Ibovespa deve seguir recuperação das bolsas globais e do petróleo nesta quarta-feira (23); veja os destaques do dia
Mercado internacional reage positivamente após Trump voltar atrás em ameças de "demitir" Powell. Veja mais. O post Ibovespa deve seguir recuperação das bolsas globais e do petróleo nesta quarta-feira (23); veja os destaques do dia apareceu primeiro em Empiricus.

O mercado internacional amanheceu em tom mais ameno nesta quarta-feira (23), embalado por mais uma rodada de recuos da Casa Branca — tanto na frente comercial quanto nos embates institucionais com o Federal Reserve. Primeiro, o governo Trump sinalizou que pretende costurar um acordo com a China e que as tarifas de 145% anunciadas recentemente estão longe de se tornar um patamar permanente. Segundo, o próprio presidente americano recuou de sua retórica da semana passada e declarou não ter a intenção de demitir Jerome Powell, apesar de, dias antes, ter dito exatamente o contrário. O alívio foi imediato. Ativos que haviam sofrido nas sessões anteriores passaram a se recuperar, movimento que se prolonga na abertura de hoje.
Na Europa, os mercados também respiram melhor, impulsionados pelos resultados corporativos — com destaque para a SAP, cujos números positivos ajudaram a consolidar o sentimento de alta. A melhora nos índices europeus acompanha a recuperação vista na Ásia e é reforçada pela valorização dos futuros americanos. Também chama atenção a alta do petróleo, sustentada por novas sanções dos EUA contra o Irã, que reacendem preocupações com a oferta da commodity no curto prazo.
Apesar do respiro, convém manter certa cautela. O padrão errático de ameaças seguidas por recuos — marca registrada do atual governo americano — pode até produzir alívios pontuais, mas tem um custo. A incerteza constante acaba contaminando a confiança de consumidores e empresários, dificultando decisões de investimento, consumo e alocação global. Em suma, o mercado está melhor hoje, mas continua exposto a um ruído institucional que não parece prestes a cessar.
· 00:53 — Eu avisei que eles tinham perdido o timing…
No retorno do feriado, a Bolsa brasileira teve um desempenho positivo, acompanhando a recuperação dos mercados globais após uma nova rodada de recuos vindos de Washington. O Ibovespa voltou a superar os 130 mil pontos, enquanto o dólar cedeu e voltou a ser negociado abaixo de R$ 5,75. Com uma agenda doméstica esvaziada, os ativos locais seguem se guiando pelo humor externo — que, ao menos por ora, permanece construtivo, com alta das bolsas internacionais nesta manhã e um início de dia promissor para o petróleo.
No front político, o ministro Fernando Haddad participa de um evento nesta manhã, mas, como de costume, não se espera qualquer declaração que possa gerar ruído. Mais relevante é o encontro do presidente Lula com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e líderes da Casa, em tentativa de reorganizar sua pauta legislativa e frear o avanço do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A iniciativa acontece em meio ao desgaste crescente de Lula com o Congresso, agravado pela fracassada tentativa de reforma ministerial no início do ano.
Apesar de algumas tentativas recentes de rearranjo da esplanada, os sinais de desarticulação continuam evidentes. A recusa do deputado Pedro Lucas Fernandes em assumir o Ministério das Comunicações escancarou o atrito persistente entre o governo e o União Brasil. Como já antecipado aqui, Lula perdeu o timing político. E agora, os partidos não apenas cobram mais caro pelo apoio, como em alguns casos sequer demonstram interesse — já com os olhos voltados para 2026 e para a possibilidade real de uma inflexão no pêndulo político. A candidatura de Tarcísio de Freitas, que mencionamos com destaque desde o primeiro semestre de 2023, ganha tração à medida que o desgaste do governo se intensifica e as pesquisas mostram um cenário mais competitivo.
Enquanto isso, Lula embarca amanhã para Roma, onde acompanhará o funeral do Papa Francisco. No período, o vice-presidente Geraldo Alckmin assume o Planalto e deve intensificar os esforços para construir pontes com Washington e avançar na agenda comercial. Uma das sinalizações recentes, aliás, foi a promessa de zerar o imposto de importação sobre produtos que não têm fabricação nacional — tentativa de mostrar pragmatismo diante de um cenário internacional volátil.
