DNA raro de múmias pode desvendar o Saara antes do deserto

Genoma de múmias revela informações sobre o passado dos habitantes da África do Norte na época do Saara Verde The post DNA raro de múmias pode desvendar o Saara antes do deserto appeared first on Giz Brasil.

Abr 5, 2025 - 23:54
 0
DNA raro de múmias pode desvendar o Saara antes do deserto

Um artigo publicado na Nature revelou descobertas sobre o sequenciamento dos genomas de dois cadáveres de 7 mil anos no sítio arqueológico Takarkori, na Líbia.

Os autores confirmaram que os ancestrais dos habitantes do Norte na África, os Takarkori, do antigo Saara Verde, viviam isolados dos habitantes da África Subsaariana. Atualmente, o maior deserto quente da Terra, o Saara, já teve rios, florestas e gado em pradarias. Isso aconteceu durante o Período Úmido Africano, entre 11 mil a cinco mil anos.

Na época, os saarianos aderiram ao pastoreio, criando gado proveniente do sudoeste da Ásia. No entanto, os pesquisadores não sabiam se a prática resultou da migração de pastores e fazendeiros ou do intercâmbio entre as culturas.

Assim, comparando os genomas das múmias com 795 genomas atuais e 117 antigos da África — sudoeste da Ásia e Europa — eles descobriram que os Takarkori não têm ancestralidade subsaariana.

“Com base nessa descoberta, os pesquisadores deduzem que, mesmo quando pontilhado com ecossistemas verdes, o Saara provavelmente continha ‘barreiras ecológicas’ que desempenharam um ‘papel persistente na limitação do fluxo genético humano’ ao longo da história”, disse a autora, Nada Salem, em uma declaração. “Esta descoberta revela como o pastoreio se espalhou pelo Saara Verde, provavelmente por meio de troca cultural em vez de migração em larga escala.”

O que os pesquisadores descobriram sobre os habitantes do Saara Verde?

As múmias Takarkori, na verdade, compartilhavam laços genéticos próximos com um grupo de 15 mil anos da Caverna Taforalt, no Marrocos, anterior ao Período Úmido Africano. Os Taforalt também não possuíam relação com as populações da África Subsaariana, provavelmente descendendo de ancestrais isolados do Norte da África.

Os pesquisadores descobriram ainda que os genomas Takarkori tinham relações mais próximas com humanos de 50 mil anos de Zlatý kůň, na República Tcheca. Além disso, os Takarkori carregavam pequenas quantidades de DNA neandertal, cerca de um décimo da quantidade presente em humanos modernos não africanos.

A população de Zlatý kůň foi uma das primeiras conhecidas de Homo sapiens fora da África. Análises recentes sugerem que eles tenham sido o primeiro grupo de humanos modernos a cruzar com neandertais.

Porém, a descoberta indica que, embora os saarianos verdes fossem parentes dos primeiros humanos a deixar a África, eles não tiveram contato com populações posteriores, com mais DNA neandertal. Ou seja, possivelmente permaneceram em isolamento por dezenas de milhares de anos. Devido à miscigenação de hoje, a linhagem mudou, mas os traços dos ancestrais do Saara Verde ainda são detectáveis nos genomas dos norte-africanos modernos.

Com informações do IFLScience.

The post DNA raro de múmias pode desvendar o Saara antes do deserto appeared first on Giz Brasil.