Do meu baú (8)
No inigualável cenário da Capela Sistina, começa hoje o terceiro conclave do século para eleger um Papa. Haverá novidades já amanhã? Não faço previsões. Prefiro revisitar a minha hemeroteca: dela extraio este recorte. «Seis candidatos da América», peça de abertura da página 6 no El País de 7 de Abril de 2005. João Paulo II falecera cinco dias antes, especulava-se sobre quem seria o seu sucessor. Neste artigo, escrito por Frances Relea, equaciona-se a hipótese de o Sumo Pontífice vir da América hispânica. Sendo indicados seis nomes: o hondurenho Óscar Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa; o argentino Jorge Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires; o brasileiro Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo; o cubano Jaime Ortega, arcebispo de Havana; o colombiano Darío Castrillón, prefeito da Congregação para o Clero na cúria vaticana; e o mexicano Norberto Rivera, arcebispo da Cidade do México. Sabemos hoje que o trono de Pedro não foi ocupado por nenhum deles nesse Abril de há vinte anos: no dia 19, o conclave elegeria o alemão Josef Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Mas há um toque profético neste artigo, arquivado no meu baú: Bergoglio seria mesmo eleito Papa. Não daquela vez, mas no conclave seguinte, a 13 de Março de 2013. Foi preciso esperar oito anos para a hipótese se tornar realidade. o argentino Francisco, primeiro chefe da Igreja oriundo do continente americano e do Hemisfério Sul, primeiro pontífice católico não nascido na Europa em mais de 1200 anos. Sobre o jesuíta Bergoglio, Relea escreveu as seguintes linhas: «Aparece em várias listas [de possíveis Papas]. Estudou Química e é considerado progressista. Teve papel destacado na fracassada tentativa de conseguir um largo entendimento entre amplos sectores da sociedade argentina após a grave crise política, económica e social desencadeada em Dezembro de 2001 que provocou a queda do Governo de Fernando de la Rúa.» Por curiosidade, o que sucedeu aos cinco restantes? Óscar Maradiaga manteve-se até 2023 à frente da maior diocese das Honduras: é hoje, aos 82 anos, arcebispo emérito e participa no restrito grupo de cardeais que estudam a revisão da constituição apostólica Pastor Bonus, na Cúria Romana. Cláudio Hummes permaneceu como arcebispo de São Paulo até 2010. Faleceu em 2022, aos 87 anos. Jaime Ortega viria a renunciar ao posto máximo da Igreja cubana em 2016, após 35 anos em funções, tendo assumido relevante papel de mediador no restabelecimento das relações diplomáticas entre Havana e Washington, ocorrido em Julho de 2015, durante a administração Obama. Faleceu em 2019, aos 82 anos. Darío Castrillón - o mais velho deste grupo destacado no El País - renunciou no ano seguinte às funções que desempenhava no Vaticano. Faleceu em 2018, aos 88 anos. Norberto Rivera cessou funções, a seu pedido, como arcebispo primaz do México em Dezembro de 2017 após 22 anos neste posto. Hoje, com 82 anos, integra a Cúria do Vaticano. Sairá fumo branco da chaminé da Capela Sistina ainda no decurso desta semana? É esperar para ver. Muitos são chamados, mas só um é escolhido.

No inigualável cenário da Capela Sistina, começa hoje o terceiro conclave do século para eleger um Papa. Haverá novidades já amanhã? Não faço previsões. Prefiro revisitar a minha hemeroteca: dela extraio este recorte. «Seis candidatos da América», peça de abertura da página 6 no El País de 7 de Abril de 2005.
João Paulo II falecera cinco dias antes, especulava-se sobre quem seria o seu sucessor. Neste artigo, escrito por Frances Relea, equaciona-se a hipótese de o Sumo Pontífice vir da América hispânica. Sendo indicados seis nomes: o hondurenho Óscar Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa; o argentino Jorge Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires; o brasileiro Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo; o cubano Jaime Ortega, arcebispo de Havana; o colombiano Darío Castrillón, prefeito da Congregação para o Clero na cúria vaticana; e o mexicano Norberto Rivera, arcebispo da Cidade do México.
Sabemos hoje que o trono de Pedro não foi ocupado por nenhum deles nesse Abril de há vinte anos: no dia 19, o conclave elegeria o alemão Josef Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Mas há um toque profético neste artigo, arquivado no meu baú: Bergoglio seria mesmo eleito Papa. Não daquela vez, mas no conclave seguinte, a 13 de Março de 2013.
Foi preciso esperar oito anos para a hipótese se tornar realidade. o argentino Francisco, primeiro chefe da Igreja oriundo do continente americano e do Hemisfério Sul, primeiro pontífice católico não nascido na Europa em mais de 1200 anos.
Sobre o jesuíta Bergoglio, Relea escreveu as seguintes linhas:
Por curiosidade, o que sucedeu aos cinco restantes?
Óscar Maradiaga manteve-se até 2023 à frente da maior diocese das Honduras: é hoje, aos 82 anos, arcebispo emérito e participa no restrito grupo de cardeais que estudam a revisão da constituição apostólica Pastor Bonus, na Cúria Romana.
Cláudio Hummes permaneceu como arcebispo de São Paulo até 2010. Faleceu em 2022, aos 87 anos.
Jaime Ortega viria a renunciar ao posto máximo da Igreja cubana em 2016, após 35 anos em funções, tendo assumido relevante papel de mediador no restabelecimento das relações diplomáticas entre Havana e Washington, ocorrido em Julho de 2015, durante a administração Obama. Faleceu em 2019, aos 82 anos.
Darío Castrillón - o mais velho deste grupo destacado no El País - renunciou no ano seguinte às funções que desempenhava no Vaticano. Faleceu em 2018, aos 88 anos.
Norberto Rivera cessou funções, a seu pedido, como arcebispo primaz do México em Dezembro de 2017 após 22 anos neste posto. Hoje, com 82 anos, integra a Cúria do Vaticano.
Sairá fumo branco da chaminé da Capela Sistina ainda no decurso desta semana? É esperar para ver. Muitos são chamados, mas só um é escolhido.