Kremlin diz que reunião entre Trump e Putin é necessária, mas não há planos de viagem ao Oriente Médio

O governo da Rússia afirmou nesta segunda-feira, 6, que considera necessária uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas indicou que ainda não há planejamento para uma viagem de Putin ao Oriente Médio.

A declaração foi feita pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em resposta às recentes declarações de Trump sobre a possibilidade de um encontro entre os dois líderes.

Trump mencionou, no fim de semana, que ele e sua equipe mantiveram “discussões muito boas” sobre Rússia e Ucrânia nos últimos dias. Segundo ele, uma reunião com Putin está sendo considerada, possivelmente durante uma visita programada à Arábia Saudita ainda neste mês.

Questionado por jornalistas sobre essas declarações, Peskov confirmou que o Kremlin tem conhecimento das especulações, mas afirmou que não há nenhuma viagem agendada de Putin ao Oriente Médio.

“Essa reunião está claramente na boca de todos. E, em muitos aspectos, achamos que ela é certamente necessária”, afirmou o porta-voz.

“Ela precisa ser preparada adequadamente e exige esforços em vários níveis de especialistas”, completou, referindo-se à necessidade de articulação técnica e diplomática entre Moscou e Washington.

Apesar do reconhecimento da importância de um possível encontro, Peskov esclareceu que ainda não há “detalhes específicos” sobre sua realização.

A viagem de Trump à região está prevista para os próximos dias, com paradas confirmadas na Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos.

Segundo o site Axios, o presidente norte-americano participará de uma cúpula com líderes do Golfo, onde pretende discutir segurança regional, energia e negociações multilaterais envolvendo conflitos em curso, entre eles a guerra na Ucrânia.

Desde sua volta à presidência dos Estados Unidos, Trump tem prometido priorizar a negociação de um acordo para encerrar o conflito entre Rússia e Ucrânia. Durante a campanha eleitoral, ele declarou que conseguiria “resolver a guerra em 24 horas” caso fosse eleito. Desde então, manteve contato regular com líderes estrangeiros e com o próprio Putin.

Embora ainda não tenham se encontrado pessoalmente desde a posse de Trump em janeiro, os dois chefes de Estado já conversaram por telefone diversas vezes ao longo do ano. Segundo fontes do governo norte-americano, os contatos foram utilizados para discutir possíveis canais de diálogo que envolvam os dois países e atores europeus.

A última reunião presencial entre Putin e um presidente dos Estados Unidos ocorreu em junho de 2021, em Genebra, quando ele se encontrou com Joe Biden, então chefe da Casa Branca. Desde então, as relações entre os dois países deterioraram-se ainda mais, principalmente após o início da invasão da Ucrânia pelas forças russas, em fevereiro de 2022.

Com o retorno de Trump ao poder em 2025, a diplomacia russa tem buscado reaproximação com Washington, diante das mudanças na condução da política externa norte-americana.

A administração Trump tem adotado tom menos crítico em relação ao Kremlin, ao mesmo tempo em que defende uma abordagem mais direta para a resolução do conflito no leste europeu.

Analistas políticos apontam que a possibilidade de uma cúpula entre Trump e Putin está sendo tratada com cautela pelas autoridades russas. A ausência de uma agenda definida para a visita de Putin à região e a falta de confirmação oficial por parte do Kremlin indicam que os termos de uma eventual reunião ainda estão em fase inicial de negociação.

Fontes próximas ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmam que, embora haja interesse por parte de Moscou, a realização de uma reunião dependerá de alinhamentos prévios entre as equipes diplomáticas e de segurança dos dois governos.

Interlocutores do Kremlin indicam que temas como cessar-fogo na Ucrânia, retomada de acordos estratégicos e reconfiguração das sanções devem fazer parte da pauta, caso o encontro se concretize.

No cenário internacional, a expectativa é de que qualquer diálogo entre os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos possa sinalizar uma nova etapa nas negociações multilaterais sobre o fim da guerra.

A Arábia Saudita, anfitriã da cúpula do Golfo, tem buscado se posicionar como mediadora regional e já sediou outras rodadas de conversas diplomáticas sobre a crise na Ucrânia em 2023 e 2024.

A Casa Branca ainda não confirmou oficialmente se Trump buscará se reunir com Putin durante sua passagem pela região. Representantes do Departamento de Estado afirmaram apenas que o presidente norte-americano “mantém abertos todos os canais de diálogo relevantes para alcançar uma solução sustentável para o conflito”.

O Kremlin, por sua vez, reiterou que está aberto à discussão e que continuará mantendo contatos técnicos com os Estados Unidos nas próximas semanas. Até o momento, não há data prevista para um possível encontro presencial entre os dois presidentes.

Com informações da Reuters

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