Infraestruturas de Portugal passa de prejuízos a lucros de 124 milhões em 2024

A Infraestruturas de Portugal terminou o ano com Resultado Líquido de 124 milhões de euros, o que compara com o valor negativo de 19 milhões de euros em 2023. Em termos de grupo consolidado, o lucro foi de 116 milhões.

Abr 24, 2025 - 19:35
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Infraestruturas de Portugal passa de prejuízos a lucros de 124 milhões em 2024

A Infraestruturas de Portugal terminou o ano com Resultado Líquido de 124 milhões de euros, o que compara com o valor negativo de 19 milhões de euros em 2023, “decorrente, fundamentalmente, da aplicação das alterações à legislação fiscal introduzidas pela Lei do Orçamento do Estado (OE) de 2023”, refere no relatório e contas Miguel Campos Cruz, Presidente do Conselho de Administração Executivo.

O ano de 2024 foi marcado pelo forte crescimento do investimento nas redes ferroviária e rodoviária, que ascendeu a 776  milhões de euros representando um aumento de 25% face ao período homólogo de 2023 e o valor mais alto realizado desde 2010.

“O resultado líquido da IP em 2024 fixou-se nos 124 milhões, o que representa uma melhoria de 143 milhões face ao resultado líquido negativo de 19 milhões registado em 2023, principalmente pelo aumento dos rendimentos e por o resultado de 2023 ter sido fortemente
impactado ao nível do gasto com imposto por via de alterações fiscais introduzidas nesse ano”, lê-se no comunicado.

O EBITDA da empresa fixou-se em 545 milhões de euros em 2024,

Em termos de rendimentos operacionais, atingimos em 2024 o montante de cerca de 1.547 milhões de euros, registando um crescimento de 15% face ao ano 2023. A empresa destaca o valor da Consignação do Serviço Rodoviário registado em 2024, no montante de 691 milhões de euros, superior em 49 milhões de euros, quando comparado com o realizado em 2023 (8%).

No que respeita aos gastos operacionais, foram realizados 1218 milhões de euros representando um aumento de cerca de 72 milhões de euros face a 2023.

Em 2024 foi mantida a trajetória de redução do stock de dívida financeira da IP, desta feita com uma redução de 573 milhões, fixando-se este agregado no final de dezembro de 2024 em 3.284 milhões de euros.

“As amortizações realizadas respeitaram ao Eurobond 09/24 de 500 milhões de euros e de empréstimos contraídos junto do BEI em 73 milhões de euros”, refere o documento.

“Destaca-se a manutenção da política de financiamento prosseguida pelo acionista assente na capitalização da Empresa através de operações de aumento de capital que, em 2024, ascenderam a 1.817 milhões, valor que foi utilizado no financiamento do serviço da dívida, de
investimentos ferroviários e de parte dos encargos com as PPP rodoviárias”, acrescenta a nota.

O CEO detalha na sua mensagem que do investimento de 776 milhões de euros, “625 milhões foram destinados à requalificação e modernização da Rede Ferroviária Nacional, sendo que, no âmbito do Programa de Investimentos Ferrovia 2020 foram executados 472 milhões de euros (excluindo projetos faseados cujo financiamento transitou para o QFP 2021/2027)”.

Por outro lado, “no âmbito do PNI 2030 o montante realizado foi de cerca 22 milhões de euros, essencialmente em estudos e projetos. Há ainda a assinalar, 39 milhões de investimento realizado no Sistema Mobilidade do Mondego, sendo os restantes 33 milhões de euros referentes a outros investimentos ferroviários”.

Já no que respeita à Rede Rodoviária Nacional, “o investimento total realizado em 2024 foi de 108 milhões de euros, centrado maioritariamente nos investimentos enquadrados na componente C7 do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) (93 milhões de euros), que se encontram integralmente cobertos por financiamento europeu”.

“Saliento a abertura ao tráfego da Variante à EN248, em Arruda dos Vinhos, do troço do IC35 entre Penafiel e Rans, da EN 14 entre a Via Diagonal, na Maia, e a Interface Rodoferroviária, na Trofa, a conclusão da empreitada de reabilitação do troço da EN229, entre Viseu e Sátão, e a reabertura do troço entre o Km 67+800 e o Km 71+600 da EN344 na Pampilhosa da Serra”, refere o CEO da IP.

Já em relação ao projeto relativo ao novo sistema de cabos submarinos de comunicações eletrónicas entre o continente e as Regiões Autónomas, destaca-se a assinatura entre a IP e a Alcatel Submarine Networks do contrato para Execução da Empreitada para Conceção, Construção, Fornecimento, Instalação, Montagem e Entrada em Exploração do Cabo de Fibra Ótica Submarino de Telecomunicações do novo Atlantic CAM (CAM-Continente Açores Madeira).

Em 2024 foi ainda aprovada a 2ª candidatura apresentada pela IP ao programa CEF Digital, com um financiamento aprovado de 14,3 milhões de euros. “No entanto, o que importa aqui destacar é a execução do projeto, cumprindo o contratualmente planeado e dando uma perspetiva importante quanto à execução deste investimento essencial também por razões de coesão territorial, mas que vai muito para além disso em termos de conectividade, de sustentabilidade e de resiliência”, refere Miguel Cruz.

“Em termos de manutenção e conservação das nossas redes, assinala-se a realização, em 2024, de 142 milhões de euros aplicados na rede rodoviária e de 86 milhões de euros na rede ferroviária”, acrescenta o CEO.

“Assim, o valor total de investimento nas redes rodoviárias e ferroviárias, Anel CAM e adicionado da manutenção, ultrapassou os mil milhões, tendo registado, por isso o valor mais alto dos últimos anos”, conclui.

CEO traça metas para 2025

Em termos do plano de intervenções na rede, “antecipa-se para 2025 e anos seguintes, a continuidade da trajetória de crescimento da atividade de investimento, mantendo-se assim a tendência que se verifica, consecutivamente, desde 2016”, refere Miguel Cruz.

“O ano de 2025 será também um ano muito importante para o projeto da Linha de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa, prevendo-se a assinatura do contrato da PPP do troço entre Porto e Oiã (PPP1), bem como a sequência do concurso da PPP do troço entre Oiã e Soure (PPP2)”, acrescenta.

No domínio rodoviário, em 2025 irá registar-se um crescimento significativo na execução financeira do PRR, garante o CEO.

Recorde-se que o Governo identificou os projetos rodoviários considerados prioritários e determina à IP o desenvolvimento dos estudos e demais ações necessárias à sua concretização.

“Esperamos que o Contrato Programa Ferroviário para o período 2024-2028 possa entrar em vigor em 2025, após conclusão do processo de emissão de visto prévio do Tribunal de Contas”, revela.

Grupo IP com lucros de 116 milhões de euros

A IP tem, atualmente, participação no capital social de três empresas: IP Engenharia (IPE), IP Património (IPP) e IP Telecom (IPT). Estas empresas têm como objetivo otimizar as receitas não-core do Grupo IP.

O Volume de Negócios do Grupo IP atingiu, em 2024, o montante de 1.359 milhões de euros, mais 158 milhões de euros do que em 2023.

O EBITDA ascendeu a 541 milhões o que compara com 446 milhões um ano antes.

O resultado líquido do Grupo IP ascendeu a 116 milhões de euros, o que compara com um prejuízo de 18 milhões um ano antes.