Estreias | Semana Santa vai de “Pecadores” a Jesus animado nos cinemas

Programação destaca primeiro terror do diretor de "Pantera Negra", quatro animações, dramas premiados e o relançamento de "Cidade dos Sonhos"

Abr 17, 2025 - 14:48
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Estreias | Semana Santa vai de “Pecadores” a Jesus animado nos cinemas

A programação cinematográfica da Semana Santa tem “Pecadores”, mas também traz Jesus Cristo animado. O maior e melhor lançamento é o terror que volta a reunir o diretor Ryan Coobler com o astro Michael B. Jordan após “Pantera Negra”. Já o título temático é “Rei dos Reis”, uma animação religiosa que chega junto de outros três desenhos aos cinemas. Há ainda um drama de guerra elogiadíssimo do diretor de “Guerra Civil”, uma fantasia com o combo atriz e diretor de “Resident Evil”, cinebiografias internacionais, um drama brasileiro premiado e o relançamento de um clássico.

 

Pecadores

 

O primeiro terror da carreira do diretor Ryan Coogler (“Pantera Negra: Wakanda para Sempre”) é ambientado no Sul dos Estados Unidos durante a era da segregação racial e segue dois irmãos gêmeos. Ao retornarem ao lugar de origem, eles se envolvem em uma série de crimes e manifestações sobrenaturais ligados ao passado da família. A história é construída como um híbrido entre drama psicológico, horror e musical, com sequências em que os protagonistas se expressam por meio de números de jazz e blues em um clube decadente.

Na quarta parceria com Coogler, depois de “Fruitvale Station” (2013), “Creed” (2015) e “Pantera Negra” (2018), Jordan tem papel duplo como irmãos gêmeos que retornam à cidade natal em busca de oportunidades, mas se deparam com uma presença sinistra. Durante uma reunião à noite, um dos irmãos fica preso em um celeiro com outros moradores assustados, enquanto vampiros os cercam e começam a aterrorizá-los.

A narrativa apresenta elementos de culpa, redenção e religiosidade, com cenas de possessão e cultos obscuros que fazem alusão a tradições afro-americanas e cristãs do sul dos Estados Unidos. O elenco forte ainda traz Delroy Lindo (“Destacamento Blood”), Jayme Lawson (“A Mulher Rei”), Wunmi Mosaku (“Loki”), Jack O’Connell (“O Amante de Lady Chatterley”), Li Jun Li (“Babilônia”) e Hailee Steinfeld (“Gavião Arqueiro”).

Filmado para exibição em IMAX, o longa tem fotografia de Rachel Morrison e trilha sonora produzida por Kendrick Lamar (ambos de “Pantera Negra”). A recepção crítica foi extremamente positiva, com 100% de aprovação até as primeiras 45 resenhas avaliadas pelo Rotten Tomatoes. Os elogios valorizam a ambição estética e a fusão de gêneros.

 

Tempo de Guerra

 

O drama bélico recria um confronto real da Guerra do Iraque ocorrido em 2006, quando uma unidade de Navy SEALs foi encurralada por insurgentes em Ramadi. A narrativa é conduzida quase em tempo real, com foco na tensão psicológica, no caos tático e nas decisões morais enfrentadas pelos soldados durante a tentativa de sobrevivência até o resgate.

A direção é compartilhada entre Alex Garland (“Guerra Civil”) e Ray Mendoza, ex-militar que atuou como consultor e corroteirista. A parceria busca combinar o rigor técnico das operações de guerra com a linguagem cinematográfica. Mendoza, que viveu experiências semelhantes à retratada, introduziu elementos documentais nos diálogos e na representação da missão, enquanto Garland imprimiu uma construção visual intensa e imersiva.

O elenco é formado por atores em ascensão, como Joseph Quinn (“Stranger Things”), Noah Centineo (“Para Todos os Garotos que Já Amei”), Will Poulter (“Midsommar”), Cosmo Jarvis (“Xógum”), Kit Connor (“Heartstopper”) e o brasileiro Henry Zaga (“Novos Mutantes”), que interpretam os integrantes do pelotão, com destaque para o trabalho físico e emocional exigido pelos papéis. Filmado com câmeras portáteis e som ambiente amplificado, o longa aposta no realismo e evita cenas de heroísmo hollywoodiano. Elogiadíssimo pela crítica, atingiu 93% de aprovação no Rotten Tomatoes como um dos retratos mais cruéis e verossímeis da guerra, ainda que tenha dividido opiniões por sua neutralidade quanto ao contexto político.

