Liga MEO Surf: "A minha felicidade vem em primeiro lugar"

Há um ano, na praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, Tomás Fernandes regressava ao topo do pódio da Liga MEO Surf.A última vez em que tinha saboreado uma vitória na 1.ª divisão do surf nacional tinha sido em 2019, no Porto. No arranque dessa longínqua temporada, na Ericeira, quebraria o jejum de seis anos sem vencer uma etapa (2013), curiosamente, na “sua” Ericeira.Atleta do Ericeira Surfing Clube, sagrou-se vice-campeão nacional nesse ano antes da pandemia. Alcançou idêntico estatuto na edição passada da Liga MEO durante a qual acrescentou dois triunfos (Figueira e Porto - https://www.instagram.com/p/C51R9RSN7rF/?img_index=1) ao curriculum, seis no total.Hoje, aos 29 anos, Tomás Fernandes continua a ter fome de ganhar. “Quero ganhar na Figueira e se vou fazer o circuito, mais uma vez, o objetivo é ser campeão nacional”, assumiu ao SAPO Desporto na véspera do Allianz Figueira Pro, de 28 a 30.“Tenho surfado bastante, tenho tido muita vontade de surfar, nunca a perdi. É o mais importante e estou confiante”, confessou antes do arranque da 1.º etapa do circuito que apura os campeões nacionais, campeonato de visita ao Cabedelo pela 13.ª vez.À margem da paixão pelo surf e pela competição, deixa uma confissão do lado empreendedor. “Estive um bocadinho mais dedicado à parte empresarial e dos negócios, do que propriamente do surf em si”, revelou.“Tem sido o meu maior foco nos últimos meses. A prioridade número um, pelo menos nesta altura, é a minha escola de surf, na Ericeira”, adiantou o surfista que acumula outras funções. “Também trabalho numa corretora de seguros”, divulgou.$$caption$$Explicou a opção tomada. “Já estou a chegar a uma idade em que, tendo-me afastado das competições internacionais a tempo inteiro há cerca de 6 ou 7 anos (em 2018 fez o último circuito de qualificação a nível global e despediu-se do QS regional, em 2021), tenho também de focar-me um bocado no meu futuro”, justificou.“O modelo de negócio criado permite-me ter essa estabilidade empresarial. Não tenho de estar 100% no trabalho, tenho um sócio que faz a gestão, estou mais na parte funcional, reuniões, dou aulas de surf e faço um pouco de tudo para fazer a empresa andar”, disse. Em paralelo, “consigo também estar no surf e viver do mesmo”, afirmou.Tomás Fernandes cresceu a ver dois surfistas portugueses que chegaram ao circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), Tiago Pires, já retirado e Frederico Morais.“No final do dia, acho que não tem a ver com o trabalho, sacrifício, ou talento, tem mesmo a ver com as pessoas, porque nem todas são iguais”, alertou.“O Kikas e o Tiago, para além de terem muito talento, sacrificaram muita coisa e tiveram muito trabalho. E eu, se calhar, cresci com um mindset diferente”, expôs.“Quando somos pequeninos todos queremos ser campeões, queremos chegar ao CT (circuito mundial), mas a realidade é que não tive uma adolescência, nem eu, nem metade dos atletas que ainda competem, igual, à maior parte dos adolescentes”, recordou. “Já nessa altura, sentia que abdicava e sacrificava muita coisa”, reviveu.“O nível português é excelente, tal como o europeu, mas o nível internacional é excecional”, alertou. “Sei que iria de ter de continuar a sacrificar e abdicar de muitas coisas e optei por não o fazer”, disparou. “A minha felicidade vem em primeiro lugar, e se continuasse a sacrificar, poderia arrepender-me um dia”, rematou.

Mar 28, 2025 - 17:48
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Liga MEO Surf: "A minha felicidade vem em primeiro lugar"

Há um ano, na praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, Tomás Fernandes regressava ao topo do pódio da Liga MEO Surf.
A última vez em que tinha saboreado uma vitória na 1.ª divisão do surf nacional tinha sido em 2019, no Porto. No arranque dessa longínqua temporada, na Ericeira, quebraria o jejum de seis anos sem vencer uma etapa (2013), curiosamente, na “sua” Ericeira.

Atleta do Ericeira Surfing Clube, sagrou-se vice-campeão nacional nesse ano antes da pandemia. Alcançou idêntico estatuto na edição passada da Liga MEO durante a qual acrescentou dois triunfos (Figueira e Porto - https://www.instagram.com/p/C51R9RSN7rF/?img_index=1) ao curriculum, seis no total.
Hoje, aos 29 anos, Tomás Fernandes continua a ter fome de ganhar. “Quero ganhar na Figueira e se vou fazer o circuito, mais uma vez, o objetivo é ser campeão nacional”, assumiu ao SAPO Desporto na véspera do Allianz Figueira Pro, de 28 a 30.

“Tenho surfado bastante, tenho tido muita vontade de surfar, nunca a perdi. É o mais importante e estou confiante”, confessou antes do arranque da 1.º etapa do circuito que apura os campeões nacionais, campeonato de visita ao Cabedelo pela 13.ª vez.

À margem da paixão pelo surf e pela competição, deixa uma confissão do lado empreendedor. “Estive um bocadinho mais dedicado à parte empresarial e dos negócios, do que propriamente do surf em si”, revelou.

“Tem sido o meu maior foco nos últimos meses. A prioridade número um, pelo menos nesta altura, é a minha escola de surf, na Ericeira”, adiantou o surfista que acumula outras funções. “Também trabalho numa corretora de seguros”, divulgou.$$caption$$

Explicou a opção tomada. “Já estou a chegar a uma idade em que, tendo-me afastado das competições internacionais a tempo inteiro há cerca de 6 ou 7 anos (em 2018 fez o último circuito de qualificação a nível global e despediu-se do QS regional, em 2021), tenho também de focar-me um bocado no meu futuro”, justificou.

“O modelo de negócio criado permite-me ter essa estabilidade empresarial. Não tenho de estar 100% no trabalho, tenho um sócio que faz a gestão, estou mais na parte funcional, reuniões, dou aulas de surf e faço um pouco de tudo para fazer a empresa andar”, disse. Em paralelo, “consigo também estar no surf e viver do mesmo”, afirmou.

Tomás Fernandes cresceu a ver dois surfistas portugueses que chegaram ao circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), Tiago Pires, já retirado e Frederico Morais.

“No final do dia, acho que não tem a ver com o trabalho, sacrifício, ou talento, tem mesmo a ver com as pessoas, porque nem todas são iguais”, alertou.

“O Kikas e o Tiago, para além de terem muito talento, sacrificaram muita coisa e tiveram muito trabalho. E eu, se calhar, cresci com um mindset diferente”, expôs.

“Quando somos pequeninos todos queremos ser campeões, queremos chegar ao CT (circuito mundial), mas a realidade é que não tive uma adolescência, nem eu, nem metade dos atletas que ainda competem, igual, à maior parte dos adolescentes”, recordou. “Já nessa altura, sentia que abdicava e sacrificava muita coisa”, reviveu.

“O nível português é excelente, tal como o europeu, mas o nível internacional é excecional”, alertou. “Sei que iria de ter de continuar a sacrificar e abdicar de muitas coisas e optei por não o fazer”, disparou. “A minha felicidade vem em primeiro lugar, e se continuasse a sacrificar, poderia arrepender-me um dia”, rematou.