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· 01:46 — Recuos e resultados
Nos EUA, o mercado acionário voltou a subir nesta quarta-feira, impulsionado por sinais de que a Casa Branca pode estar pronta para suavizar sua postura na guerra comercial com a China. A reviravolta veio após o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmar que espera uma redução nas hostilidades entre as duas potências “em um futuro muito próximo”. A fala trouxe algum alívio aos investidores, ainda anestesiados pelas oscilações recentes geradas pela retórica errática de Washington. Também ajudou o tom mais conciliador de Donald Trump — ou, ao menos, sua tentativa de parecer moderado. Apesar de ter renovado críticas ao Federal Reserve por não acelerar os cortes de juros, o presidente americano disse a jornalistas no Salão Oval que não tem intenção de demitir Jerome Powell, atual presidente da autoridade monetária. Não é a primeira vez que Trump recua após ameaçar, mas o mercado, já calejado, prefere comemorar qualquer redução na temperatura institucional.
Do lado corporativo, a temporada de resultados parece estar servindo como contrapeso ao ruído político. A Tesla inaugurou os balanços do chamado Magnificent Seven, e mesmo com números aquém do esperado — lucro e receita abaixo do consenso e recuo na previsão de crescimento de vendas para o ano —, as ações da companhia subiram 4,6% no after market. O impulso veio menos dos números e mais das palavras de Elon Musk, que prometeu se afastar das distrações envolvendo o DOGE e focar “significativamente” na Tesla. As ações, que já vinham bastante descontadas, reagiram bem à promessa. Na agenda do dia, ainda teremos a divulgação do Livro Bege do Federal Reserve e os balanços de grandes nomes como Philip Morris, IBM, AT&T, Texas Instruments e Boeing. É mais um daqueles dias em que a racionalidade dos resultados tenta se sobrepor à volatilidade da política — com relativo sucesso…
· 02:32 — Hostil?
Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, descreveu os recentes aumentos tarifários contra a China como algo próximo de um embargo comercial — um movimento que, se levado às últimas consequências, poderia simplesmente encerrar o fluxo de comércio entre as duas maiores economias do mundo. Ainda assim, ele fez questão de afirmar que o objetivo não é uma dissociação completa das economias de EUA e China. Ao contrário: Bessent acredita que a atual situação, claramente insustentável, acabará forçando uma recalibração das relações comerciais, conduzindo os dois países a uma nova tentativa de entendimento.
Pode ser apenas uma esperança disfarçada de pragmatismo — e talvez seja mesmo —, mas o tom mais brando foi suficiente para animar os mercados no fechamento de ontem. Afinal, em tempos como os atuais, qualquer indício de descompressão já é celebrado como se fosse trégua duradoura. Como já comentado neste espaço em diversas ocasiões, havia razões legítimas para os EUA questionarem certas práticas do comércio global e reavaliarem sua inserção estratégica. O problema, como de costume, foi o método. A escalada tarifária conduzida sem coordenação, estratégia ou diplomacia se mostrou, até agora, mais contraproducente do que transformadora.
Do outro lado do Pacífico, a China tenta manter o verniz diplomático, sinalizando que está aberta a negociações comerciais — desde que estas não venham sob coerção. Em nota oficial, o Ministério do Comércio chinês deixou claro que qualquer tentativa de intermediação que envolva acordos feitos “às custas da China” encontrará resistência firme. Em outras palavras, o país aceita conversar, mas não sob ameaça.
Essa tensão crescente ganha contornos ainda mais simbólicos porque ocorre no exato momento em que delegações de todo o mundo se reúnem em Washington para as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Ou seja, no mesmo palco onde se discutem cooperação internacional e estabilidade global, as duas maiores potências do planeta seguem travando uma batalha tarifária que ameaça solapar os próprios fundamentos da ordem multilateral.