 

Nas Terras Perdidas

 

Inspirado em conto de George R.R. Martin (autor da obra que inspirou “Game of Thrones”), o filme se passa em um futuro pós-apocalíptico, onde uma rainha contrata uma feiticeira para atravessar regiões devastadas em busca de um poder lendário: a habilidade de se transformar em lobisomem. Acompanhada por um mercenário, ela enfrenta criaturas e armadilhas em uma jornada por territórios inóspitos conhecidos como Terras Perdidas. A narrativa mistura fantasia, ação e elementos de fábula sombria, com ambientações que evocam desertos abandonados, cidades em ruínas e construções ancestrais.

A direção é de Paul W.S. Anderson, que retoma a parceria com sua esposa, a atriz Milla Jovovich, após a franquia “Resident Evil” e o recente “Monster Hunter”. Jovovich interpreta a feiticeira Gray Alys com frieza calculada e presença física, enquanto Dave Bautista (“Guardiões da Galáxia”) assume o papel de seu aliado relutante, Boyce, num tom mais introspectivo que o habitual. Arly Jover (“Malaterra”) aparece como a antagonista, uma inquisidora determinada a impedir que o poder da transformação se concretize.

O roteiro adapta livremente o conto original e acrescenta novos personagens e arcos dramáticos. O visual aposta em efeitos digitais para representar criaturas fantásticas e paisagens desoladas, mantendo a estética carregada e artificial típica das produções de Anderson. Também como de praxe para os lançamentos do diretor, a recepção crítica foi majoritariamente negativa – apenas 24% de aprovação.

 

O Rei dos Reis

 

A animação parte de uma abordagem inusitada para contar a vida de Jesus: o escritor Charles Dickens narra a história ao filho pequeno, inserindo o menino e seu gato nas passagens bíblicas. Ao misturar elementos históricos e fantasia infantil, o filme apresenta a mensagem cristã de forma lúdica, voltada ao público infantojuvenil, com ênfase no humor e no espírito de aventura. O roteiro se inspira livremente no livro “A Vida de Nosso Senhor”, escrito por Dickens para sua família em 1934, e aposta na combinação entre linguagem acessível e fidelidade aos valores do Novo Testamento.

A produção segue a linha de outras animações bíblicas voltadas à formação cristã, como “O Príncipe do Egito” (1998), mas aposta numa estrutura narrativa menos convencional, marcada pela mediação do pai contador de histórias e a vivência subjetiva do filho. A presença de atores consagrados no elenco vocal também é um diferencial. O elenco de vozes reúne nomes como Kenneth Branagh (“Tenet”) como Charles Dickens, Oscar Isaac (“Cavaleiro da Lua”) como Jesus, Roman Griffin Davis (“Jojo Rabbit”), Mark Hamill (“Star Wars”), Forest Whitaker (“Andor”), Ben Kingsley (“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”) e Uma Thurman (“Kill Bill”).

Dirigido por Seong-ho Jang, especialista em efeitos visuais que estreia na nova função, o longa representa uma colaboração entre a produtora sul-coreana Heaven Content e o estúdio norte-americano Angel Studios, responsável por obras religiosas como “The Chosen”.

 

A Mais Preciosa das Cargas

 

A animação narra a história de uma mulher pobre que vive na floresta durante a 2ª Guerra Mundial e encontra um bebê jogado de um trem nazista rumo a Auschwitz. Ao acolher a criança, ela desafia o marido e a lógica da época, protegendo a menina em segredo mesmo diante do risco de ser descoberta pelas autoridades. A narrativa é construída como uma fábula moral, alternando silêncio, neve e gestos mínimos de humanidade.

Dirigido por Michel Hazanavicius (“O Artista”), o longa é uma animação adulta baseada no livro de Jean-Claude Grumberg. A estética remete a ilustrações artesanais com traços suaves e aquarelados, e a narração é feita por Jean-Louis Trintignant (“Amor”) em seu último trabalho antes da morte. O elenco vocal francês inclui ainda Dominique Blanc (“A Origem do Mal”), Grégory Gadebois (“Zorro”) e Denis Podalydès (“Belle Époque”).

Com trilha sonora de Alexandre Desplat e roteiro coproduzido pelo autor original, o filme estreou em competição no Festival de Cannes e foi elogiado pela delicadeza formal, com ênfase para o equilíbrio entre horror histórico e lirismo narrativo. Mesmo numa indústria pouco habituada a animações adultas sobre genocídios e temas históricos traumáticos, o longa recebeu indicação ao César de Melhor Roteiro Adaptado, categoria que já tinha sido vencida por uma animação política, “Persepolis”, em 2008.

 

Sneaks: De Pisante Novo

 

A animação apresenta um universo onde tênis e calçados ganham vida e protagonizam uma aventura urbana em Nova York. A história gira em torno de um tênis branco de coleção que foge da vitrine para resgatar sua irmã sequestrada por um colecionador fanático. Em sua jornada, o protagonista conhece outros calçados falantes, forma uma banda e enfrenta obstáculos pelo caminho, em uma estrutura que mistura comédia, musical e cultura sneaker.

