F1, Drive to Survive: do acelerador a fundo ao travão do ceticismo
A encruzilhada de Drive to Survive da Netflix! Houve um tempo em que Drive to Survive, da Netflix, era muito mais do que uma série sobre Fórmula 1 — era a porta de entrada para um novo público apaixonar-se pela modalidade. Os bastidores revelados, as tensões entre equipas e pilotos, as emoções à flor da […] The post F1, Drive to Survive: do acelerador a fundo ao travão do ceticismo first appeared on AutoSport.

A encruzilhada de Drive to Survive da Netflix! Houve um tempo em que Drive to Survive, da Netflix, era muito mais do que uma série sobre Fórmula 1 — era a porta de entrada para um novo público apaixonar-se pela modalidade. Os bastidores revelados, as tensões entre equipas e pilotos, as emoções à flor da pele… tudo parecia autêntico, cru e empolgante.
Foi esse formato que aproximou os adeptos dos pilotos e das estruturas das equipas, trazendo uma nova geração de entusiastas para o desporto.
Mas o motor que outrora se fazia ouvir bem alto agora parece perder rotação… a passos rápidos!
Nos últimos tempos, a série tem sofrido uma quebra notável nas audiências, na casa dos dois dígitos.
O que antes era visto como um documentário revelador passou a ser criticado por recorrer em excesso à dramatização. O produtor, numa tentativa de manter o interesse, começou a ficcionar momentos, ampliando desentendimentos pontuais entre pilotos e criando narrativas tensas onde, na realidade, existiram apenas situações normais de competição. O problema? Os protagonistas já não se revêm no guião.
Vários pilotos manifestaram desagrado com esta abordagem. A crítica é direta: a série deixa de lado os factos para criar “disparates fabricados”, como disse Max Verstappen: “quero factos, não cenários inventados.” E essa desilusão começa a transparecer no ecrã – menos envolvimento, menos emoção genuína, mais reservas por parte daqueles que antes se entregavam às câmaras.
Neste dilema entre verdade e espetáculo, Drive to Survive corre o risco de perder aquilo que a tornou especial. Porque se uma série documental deixa de ser o mais fiel possível à realidade, perde o seu propósito.
E se os próprios pilotos se afastam, o produto perde autenticidade. Já não há acesso privilegiado se as portas estão entreabertas apenas para encenações.
O futuro da série está em jogo. Será possível encontrar um equilíbrio entre narrativa envolvente e fidelidade jornalística? Ou será que os dias de glória ficaram atrás, como uma volta rápida que já não se consegue repetir?
Para quem acompanhou os tempos áureos da série – onde cada episódio era uma descoberta e cada conversa uma revelação -, este aparente declínio deixa um travo agridoce. Porque no fim, o verdadeiro drama da Fórmula 1 continua a ser vivido em pista. E talvez seja lá que o foco devesse regressar.
A Netflix não divulga métricas padronizadas (como número de espetadores ou contagens individuais de episódios), mas sempre partilhou horas assistidas em períodos específicos e por isso dá para ter uma ideia dos números.
As Temporadas 1–3 foram sempre a crescer. A série estreou-se em 2019 e ganhou forte relevância, especialmente após a pandemia em 2020.
A Temporada 4 (2022) teve 28 milhões de horas assistidas só na primeira semana de lançamento.
A Temporada 5 (2023), 25.7 milhões de horas assistidas na primeira semana. Uma queda de 8% em relação à temporada anterior.
Na Temporada 6 (2024), 21.8 milhões de horas foram assistidas na primeira semana, uma queda de 15% em relação à 5ª temporada.
Já se sabe que a sétima temporada da série teve um desempenho inferior às anteriores na Netflix, com menos tempo no Top 10 e menos destaque nas tabelas nacionais, exceto no Reino Unido, EUA, Austrália e Brasil.
As horas de visualização e o número total de visualizações também diminuíram em comparação com a temporada anterior. Números não oficiais referem que, na sua primeira semana, a série registou 19.20 milhões de horas de visualização em todo o mundo, uma queda de 11.93% em comparação com as 21.80 milhões de horas da temporada de 2023.
Portanto, a tendência geral é de queda consecutiva, pois as horas assistidas diminuíram a cada nova temporada a partir da 4ª edição.
Perante as críticas, o Produtor de Drive to Survive, James Gay-Rees, defende que Drive to Survive procura sempre contar uma história autêntica, captando a essência dos acontecimentos, mesmo que através de uma certa interpretação narrativa, e assegura que a série não abusa do conteúdo nem o distorce intencionalmente.
Termina dizendo admitir que alguns pilotos estão mais confortáveis do que outros com a presença das câmaras, mas acredita que a maioria reconhece que Drive to Survive se tornou um “mal necessário” para a promoção do desporto.The post F1, Drive to Survive: do acelerador a fundo ao travão do ceticismo first appeared on AutoSport.