Ibovespa Sobe Mais de 10% em 2025: Euforia ou Otimismo Sustentável?

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. O Ibovespa só voltou a atingir o patamar registrado no fim de agosto de 2024, aos 137 mil pontos, em abril O post Ibovespa Sobe Mais de 10% em 2025: Euforia ou Otimismo Sustentável? apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Mai 8, 2025 - 11:47
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Ibovespa Sobe Mais de 10% em 2025: Euforia ou Otimismo Sustentável?

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

Poucos arriscariam apostar em uma valorização do Ibovespa na virada de 2024 para 2025. Dezembro foi marcado por uma forte turbulência no mercado brasileiro. Uma deterioração da confiança do consumidor na política fiscal levou o dólar acima da casa dos R$ 6 e derrubou a bolsa. Com um cenário incerto e sem grandes catalisadores visíveis, o Ibovespa fechou o ano com uma queda de 10,36%, o pior desempenho desde 2021, quando caiu a 11,93%.

Em 2025, a história é diferente. Atualmente, o Ibovespa sobe dois dígitos e registra uma valorização superior a 11%. Só em abril, o indicador avançou 3,69% e voltou a flertar com os 137 mil pontos — patamar registrado no recorde alcançado no fim de agosto de 2024.

O enfraquecimento do dólar combinado aos dados do crescimento americano vindo abaixo do esperado favorecem o mercado brasileiro. A falta de novidades negativas sobre o andamento do ajuste fiscal, também. Mas o que exatamente está impulsionando a alta do Ibovespa em 2025?

Ibovespa: entendendo o movimento

A euforia da bolsa brasileira se deve, principalmente, ao aumento das incertezas globais —como a guerra comercial de Trump — o que levou muitos investidores a retirarem seus investimentos das bolsas dos EUA, que estão com preços historicamente altos.

Pode parecer contraintuitivo que o aumento das incertezas tenha favorecido o mercado brasileiro, mas o movimento se deve ao capital que está sendo redirecionado para outras regiões, como Europa e países emergentes.

Não é só o Ibovespa. No ano, a bolsa do México acumula alta de 12%, enquanto a da Colômbia atinge 17% e a do Chile 20%. O índice MSCI EM, que representa os mercados emergentes, subiu quase 6% em 2025, e o Euro Stoxx 600, que foca nas maiores empresas europeias, têm ganhos de mais de 5%.

Os dados conhecidos da economia dos EUA, até o momento, também favorecem a B3. Os números do primeiro trimestre mostraram a primeira contração econômica do país desde 2022, com o PIB caindo a uma taxa anualizada de 0,3% no último trimestre e aumentando o temor de recessão. No Brasil, a expectativa é que a economia cresça 2% neste ano.

Mesmo com esse resultado reduzindo as previsões de lucro das empresas americanas, não houve uma reação global de pânico ou fuga de risco, como costuma acontecer em cenários de instabilidade. Isso porque, segundo Luciano Telo, executivo-chefe de investimentos (CIO) para o Brasil no UBS Wealth Management, o impacto maior foi regional — nos EUA —, e não global. O Nasdaq, por exemplo, recua mais de 8% desde janeiro.

O enfraquecimento do dólar também contribui para o bom momento da bolsa brasileira, já que a perspectiva de menor crescimento americano também reduz a atratividade da moeda.

No Brasil, a apreciação do real ajudou a controlar um pouco as expectativas de inflação. De acordo com o boletim Focus, a mediana das projeções para a Selic ao fim de 2025 caiu para 14,75%, após 16 semanas consecutivas em 15,00%. “A perspectiva do fim do ciclo de alta de juros [no país]e a possibilidade de cortes acontecerem antes do esperado ganharam mais tração”, comenta Telo.

Apesar do ambiente fiscal e monetário brasileiro preocupar os investidores, isso, não tem sido um fator tão influente quanto os aspectos internacionais. “O mercado costuma reagir conforme as pautas dominantes do momento, e, atualmente, os desequilíbrios fiscais — tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos — não estão no centro das atenções”, explica o executivo do UBS.

Já para Matheus Amaral, especialista em renda variável do banco Inter, o que tem sustentado o Ibovespa é, principalmente, o bom desempenho das empresas listadas. “Os lucros das companhias continuam sendo um dos pilares para evitar uma queda acentuada da bolsa”, afirma.

Em média, nos últimos três anos, a bolsa brasileira tem segurado seu valuation( avaliação total de seu mercado), com um múltiplo de 7x a 7,5x seu preço/lucro — um dos índices mais utilizados pelos analistas. O número mostra quantas vezes o lucro anual de uma empresa está “embutido” no seu preço atual. Ou seja, o Ibovespa tem sido negociado a um múltiplo de 7 a 7,5 vezes o lucro das companhias listadas.

Esse é um valor historicamente baixo, o que pode indicar que as ações estão baratas em relação aos lucros, mas também pode refletir em desconfiança com o futuro, questionando a sustentabilidade desse “otimismo” na bolsa brasileira.

Confiança além da conta?

De acordo com Amaral, com base nesses lucros, o Ibovespa deveria estar hoje a 140 mil pontos. Por enquanto, as incertezas locais não estão pesando tanto na bolsa, mas pode acabar virando uma bola de neve no futuro. “Se existirem mais aspectos nacionais pessimistas e eles forem sendo acumulados podemos flertar com 6,5x [preço/lucro] que significa um Ibovespa a 121 mil pontos”, aponta o analista do Inter.

Para os especialistas consultados pela Forbes é preciso analisar mais a longo prazo essa real sustentabilidade do Ibovespa. Afinal, a alta depende de uma série de fatores. Um deles é o o real efeito das tarifas de Trump. “Precisamos esperar a possibilidade de anúncio de algum acordo nas tarifas. Por exemplo, um tratado com a China seria favorável para as bolsas em geral”, afirma Telo.

O comportamento das taxas de juros nos Estados Unidos também é outro aspecto. Caso o Federal Reserve (Fed) adote uma postura mais dura contra a inflação, os fluxos de capital podem se inverter, pressionando emergentes como o Brasil.

Com a desaceleração da economia dos EUA e uma inflação mais alta, cresce a preocupação com uma possível nova rodada de revisões para baixo nos lucros das empresas, o que traz incertezas quanto ao potencial de valorização das ações americanas. Consequentemente, espera-se uma diminuição do crescimento mundial, com impacto direto no preço das commodities. “Isso representa uma consequência de segunda ordem da queda no ritmo da economia americana”, explica Luciano Telo, do UBS.

Lucas Serra, analista da Toro Investimentos do Santander, também avalia que ainda é cedo para saber se a recente alta do mercado é sustentável. “Não acredito que os preços irão desabar, dado que o Ibovespa ainda está relativamente barato. Não parece que há riscos sendo ignorados, estamos sendo muito guiados pelo cenário internacional”, diz, salientando que o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2026 trouxe novas exceções nos gastos públicos e não agradou o mercado.

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