O visual colorido e a variedade de personagens calçados procuram dialogar com temas como diversidade, liberdade e identidade. Com a proposta inusitada, a animação busca um público infantil, mas inclui piadas e referências pensadas para adultos, especialmente colecionadores e entusiastas da moda urbana.

Estreia na direção de Rob Edwards, roteirista de animações como “A Princesa e o Sapo” e “Planeta do Tesouro”, o longa aposta em ritmo ágil, referências à cultura de rua e uma trilha sonora com influências de hip hop e pop contemporâneo. Na versão brasileira, o elenco de dublagem conta com Jottapê e Christian Malheiros, ambos da série “Sintonia”, além da skatista Rayssa Leal, que faz sua estreia como dubladora.

 

Abá e Sua Banda

 

Passada no Reino de Pomar, a animação brasileira acompanha o jovem príncipe Abá, que sonha em ser músico em vez de governar. Após fugir do castelo para participar do Festival da Primavera, ele forma uma banda com novos amigos e precisa enfrentar seu tio autoritário, que tenta impor a uniformização cultural e eliminar a diversidade musical do reino.

Com direção de Humberto Avelar (“Sítio do Picapau Amarelo”), o filme mistura aventura infantil com mensagem ecológica e social. A estética adota personagens inspirados em frutas tropicais, como o rei Caxi e a rainha Nanás, e constrói um universo colorido com referências à cultura popular brasileira. O elenco vocal traz Filipe Bragança (“Meu Sangue Ferve por Você”) como Abá, Zezé Motta (“3%”) como a mãe em flashbacks e Robson Nunes (“Tim Maia”) como o amigo músico Juca. Rafael Infante (“O Primeiro Natal do Mundo”) interpreta o vilão Don Coco com equilíbrio entre comicidade e ameaça.

A trilha sonora de André Mehmari (“3%”) combina maracatu, samba, rock e música instrumental, integrando os números musicais à narrativa. O filme estreou na mostra Geração do Festival do Rio e foi bem recebido por sua proposta lúdica com mensagens de tolerância, cooperação e defesa da diversidade. A qualidade técnica da animação consegue dialogar com o público infantil em linguagem acessível sem abrir mão de sofisticação.

 

Limonov: o Camaleão Russo

 

A cinebiografia acompanha a trajetória de Eduard Limonov, poeta underground, agitador político e fundador de um partido nacionalista russo. A narrativa retrata diferentes fases de sua vida: do exílio boêmio em Nova York à ascensão como figura provocadora na França e, depois, na Rússia pós-soviética, onde liderou um movimento extremista de oposição. Com ironia e ritmo acelerado, o filme abraça as contradições de seu protagonista.

A direção é de Kirill Serebrennikov, cineasta russo conhecido por “Verão” e “A Esposa de Tchaikovsky”, que assume aqui uma coprodução internacional com roteiro assinado por ele ao lado de Ben Hopkins (“Dentro”) e o cineasta polonês Paweł Pawlikowski (indicado ao Oscar por “Guerra Fria”). O projeto começou com Pawlikowski, que desistiu da direção e repassou a tarefa a Serebrennikov. A base do filme é um livro de Emmanuel Carrère (“Entre Dois Mundos”), que também faz uma participação como personagem.

Ben Whishaw (“007: Sem Tempo para Morrer”) interpreta Limonov com entrega física e emocional, explorando seu lado carismático, autodestrutivo e ideológico. Viktoria Miroshnichenko (“Uma Mulher Alta”) e Tomas Arana (“A Supremacia Bourne”) completam o elenco principal. O longa estreou na competição oficial de Cannes 2024 e teve recepção positiva, com destaque para a encenação estilizada e a performance de Whishaw. A encenação explora com liberdade narrativa e tom de farsa política um personagem controverso, sem conciliá-lo com julgamentos morais lineares.

 

Bolero: a Melodia Eterna

 

A cinebiografia acompanha Maurice Ravel nos meses que antecederam a criação de sua peça mais célebre, o balé “Bolero”, composta sob encomenda da bailarina russa Ida Rubinstein. O filme retrata o compositor como um artista introspectivo e contido, cercado por mulheres influentes do meio artístico parisiense dos anos 1920, enquanto enfrenta crises de bloqueio criativo e questões pessoais não resolvidas.

A direção é de Anne Fontaine (“Coco Antes de Chanel”), que adota uma abordagem clássica e melancólica, com ambientação detalhada da Paris modernista. Raphaël Personnaz (“Anna Karenina”) interpreta Ravel com contenção emocional, ao lado de Jeanne Balibar (“Guerra Fria”) como Ida Rubinstein e Doria Tillier (“Belle Époque”) como Misia Sert, sua amiga e possível musa. A narrativa sugere relações afetivas platônicas e aborda o processo de composição como uma luta interna silenciosa.

