Estilo de liderança de Sóstenes Cavalcante para aprovar anistia desagrada ao PL e ao Centrão

Líder do PL na Câmara levou partido a obstruir trabalhos e ameaçou expor deputados que não apoiam o projeto que perdoa envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Após mal-estar causado pelas iniciativas, voltou atrás. "Eu recuei, sim. Não tenho problemas em mudar estratégias." O estilo de liderança do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) tem desagradado setores de seu partido e do Centrão. A decisão de obstruir os trabalhos da Câmara, até que o projeto de lei que anistia os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro fosse votado não tinha unanimidade no PL. Mesmo assim, foi levada adiante por Sóstenes, paralisando a Casa por uma semana. Outra estratégia que irritou aliados foi a ameaça de divulgar os nomes dos parlamentares que não assinaram o requerimento de urgência do projeto. "Até o Lindbergh Farias [vice-líder do governo na Câmara] está mais flexível", zombou um deputado do PL. Após o mal-estar causado pela ameaça, o líder do PL recuou também dessa ideia, e foi às redes sociais dizer que a ideia de expor os nomes dos deputados que não apoiam a anistia seria adiada. VÍDEO: aprovar a anistia 'seria consagraçãod a impunidade', diz Gilmar Mendes; ASSISTA 'Seria a consagração da impunidade', diz Gilmar Mendes sobre projeto de anistia para condenados pelo 8 de janeiro Para parlamentares, Sóstenes ouve mais Malafaia que o PL Na visão dos parlamentares, Sóstenes ouve mais o pastor Silas Malafaia do que o próprio partido. O papel do pastor, hoje, é vocalizar o que não fica bem na boca de Sóstenes e de Jair Bolsonaro (PL). Vêm de Malafaia, por exemplo, os ataques mais duros contra o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que ele chamou de vergonha para o povo da Paraíba. No discurso de Malafaia, o parlamentar não encampa o projeto da anistia por medo de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As ameaças, os ataques pessoais e a tentativa de constranger deputados, entretanto, causaram uma onda de solidariedade ao presidente da Câmara. 'Meu estilo sempre foi ser firme por minhas convicções', diz Cavalcante Ao blog, Sóstenes Cavalcante diz discordar das críticas que o apresentam como muito agressivo. "Meu estilo sempre foi ser firme por minhas convicções. Estou enfrentando a pressão contrária do governo e do STF. Se não fosse agressivo, eu jamais conseguiria chegar aonde estou chegando", afirmou o líder do PL. “Estou convicto de que construo a maioria. Isso graças a muita ajuda que consegui e também ao meu estilo mais combativo de articulação.” Sobre os recuos na obstrução e na exposição de deputados que não apoiam a anistia, Cavalcante diz que foi convencido por Bolsonaro de que não seria uma boa estratégia. "Eu recuei sim. Não tenho problemas em mudar estratégias", afirma. O líder do PL na Câmara diz, ainda, que continuará enfrentando "no bom sentido" o presidente da Câmara para tentar aprovar o PL da anistia e que espera ter, nesta quarta-feira (9), os 257 apoios necessários para registrar o pedido de urgência para o PL da anistia – o que levaria o projeto diretamente ao plenário. Nas contas de Cavalcante, ele tem atualmente o apoio de 223 deputados. LEIA MAIS Moraes diz que presos do 8 de janeiro podem receber assistência religiosa na cadeia Líder do PL pede a Moraes que autorize assistência religiosa a presos do 8 de janeiro PL quer suspensão de ação contra Ramagem enquanto durar seu mandato; decisão depende de aval da Câmara PMDB, PFL e até mesmo o PT já tiveram grandes bancadas na Câmara. Mas seus líderes sempre tiveram juízo e nunca afrontaram o bloco que, desde o governo Sarney, tem o poder na Casa: o Centrão.

Abr 9, 2025 - 13:34
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Estilo de liderança de Sóstenes Cavalcante para aprovar anistia desagrada ao PL e ao Centrão

Líder do PL na Câmara levou partido a obstruir trabalhos e ameaçou expor deputados que não apoiam o projeto que perdoa envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Após mal-estar causado pelas iniciativas, voltou atrás. "Eu recuei, sim. Não tenho problemas em mudar estratégias." O estilo de liderança do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) tem desagradado setores de seu partido e do Centrão. A decisão de obstruir os trabalhos da Câmara, até que o projeto de lei que anistia os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro fosse votado não tinha unanimidade no PL. Mesmo assim, foi levada adiante por Sóstenes, paralisando a Casa por uma semana. Outra estratégia que irritou aliados foi a ameaça de divulgar os nomes dos parlamentares que não assinaram o requerimento de urgência do projeto. "Até o Lindbergh Farias [vice-líder do governo na Câmara] está mais flexível", zombou um deputado do PL. Após o mal-estar causado pela ameaça, o líder do PL recuou também dessa ideia, e foi às redes sociais dizer que a ideia de expor os nomes dos deputados que não apoiam a anistia seria adiada. VÍDEO: aprovar a anistia 'seria consagraçãod a impunidade', diz Gilmar Mendes; ASSISTA 'Seria a consagração da impunidade', diz Gilmar Mendes sobre projeto de anistia para condenados pelo 8 de janeiro Para parlamentares, Sóstenes ouve mais Malafaia que o PL Na visão dos parlamentares, Sóstenes ouve mais o pastor Silas Malafaia do que o próprio partido. O papel do pastor, hoje, é vocalizar o que não fica bem na boca de Sóstenes e de Jair Bolsonaro (PL). Vêm de Malafaia, por exemplo, os ataques mais duros contra o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que ele chamou de vergonha para o povo da Paraíba. No discurso de Malafaia, o parlamentar não encampa o projeto da anistia por medo de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As ameaças, os ataques pessoais e a tentativa de constranger deputados, entretanto, causaram uma onda de solidariedade ao presidente da Câmara. 'Meu estilo sempre foi ser firme por minhas convicções', diz Cavalcante Ao blog, Sóstenes Cavalcante diz discordar das críticas que o apresentam como muito agressivo. "Meu estilo sempre foi ser firme por minhas convicções. Estou enfrentando a pressão contrária do governo e do STF. Se não fosse agressivo, eu jamais conseguiria chegar aonde estou chegando", afirmou o líder do PL. “Estou convicto de que construo a maioria. Isso graças a muita ajuda que consegui e também ao meu estilo mais combativo de articulação.” Sobre os recuos na obstrução e na exposição de deputados que não apoiam a anistia, Cavalcante diz que foi convencido por Bolsonaro de que não seria uma boa estratégia. "Eu recuei sim. Não tenho problemas em mudar estratégias", afirma. O líder do PL na Câmara diz, ainda, que continuará enfrentando "no bom sentido" o presidente da Câmara para tentar aprovar o PL da anistia e que espera ter, nesta quarta-feira (9), os 257 apoios necessários para registrar o pedido de urgência para o PL da anistia – o que levaria o projeto diretamente ao plenário. Nas contas de Cavalcante, ele tem atualmente o apoio de 223 deputados. LEIA MAIS Moraes diz que presos do 8 de janeiro podem receber assistência religiosa na cadeia Líder do PL pede a Moraes que autorize assistência religiosa a presos do 8 de janeiro PL quer suspensão de ação contra Ramagem enquanto durar seu mandato; decisão depende de aval da Câmara PMDB, PFL e até mesmo o PT já tiveram grandes bancadas na Câmara. Mas seus líderes sempre tiveram juízo e nunca afrontaram o bloco que, desde o governo Sarney, tem o poder na Casa: o Centrão.