Israel tenta sabotar negociações diretas entre EUA e Hamas

Relatos da mídia hebraica indicam que Israel tem tentado obstruir negociações diretas entre representantes do Hamas e autoridades do governo dos Estados Unidos.

Segundo o analista Ronen Bergman, do jornal Yedioth Ahronoth, fontes americanas afirmam que Tel Aviv busca “sabotar” os diálogos realizados em Doha, no Catar.

O relatório aponta que autoridades dos EUA viajaram à capital catariana para discutir com representantes do Hamas a libertação de prisioneiros israelenses com cidadania americana.

Segundo as fontes, Israel não foi informado previamente sobre o encontro e se opõe ao canal direto de comunicação entre Washington e o grupo palestino, temendo que isso leve a avanços nas negociações sobre o futuro de Gaza sem sua participação.

Reações de Israel e dos Estados Unidos

Uma fonte oficial declarou ao Times of Israel que “Jerusalém não está feliz com as conversas diretas EUA-Hamas”. Segundo a mesma fonte, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu só tomou conhecimento das negociações após a mídia divulgar informações sobre os encontros.

De acordo com o portal Ynet, os EUA optaram por não comunicar Israel sobre as tratativas entre o enviado americano Adam Boehler e o Hamas, devido à pressão exercida por Israel para impedir reuniões anteriores.

O vazamento da informação para a imprensa teria sido uma tentativa de dificultar o avanço dessas negociações.

Em 6 de março, o ex-presidente Donald Trump comentou sobre as tratativas, afirmando que seu governo buscava intermediar as discussões para a libertação de reféns israelenses sem realizar concessões diretas ao Hamas.

“Estamos ajudando Israel nessas discussões porque estamos falando sobre reféns israelenses. Não estamos fazendo nada em termos do Hamas. Não estamos dando dinheiro. Você tem que negociar. Há uma diferença entre negociar e pagar. Queremos tirar essas pessoas de lá”, declarou Trump.

Propostas de cessar-fogo e impasses

Segundo um relatório do Axios, publicado em 5 de março, as negociações entre EUA e Hamas envolvem não apenas a libertação de cidadãos americanos, mas também a possibilidade de um acordo mais amplo para o fim da guerra em Gaza.

Na sexta-feira, o Washington Post divulgou que Trump propôs ao Hamas a libertação de prisioneiros israelenses vivos, incluindo o soldado americano-israelense Edan Alexander, em troca de uma extensão de cessar-fogo de dois meses e a libertação de prisioneiros palestinos. O Hamas ainda não respondeu à proposta.

Fontes do jornal Israel Hayom afirmam que “Israel está muito preocupado” com os desdobramentos dessas negociações.

Israel teria apresentado novas exigências para a primeira fase do cessar-fogo, dificultando o avanço do acordo e buscando assegurar a libertação do maior número possível de cativos antes de aceitar um compromisso formal.

O Hamas rejeitou essas condições e defendeu a adesão estrita ao acordo previamente estabelecido, pedindo maior pressão internacional sobre Israel.

Situação humanitária e fornecimento de recursos

Tel Aviv também impôs novas restrições à Faixa de Gaza, incluindo cortes no acesso à ajuda humanitária. Além disso, o governo israelense avalia a possibilidade de suspender o fornecimento de água e eletricidade para a região.

Enquanto isso, os Estados Unidos aprovaram a venda de um grande volume de armamentos para Israel durante o cessar-fogo. O governo israelense mantém a posição de que não aceitará um desfecho que não envolva o desmantelamento completo do Hamas, aumentando as tensões sobre uma possível retomada do conflito.

Com informações do The Cradle

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