Entre a música e o bizarro, o IndieLisboa revela mais notas da programação

O IndieLisboa divulgou esta terça-feira a programação das secções IndieMusic e Boca do Inferno. A próxima edição chega a Lisboa em Maio.

Mar 25, 2025 - 13:52
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Entre a música e o bizarro, o IndieLisboa revela mais notas da programação
Entre a música e o bizarro, o IndieLisboa revela mais notas da programação

O festival de cinema IndieLisboa vai libertando os destaques da programação que fará parte da próxima edição, que decorre entre 1 e 11 de Maio. Agora chegou a vez da música que vai ao cinema, no popular braço da programação IndieMusic, e também dos bizarros filmes da secção Boca do Inferno.

São dez as produções que este ano irão dar música às telas do IndieLisboa, três delas com dedo português. É o caso de Filhos do Meio – Hip Hop à Margem, de Luís Almeida, um filme que, apesar de ter apenas uma hora de duração, recua às origens do hip hop em Almada e no Miratejo, localidades na Margem Sul que estão ligadas aos primeiros focos do género em Portugal. Este documentário conta com o testemunho de alguns dos protagonistas desse impulso, num território de grande diversidade cultural. Já o filme Orlando Pantera, de Catarina Alves Costa e uma produção que junta Portugal e Cabo Verde, recorda o músico cabo-verdiano (1967-2001) através de arquivos e encenações musicais, com interpretações de alguns artistas contemporâneos como Mayra Andrade. Por fim, o Paraíso. Filme de Daniel Mota que ilumina o caminho até ao início dos anos 1990, marcado pela explosão da música de dança em Portugal. Com imagens exclusivas e entrevistas a DJs, produtores, bailarinos e promotores, é uma viagem à cultura rave nacional.

Filhos do Meio
©Cortesia IndieLisboa'Filhos do Meio - Hip Hop à Margem', de Luís Almeida

Mas o IndieMusic é também uma volta ao mundo bastante afinada. A lusofonia tem ainda espaço no documentário brasileiro Milton Bituca Nascimento, de Flávia Moraes, numa obra que mergulha na sua história e explora o seu legado musical, tendo como pano de fundo a sua digressão de despedida. De Itália, chega Canone Effimero, de Massimiliano De Serio, sobre uma espécie de gaita de foles italiana, chamada zampogna, originária da Calábria. Mas esse é apenas o ponto de partida de um documentário que acaba por explorar uma série de tradições de várias regiões italianas que vão sobrevivendo ao passar dos tempos. Na mesma linha da tradição, agora espanhola, o IndieMusic estreia La Guitarra Flamenca de Yerai Cortés, a estreia na realização de Antón Álvarez, mais conhecido como C. Tangana, músico e rapper espanhol que passou pela edição anterior, mas como protagonista de um documentário sobre o seu último álbum.

Para o IndieLisboa, e possivelmente sem tarifas, os EUA exportam quatro filmes: It Was All a Dream, da realizadora dream hampton (assina assim, em homenagem à autora e activista bell hooks), sobre a idade dourada do hip hop lá na América; Move Ya Body: The Bird Of House, de Elegance Bratton, que examina a evolução da música house, com destaque para o DJ e produtor Vince Lawrence; Sly Lives! (aka The Burden of Black Genius), de Ahmir “Questlove” Thompson, que recorda o sucesso de Sly Stone nos anos 1960 e 1970 e o posterior esquecimento, explorando ainda as dificuldades que enfrentam muitos artistas negros; e Monk In Pieces, de Billy Shebar e David Roberts, em co-produção com Alemanha e França, sobre a multidisciplinar Meredith Monk, hoje com 82 anos e uma figura ímpar que influenciou artistas como Björk ou David Byrne.

Billy Shebar e David Roberts
©Cortesia IndieLisboa'Monk In Pieces', de Billy Shebar e David Roberts

Pastores, zombies e vingança

Para os mais corajosos, o IndieLisboa volta a reunir um conjunto de filmes em torno de temas bizarros. E são sete as longas-metragens ao serviço da secção Boca do Inferno. Um dos destaques chama-se Serpent’s Path, do realizador e mestre do macabro japonês que refaz o filme original de 1998, em parceria com a Cinefrance Studios. Uma história de vingança que acompanha um homem a quem mataram a filha que, juntamente com uma misteriosa mulher, persegue os responsáveis.

O festival apresenta também a estreia do britânico Chris Andrews na realização de uma longa-metragem, trabalho que lhe tem valido alguns prémios. Bring Them Down é uma viagem à Irlanda rural, onde duas famílias de pastores lidam com pequenas rivalidades que acabam por escalar. Barry Keoghan (Os Espíritos de Inisherin) e Christopher Abbott (Pobres Criaturas) lideram o elenco. A Boca do Inferno inclui alguns regressos ao festival, como o uruguaio Pablo Stoll que este ano traz El Tema del Verano, onde três amigas seduzem rapazes endinheirados para lhes roubar o dinheiro, num plano que tem tudo para correr mal, com zombies à mistura. Também estará de volta o trabalho de Adilkhan Yerzhanov, do Cazaquistão: o seu último filme, Cadet, acompanha um tímido rapaz maltratado numa escola militar, tanto por colegas como por professores.

El Tema del Verano
©Cortesia IndieLisboa'El Tema del Verano', de Pablo Stol

Os restantes três filmes da Boca do Inferno são El Llanto, de Pedro Martín-Calero, um filme dividido em três partes, cada uma focada numa mulher assombrada por uma figura apenas visível pela câmara de filmar; Mads, de David Moreau, outra incursão pelos mortos-vivos que apanha na curva um rapaz que tinha ido comprar droga e, no regresso a casa, dá boleia a quem não deve; e Vulcanizadora, de Joel Potrykus, comédia negra sobre dois amigos que embarcam numa perturbadora missão na floresta do Michigan (EUA). Nesta secção há espaço para o cinema de curta duração, numa sessão muito intensa composta por oito produções. A programação pode ser consultada no site do IndieLisboa.