sociedade, façamos um pacto de não silêncio, um pacto de não silenciamento diante de tantas violências que meninas e mulheres estão vulneráveis. Enquanto nós continuarmos coniventes e silenciando, mais mulheres vão continuar sofrendo violência e, pior, muitas dessas mulheres acabarão sendo vítimas fatais dessa violência”, afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O ex-marido da Geane foi preso em flagrante depois de esfaqueá-la. Ela pede que as vítimas não se calem: "Que não aceite passar por tudo isso, que não aceite ser xingada, que não aceite ser ameaçada, que se cuide para não chegar onde eu cheguei”. LEIA TAMBÉM 92% das agressões contra mulheres ocorreram diante de testemunhas, diz pesquisa 21,4 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, diz pesquisa 1,5 milhão de mulheres tiveram fotos ou vídeos íntimos divulgados sem seu consentimento nos últimos 12 meses

Mar 11, 2025 - 02:10
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Mais de 20 milhões de mulheres relatam algum tipo de violência no último ano; uma em cada duas diz ter passado por assédio

A pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública constatou também que a maioria das vítimas ficou em silêncio. Mais de 20 milhões de mulheres sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses no Brasil Mais de 20 milhões de mulheres relataram algum tipo de violência no último ano. E este é um dos muitos indicadores alarmantes da nova pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Uma mulher que mudou de cidade para sobreviver. Ela apanhou tanto do pai do primeiro filho que foi parar no hospital e ele, na cadeia. "Ele me agrediu muito, me jogava no chão, me arrastava no asfalto, e ele me bateu até na frente do meu filho. Eu parei no hospital, perdi meu emprego devido a tanta agressão”, conta. Quase seis anos depois, decidiu começar outro relacionamento. Novamente o homem se mostrou violento. “Me humilhava, ele me xingava, ele me mandava embora, e eu grávida”, diz. A pesquisa Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, estima que 37,5% das mulheres, de 16 anos ou mais, sofreram violência física, sexual ou psicológica nos últimos 12 meses – o que corresponde a mais de 21 milhões de mulheres. "A gente está diante de um crescimento da violência de gênero, os maiores níveis desde 2017, quando a gente iniciou a pesquisa”, afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Mais de 20 milhões de mulheres relatam algum tipo de violência no último ano; uma em cada duas diz ter passado por assédio Jornal Nacional/ Reprodução Maridos, companheiros ou namorados foram responsáveis por 40% dos episódios violentos. A pesquisa mostrou também que nove em cada dez mulheres foram atacadas ou receberam ofensas na presença de testemunhas. A maioria na frente de amigos ou conhecidos. E o pior: diante dos filhos. Essa foi a história da dona de casa Geane Leite, esfaqueada perto da filha de 21 anos. "Eu queria pedir a separação e ele não aceitava a separação. Saber que meu corpo está todo marcado. Quando você vai no banheiro, você vai tomar um banho, você saber que tem marcas e faz relembrar tudo que você passou”, conta. A pesquisa revelou outro dado assustador: quase 50% das mulheres foram vítimas de assédio sexual no último ano - são mais de 29 milhões de brasileiras. Também o maior número desde o início da série histórica em 2017. O crime de stalking está entre os casos de assédio: 8,5 milhões de mulheres foram ameaçadas e perseguidas repetidas vezes, até mesmo de forma virtual. O que restringiu a liberdade de muitas brasileiras por medo. Mais de 20 milhões de mulheres relatam algum tipo de violência no último ano; uma em cada duas diz ter passado por assédio Jornal Nacional/ Reprodução E, pela primeira vez, a pesquisa verificou quem teve a intimidade exposta de forma indevida: mais de 1,5 milhão de mulheres foram vítimas de vazamentos de fotos e vídeos íntimos. A pesquisa constatou também que a maioria das vítimas ficou em silêncio. As denúncias de assédio e violência ainda são deixadas de lado. Nos últimos 12 meses, menos de 26% das mulheres procuraram órgãos oficiais para dizer quem foram os agressores. Há medo, vergonha. A subnotificação desses crimes ainda é uma realidade. "É muito importante que nós, enquanto sociedade, façamos um pacto de não silêncio, um pacto de não silenciamento diante de tantas violências que meninas e mulheres estão vulneráveis. Enquanto nós continuarmos coniventes e silenciando, mais mulheres vão continuar sofrendo violência e, pior, muitas dessas mulheres acabarão sendo vítimas fatais dessa violência”, afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O ex-marido da Geane foi preso em flagrante depois de esfaqueá-la. Ela pede que as vítimas não se calem: "Que não aceite passar por tudo isso, que não aceite ser xingada, que não aceite ser ameaçada, que se cuide para não chegar onde eu cheguei”. LEIA TAMBÉM 92% das agressões contra mulheres ocorreram diante de testemunhas, diz pesquisa 21,4 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, diz pesquisa 1,5 milhão de mulheres tiveram fotos ou vídeos íntimos divulgados sem seu consentimento nos últimos 12 meses