Entrevista a Miguel Barbosa, do CPR ao TT: há muita qualidade a todos os níveis, organizativo, equipas, pilotos, mas quanto a promoção, podia-se fazer mais…
Miguel Barbosa, antigo piloto do CPR, que ainda corre no todo-o-terreno, fez uma visita ao Rali Terras d’Aboboreira, e em conversa com o AutoSport, expressou-nos a sua nostalgia pelas provas de terra, destacando a atual competitividade crescente no campeonato, muito impulsionada pela presença de equipas oficiais e pilotos estrangeiros. Considera que esta nova fórmula eleva […] The post Entrevista a Miguel Barbosa, do CPR ao TT: há muita qualidade a todos os níveis, organizativo, equipas, pilotos, mas quanto a promoção, podia-se fazer mais… first appeared on AutoSport.

Miguel Barbosa, antigo piloto do CPR, que ainda corre no todo-o-terreno, fez uma visita ao Rali Terras d’Aboboreira, e em conversa com o AutoSport, expressou-nos a sua nostalgia pelas provas de terra, destacando a atual competitividade crescente no campeonato, muito impulsionada pela presença de equipas oficiais e pilotos estrangeiros. Considera que esta nova fórmula eleva o nível da competição, beneficiando tanto os pilotos nacionais como o público. Miguel Barbosa defende ainda que é crucial promover e divulgar mais os ralis, encarando-os como um espetáculo mediático que atrai investimento, e sugere um esforço conjunto entre promotores, federação e equipas para elevar ainda mais a fasquia, mas relembra a qualidade do CPR, sublinhando que Kris Meeke o considera o melhor campeonato da Europa.
Falou-nos também do WRC e reconhece que a disciplina enfrenta desafios devido ao menor atual envolvimento das marcas e decisões passadas menos acertadas, como, por exemplo, a introdução de híbridos.
Em relação ao Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno, Barbosa aponta para a necessidade de mais estruturas profissionais, como as existentes no CPR, para impulsionar ainda mais a modalidade.
Miguel, saudades dos tempos em que andaste no CPR?
“Algumas! Sempre gostei bastante das provas de terra. Este Rali Terras d’aboboreira é uma prova com troços e zonas de eleição, portanto, vim ver, o tempo não está a ajudar muito, tornou isto um grande desafio para todos, mas sim, tenho algumas saudades, sobretudo das provas de terra.”
O que dizes disto tudo agora, comparativamente ao tempo em que cá estiveste?
“Está melhor, claro, a competitividade tem vindo a aumentar. Já na altura quando eu entrei a competitividade estava já a subir, já muito mais alta do que três ou quatro anos antes e eu acho que está muito bem, o CPR está de boa saúde e recomenda-se, com as equipas oficiais presentes. Eu acho que isso é fundamental para a vitalidade de um campeonato, pelo que investem, pelo que promovem, pelo que trazem.
E esta nova fórmula com pilotos estrangeiros atrai muito público, de facto, são uma classe à parte em termos de andamento, o que é natural, também. Para além disso, muitas equipas do WRC2 nesta prova particularmente, a treinar para o Rali de Portugal, o que vem abrilhantar também aqui a competitividade. Eu acho que isso é bom para todos, é bom para os concorrentes nacionais, bom para o público, sobretudo. E acho que é bom também para a comunicação social.”
Concordas que a vinda pilotos estrangeiros também aumenta a competitividade entre os nacionais?
Sem dúvida! Puxa mais, os pilotos nacionais têm que elevar o nível, também. A bitola é outra, e tem que se ir atrás e isso também acontece nutras categorias, na velocidade, no todo terreno, que é o caso que eu conheço melhor, e eu acho que isso é bom.”
O WRC está com problemas, como achas que se pode explicar que uma disciplina tão popular pode ter chegado ao estado em que está?
“Acho que tem a ver com o envolvimento das marcas. Acho que o segredo está em encontrar uma forma de chamar mais marcas. O promotor continua a fazer um bom trabalho de promoção e a escolher bons ralis, mas acho que se tomaram algumas decisões no passado, que, se calhar não foram as mais indicadas, como foi o caso dos híbridos e tudo mais, e agora estão a fazer marcha atrás, pois isso representou muitos custos adicionais para as equipas.
Em boa hora travaram, também, essas regras que estavam igualmente planeadas para o WRC2, e portanto, em boa hora que isso aconteceu. Mas pronto, continua a haver uma paixão muito grande pelos ralis, é de facto uma modalidade espetacular.
Basta vermos aqui, estamos a ver o Adrien Formaux a passar, isto são coisas únicas e, portanto, é preciso ter mais carros na estrada. Agora, há sempre a questão dos custos e isso será sempre assim. Vamos ver o que o futuro reserva. Se passa por baixar um bocado o nível dos RC1…”
E nos ralis portugueses, o que achas que poderia ser feito para elevar ainda mais os ralis em Portugal, talvez mais do lado organizativo ou outros que entendas referir?
“Eu acho que é sempre possível fazer mais em tudo. E acho que muito passa pela promoção e pela divulgação, pela qualidade da das organizações.
Acho que em Portugal há muita qualidade a todos os níveis, a nível organizativo, a nível das equipas, a nível dos pilotos, mas é verdade que são muitas equipas e os pilotos a fazer o espetáculo em termos de promoção e de ‘media’ e a levarem, digamos assim, a carroça para frente.
E acho que deveria haver, ou um promotor, ou a federação a ter aqui, se calhar – e que já faz também, tem vindo a investir nos ‘media’ e a televisão e tudo mais – mas se calhar devia haver um esforço conjunto maior nesse sentido. Eu acho que é isso que está a faltar, e se calhar também a nível de exigência, ser um bocadinho maior nesse sentido.
Parece-me que há essa exigência a nível organizativo, mas tudo o que diz respeito a promoção, medias e tudo mais, se calhar podia-se fazer mais…”
É preciso olhar para isto como um evento mediático, como um espetáculo. Isto tem que ser pensado assim, porque isso é que dá a retorno às marcas. Mas temos que também olhar para os pontos positivos, ainda ontem estava a falar com o Kris Meeke, e ele dizia que isto é o melhor campeonato que ele conhece na Europa.
Estamos a falar do italiano, etc., temos que olhar para os pontos positivos também. Agora, a pergunta é: podemos fazer melhor? Podemos, mas temos que reconhecer a qualidade do campeonato e tudo o que envolve. Temos claramente que olhar para os aspetos positivos…”
E o TT em Portugal, há algo que gostavas que fosse diferente do que sucede atualmente?
“O Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno é um bocadinho à semelhança do CPR. E acho que o CPR dos últimos anos tem vivido e bem de muito muitas estruturas profissionais, como é o caso da Sports & You, da Hyundai como marca que se envolveu, puxou o campeonato para cima, agora a Toyota. E isso no todo terreno não existe…
Ou melhor, há menos, está a Toyota, e portanto, eu acho que isso também é um fator, porque nós sempre tivemos o melhor campeonato da Europa de Todo-o-Terreno, em termos de pilotos, veículos, de organização e a prova disso é que temos provas de Campeonato do Mundo, do Campeonato da Europa, em Portugal, mais outras também das Bajas, etc. Portanto, isso é um sinal muito forte de que temos muita qualidade e capacidade. Em termos de pilotos também, agora é preciso fazer também um bocadinho mais nesse sentido…”The post Entrevista a Miguel Barbosa, do CPR ao TT: há muita qualidade a todos os níveis, organizativo, equipas, pilotos, mas quanto a promoção, podia-se fazer mais… first appeared on AutoSport.