· 03:28 — E por falar neles…
E já que falamos do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, vale destacar que o FMI revisou para baixo sua projeção de crescimento para a economia dos Estados Unidos em seu mais recente Panorama Econômico Mundial, divulgado ontem (22). A nova previsão aponta para uma expansão de apenas 1,8% em 2025 — queda significativa frente aos 2,7% estimados em janeiro. A razão? As políticas comerciais de Trump, que seguem gerando mais ruído do que resultado concreto.
Segundo o fundo, o pacote tarifário anunciado com estardalhaço no Rose Garden, no último 2 de abril, representa, por si só, um choque negativo de grande magnitude para o crescimento. Ainda que o FMI não esteja oficialmente projetando uma recessão, a probabilidade de que ela ocorra foi elevada de 25% para 40%, o que por si só já dispensa maiores comentários sobre o nível de incerteza atual. No cenário global, as perspectivas tampouco são animadoras. A projeção de crescimento do PIB mundial em 2025 foi reduzida para 2,8%, abaixo dos 3,3% previstos no início do ano.
Caso se confirme, esse desempenho representará a expansão mais fraca da economia global desde o colapso causado pela Covid-19 — e a segunda pior desde 2009, quando o mundo ainda digeria os efeitos da crise financeira global. O mais irônico, porém, é que grande parte desse pessimismo poderia ser atenuado de maneira relativamente simples: bastaria um recuo coordenado nas tensões comerciais e algum avanço — ainda que modesto — na resolução de distorções históricas, como barreiras não tarifárias e políticas protecionistas disfarçadas. Mas, por ora, o mundo segue pagando a conta da política comercial errática de Washington.
· 04:13 — A globalização não foi boa?
A globalização foi um dos pilares que sustentaram a ascensão dos EUA à condição de maior potência econômica da história. Ao longo de décadas, o livre comércio expandiu mercados, reduziu custos, elevou a produtividade e permitiu aos americanos desfrutar de um padrão de vida sem precedentes. Ainda assim, muitos cidadãos sentiram-se excluídos dos benefícios desse processo — e parte significativa desse ressentimento acabou sendo canalizada politicamente na figura de Donald Trump, eleito com a promessa de “libertar” os EUA do próprio sistema que o país ajudou a construir ao longo dos últimos 80 anos. Foi exatamente sob esse pretexto que, no dia 2 de abril, o presidente americano anunciou um pacote tarifário contra praticamente todos os parceiros comerciais dos EUA, com alíquotas que variam de 10% a 50% e passaram a valer nesta manhã. Em poucas horas, a tarifa média efetiva dos EUA saltou para mais de 22% — um nível não visto desde o início do século XX, ultrapassando até mesmo as infames tarifas Smoot-Hawley de 1930, geralmente apontadas como catalisadoras da guerra comercial global que agravou a Grande Depressão.
Já comentei por aqui: o processo de globalização gerou, sim, uma redistribuição estrutural da atividade econômica — e isso inclui um inevitável grau de desindustrialização nas economias avançadas. O país como um todo enriquece, mas certos setores — em especial, os menos adaptáveis à concorrência internacional — perdem. É um efeito geracional, que exige políticas de compensação e reconversão produtiva, não uma tentativa de regresso a um passado idealizado que já não existe mais. A ideia de aplicar tarifas para fins geopolíticos ou para corrigir distorções bilaterais específicas, como no caso do comércio com a China, pode até ser compreensível em alguns contextos. Mas o ataque indiscriminado a aliados históricos e o rompimento de cadeias produtivas globais sob a promessa de uma reindustrialização generalizada beira a fantasia. Não só é inviável — como será profundamente custoso. Reverter décadas de integração global não é apenas um erro estratégico: é um retrocesso com consequências duradouras para a competitividade americana.
· 05:01 — Ritmo robusto
A Direcional (DIRR3) divulgou recentemente sua prévia operacional do primeiro trimestre de 2025, e os números indicam um início de ano consistente. Foram lançados 17 novos empreendimentos ou fases, com um Valor Geral de Vendas (VGV) total de R$ 901 milhões — 75% sob a marca Direcional e 25% pela Riva. A fatia correspondente à participação direta da companhia somou R$ 802 milhões, representando um avanço robusto de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior, desempenho ligeiramente acima do que projetávamos. Motivos para animação?
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