Funcionário da Abin diz que ação hacker contra governo paraguaio chegou a ser interrompida por medo de vazamento e prisão

Receio era de que operação, batizada de Vortex, vazasse para a Polícia Federal e levasse à prisão dos envolvidos. Ministério Público paraguaio abriu investigação sobre o tema. Um funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) disse à Polícia Federal (PF) que a ação de invasão hacker a sistemas do governo do Paraguai chegou, num primeiro momento, a ser interrompida. Isso porque houve receio de que a operação fosse vazada para a Polícia Federal e os agentes da Abin acabassem presos. Vista da entrada da sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília. WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Nos bastidores, há uma disputa entre setores da PF e da Abin, que foi amplificada com as investigações da atuação da "Abin paralela" que teria sido usada para a suposta prática de espionagem ilegal para atender objetivos “políticos e pessoais” durante o governo Bolsonaro. Em depoimento sobre a atuação da Abin paralela, o funcionário relatou que o ataque ao Paraguai começou ainda no governo Jair Bolsonaro, mas que continuou durante o governo Lula, com autorização expressa do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor interino Saulo de Cunha Moura, que ocupou o cargo entre março e maio de 2023. As informações foram publicadas pelo portal UOL. e confirmada pela TV Globo. O governo Lula disse, em nota, que interrompeu a ação assim que ficou sabendo dela, em março de 2023. Brasil x Paraguai: entenda impasse envolvendo Itaipu e acusação de ataque hacker Operação Vortex Em novo trecho do depoimento obtido pela TV Globo, o funcionário da Abin relatou que o ex-diretor interino da Abin Alessandro Moretti foi quem, inicialmente, abortou a ação contra o Paraguai. A suspensão ocorreu na véspera da operação, batizada de Vortex. Os agentes estariam prestes a embarcar para o Chile e Panamá, de onde começariam o ataque. Em meio a denúncia sobre hacker da Abin contra o Paraguai, Congresso instala comissão De acordo com o relato, Moretti estava com receio de que outro diretor da área de inteligência da Abin vazasse a informação para um diretor da Polícia Federal. Ele acabou liberando a ação em outro momento. Procurada, a defesa de Moretti informou que não vai se manifestar. "Que o receio é que a polícia federal prendesse o pessoal na imigração; que Moretti autorizara a ação em momento anterior; que a operação vortex foi retomada depois; que Moretti no momento posterior autorizou a operação vortex", diz o depoimento a que a TV Globo teve acesso. O funcionário da agência disse ainda que a operação já tinha sido apresentada ao general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin era subordinada, e também ao então Ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida. Anexo C Segundo o depoimento, a ação tinha como objetivo obter dados sigilosos sobre valores em negociação no Anexo C do Tratado de Itaipu. Usina Binacional de Itaipu, no Paraná. Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional - Divulgação

Abr 4, 2025 - 00:54
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Funcionário da Abin diz que ação hacker contra governo paraguaio chegou a ser interrompida por medo de vazamento e prisão

Receio era de que operação, batizada de Vortex, vazasse para a Polícia Federal e levasse à prisão dos envolvidos. Ministério Público paraguaio abriu investigação sobre o tema. Um funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) disse à Polícia Federal (PF) que a ação de invasão hacker a sistemas do governo do Paraguai chegou, num primeiro momento, a ser interrompida. Isso porque houve receio de que a operação fosse vazada para a Polícia Federal e os agentes da Abin acabassem presos. Vista da entrada da sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília. WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Nos bastidores, há uma disputa entre setores da PF e da Abin, que foi amplificada com as investigações da atuação da "Abin paralela" que teria sido usada para a suposta prática de espionagem ilegal para atender objetivos “políticos e pessoais” durante o governo Bolsonaro. Em depoimento sobre a atuação da Abin paralela, o funcionário relatou que o ataque ao Paraguai começou ainda no governo Jair Bolsonaro, mas que continuou durante o governo Lula, com autorização expressa do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor interino Saulo de Cunha Moura, que ocupou o cargo entre março e maio de 2023. As informações foram publicadas pelo portal UOL. e confirmada pela TV Globo. O governo Lula disse, em nota, que interrompeu a ação assim que ficou sabendo dela, em março de 2023. Brasil x Paraguai: entenda impasse envolvendo Itaipu e acusação de ataque hacker Operação Vortex Em novo trecho do depoimento obtido pela TV Globo, o funcionário da Abin relatou que o ex-diretor interino da Abin Alessandro Moretti foi quem, inicialmente, abortou a ação contra o Paraguai. A suspensão ocorreu na véspera da operação, batizada de Vortex. Os agentes estariam prestes a embarcar para o Chile e Panamá, de onde começariam o ataque. Em meio a denúncia sobre hacker da Abin contra o Paraguai, Congresso instala comissão De acordo com o relato, Moretti estava com receio de que outro diretor da área de inteligência da Abin vazasse a informação para um diretor da Polícia Federal. Ele acabou liberando a ação em outro momento. Procurada, a defesa de Moretti informou que não vai se manifestar. "Que o receio é que a polícia federal prendesse o pessoal na imigração; que Moretti autorizara a ação em momento anterior; que a operação vortex foi retomada depois; que Moretti no momento posterior autorizou a operação vortex", diz o depoimento a que a TV Globo teve acesso. O funcionário da agência disse ainda que a operação já tinha sido apresentada ao general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin era subordinada, e também ao então Ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida. Anexo C Segundo o depoimento, a ação tinha como objetivo obter dados sigilosos sobre valores em negociação no Anexo C do Tratado de Itaipu. Usina Binacional de Itaipu, no Paraná. Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional - Divulgação