A estreia do balé é encenada no clímax como uma sequência grandiosa, com uso integral da peça musical e coreografia minimalista. Exibido em festivais como Rotterdam, o filme se destaca por sua elegância formal, o cuidado com a representação histórica e pelo retrato do artista em crise.

 

Não Sou Nada

 

O longa português se passa no interior da mente do poeta Fernando Pessoa, transformada em um escritório onírico habitado por seus heterônimos. Nessa estrutura surreal, múltiplas versões do escritor interagem, escrevem, discutem e questionam a própria existência, enquanto lembranças da relação com Ofélia Queiróz e cenas num hospício sugerem um confinamento psicológico em meio à criação literária.

A direção é de Edgar Pêra (“Cartas Telepáticas”), cineasta ligado ao cinema experimental e autor de curtas inspirados na obra de Pessoa. O roteiro é assinado com Luísa Costa Gomes (“América – Uma História Portuguesa”) e utiliza versos e trechos reais da produção do escritor. Miguel Borges (“Terra Nova”) vive o autor em suas diversas facetas e Victória Guerra (“Variações”) interpreta Ofélia. A concepção visual aposta em alto contraste, figurinos padronizados e artifícios de montagem que multiplicam o mesmo ator em cena.

A proposta foge da cinebiografia convencional, apostando numa linguagem híbrida que mistura teatro filmado, delírio simbólico e recortes poéticos. Exibido no Festival de Rotterdam, o filme recebeu elogios por sua ousadia estética, embora possa ser considerado hermético pelo público. A recepção em Portugal reconheceu o esforço de adaptar o universo do escritor sem cair na reverência acadêmica.

 

Baixo Centro

 

O drama retrata uma noite em Belo Horizonte acompanhando encontros e desencontros entre jovens que circulam pelo centro da cidade. Sem trama definida, a obra explora as sensações de deriva, melancolia e desejo que atravessam os personagens em seus percursos urbanos. O centro da cidade se torna a verdadeira protagonista, emoldurando pequenos episódios de afeto, violência e resistência. A fotografia investe em planos longos e iluminação artificial para criar uma ambientação noturna densa, com sons de bares, chuva e ônibus pontuando a narrativa.

O longa de estreia da dupla Ewerton Belico e Samuel Marotta é um trabalho concebido a partir de oficinas com atores locais e experiências diretas de observação noturna. O elenco reúne nomes como Marcelo Souza e Silva (“Vento Seco”), Alexandre de Sena (“O Nó do Diabo”), Renan Rovida (“7 Prisioneiros”), Cris Moreira (“Hit Parade”) e Bárbara Colen (“Bacurau”), com interpretações marcadas pela naturalidade e improviso.

Vencedor da Mostra Aurora no Festival de Tiradentes, o longa se destaca como um retrato lírico da juventude periférica mineira, com uma abordagem fragmentada e sensorial que reforça a proposta de captar a cidade como um espaço vivo de afetos e tensões.

 

Cidade dos Sonhos

 

O clássico de David Lynch acompanha uma jovem aspirante a atriz que chega a Los Angeles e passa a ajudar uma mulher misteriosa e sem memória, após um acidente na estrada Mulholland Drive. Ao tentar descobrir sua identidade, a protagonista mergulha em uma rede de símbolos, pistas falsas e distorções temporais, numa trama que mistura sonho e realidade em estruturas narrativas fragmentadas. A obra alterna passagens líricas com cenas oníricas e inquietantes, explorando temas como desejo, identidade e ilusão.

Produzido inicialmente como um piloto de série de TV, o projeto foi reformulado por Lynch em longa-metragem após a recusa da emissora. Essa origem televisiva ajuda a explicar sua estrutura partida, com mudanças abruptas de tom e personagens que parecem se desdobrar em diferentes versões de si mesmos. Naomi Watts, em seu primeiro papel de destaque em Hollywood, interpreta Betty com uma performance que vai do entusiasmo ingênuo à instabilidade emocional, enquanto Laura Harring dá vida à enigmática Rita, figura central da amnésia que estrutura a narrativa. Justin Theroux completa o trio principal como um diretor de cinema pressionado por forças obscuras para escalar atrizes específicas, em uma crítica velada aos bastidores de Hollywood.

O filme rendeu a David Lynch o prêmio de direção no Festival de Cannes de 2001 e uma indicação ao Oscar pelo mesmo trabalho. Desde então, passou a ser considerado uma das obras mais relevantes do século 21. A fotografia de Peter Deming e a trilha sonora de Angelo Badalamenti contribuem para o clima de mistério e estranhamento que permeia toda a experiência. Lançado em cópia restaurada, o longa retorna aos cinemas em nova distribuição brasileira, reavaliado como uma produção de referência do cinema surrealista contemporâneo.