Defesas não negam tentativa de golpe, mas ressaltam que seus clientes não participaram
Durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que analisou a denúncia contra Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado, os advogados de defesa adotaram uma estratégia comum: não negaram que houve articulações golpistas, mas sustentaram que seus clientes não participaram delas. O advogado de Bolsonaro, Celso Villardi, chegou a reconhecer a gravidade dos atos de 8 de janeiro de 2023, classificando-os como uma tentativa de criar um cenário de caos institucional com o objetivo de justificar uma intervenção militar via Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Ainda assim, argumentou que o ex-presidente não teve envolvimento direto na articulação desses movimentos. Villardi também mencionou a chamada "minuta do golpe", documento encontrado na residência do então ministro da Justiça, Anderson Torres. Ele afirmou que sua existência foi “colocada apenas na boca do delator”. No entanto, o próprio Bolsonaro já admitiu a existência do texto, dizendo apenas que não o assinou. Outros advogados reforçaram a linha técnica da defesa. José Luís Oliveira Lima, que representa o general Braga Netto, e Villardi, que defende Bolsonaro, se concentraram em criticar a condução do processo, com foco especial na alegada ausência da integralidade das provas reunidas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Oliveira Lima afirmou que não teve acesso completo a áudios, vídeos e registros telefônicos, o que, segundo ele, pode comprometer o direito de defesa. “Como posso saber se aquele trecho que dizem comprometer meu cliente não é contradito mais adiante?”, questionou. 1ª Turma do STF começa a julgar a denúncia contra Jair Bolsonaro e outros sete aliados Houve também críticas ao que os advogados chamaram de “lapsos temporais” nas provas, e à suposta seleção de trechos mais sensíveis, o que, para eles, teria criado uma narrativa artificial da acusação. Um dos advogados chegou a ironizar, dizendo que a PF “fez uma seleção dos melhores momentos”. Apesar disso, houve defesas que usaram a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, como trunfo. O advogado do próprio Cid, Cezar Bittencourt, destacou a contribuição do cliente para esclarecer os fatos. Primeira Turma do STF discute denúncia contra Bolsonaro Rosinei Coutinho/STF Já Andrew Fernandes Farias, defensor do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, usou trechos da delação para sustentar que o general foi contrário a qualquer plano golpista, inclusive se opondo à adulteração de relatórios das Forças Armadas que seriam enviados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O advogado do general Paulo Sérgio Nogueira, inclusive, não só não negou que houve o planejamento para uma tentativa de um golpe, como disse que a delação de Mauro Cid mostra que o ex-ministro da Defesa se colocou contra qualquer tentativa de intervenção militar. E que temia que radicais convencessem o ex-presidente Bolsonaro a fazer uma "doideira". Defesas rebatem a acusação O advogado de Braga Netto, José Luiz de Oliveira, se solidarizou com o Supremo pelo que aconteceu no dia 8 de janeiro, quando golpistas invadiram o prédio do tribunal e depredaram. Os advogados dos denunciados buscaram, por outro lado, questionar tecnicamente pontos da denúncia da PGR. Principalmente a falta de acesso à integralidade de algumas provas, como mídias de conversas. Segundo eles, a denúncia traz lapsos temporais que só podem ser preenchidas com o acesso a esse material para checar se algo pode surgir de forma contraditória ao que a PF apontou. O advogado de Braga Netto afirmou, inclusive, que a PF registrou apenas os melhores momentos destas provas, e que era preciso ter acesso ao restante para checar a situação concreta de seu cliente. Os advogados afirmaram que o acesso a essa material na íntegra poderia ser crucial até para o recebimento da denúncia, o que os ministros terão de enfrentar em seus votos. Dentre os oito advogados que se manifestaram, apenas os representantes de Mauro Cid e Paulo Sérgio Nogueira destoaram ao utilizar a delação como peça de defesa. Os demais a questionaram com veemência.


Durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que analisou a denúncia contra Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado, os advogados de defesa adotaram uma estratégia comum: não negaram que houve articulações golpistas, mas sustentaram que seus clientes não participaram delas. O advogado de Bolsonaro, Celso Villardi, chegou a reconhecer a gravidade dos atos de 8 de janeiro de 2023, classificando-os como uma tentativa de criar um cenário de caos institucional com o objetivo de justificar uma intervenção militar via Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Ainda assim, argumentou que o ex-presidente não teve envolvimento direto na articulação desses movimentos. Villardi também mencionou a chamada "minuta do golpe", documento encontrado na residência do então ministro da Justiça, Anderson Torres. Ele afirmou que sua existência foi “colocada apenas na boca do delator”. No entanto, o próprio Bolsonaro já admitiu a existência do texto, dizendo apenas que não o assinou. Outros advogados reforçaram a linha técnica da defesa. José Luís Oliveira Lima, que representa o general Braga Netto, e Villardi, que defende Bolsonaro, se concentraram em criticar a condução do processo, com foco especial na alegada ausência da integralidade das provas reunidas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Oliveira Lima afirmou que não teve acesso completo a áudios, vídeos e registros telefônicos, o que, segundo ele, pode comprometer o direito de defesa. “Como posso saber se aquele trecho que dizem comprometer meu cliente não é contradito mais adiante?”, questionou. 1ª Turma do STF começa a julgar a denúncia contra Jair Bolsonaro e outros sete aliados Houve também críticas ao que os advogados chamaram de “lapsos temporais” nas provas, e à suposta seleção de trechos mais sensíveis, o que, para eles, teria criado uma narrativa artificial da acusação. Um dos advogados chegou a ironizar, dizendo que a PF “fez uma seleção dos melhores momentos”. Apesar disso, houve defesas que usaram a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, como trunfo. O advogado do próprio Cid, Cezar Bittencourt, destacou a contribuição do cliente para esclarecer os fatos. Primeira Turma do STF discute denúncia contra Bolsonaro Rosinei Coutinho/STF Já Andrew Fernandes Farias, defensor do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, usou trechos da delação para sustentar que o general foi contrário a qualquer plano golpista, inclusive se opondo à adulteração de relatórios das Forças Armadas que seriam enviados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O advogado do general Paulo Sérgio Nogueira, inclusive, não só não negou que houve o planejamento para uma tentativa de um golpe, como disse que a delação de Mauro Cid mostra que o ex-ministro da Defesa se colocou contra qualquer tentativa de intervenção militar. E que temia que radicais convencessem o ex-presidente Bolsonaro a fazer uma "doideira". Defesas rebatem a acusação O advogado de Braga Netto, José Luiz de Oliveira, se solidarizou com o Supremo pelo que aconteceu no dia 8 de janeiro, quando golpistas invadiram o prédio do tribunal e depredaram. Os advogados dos denunciados buscaram, por outro lado, questionar tecnicamente pontos da denúncia da PGR. Principalmente a falta de acesso à integralidade de algumas provas, como mídias de conversas. Segundo eles, a denúncia traz lapsos temporais que só podem ser preenchidas com o acesso a esse material para checar se algo pode surgir de forma contraditória ao que a PF apontou. O advogado de Braga Netto afirmou, inclusive, que a PF registrou apenas os melhores momentos destas provas, e que era preciso ter acesso ao restante para checar a situação concreta de seu cliente. Os advogados afirmaram que o acesso a essa material na íntegra poderia ser crucial até para o recebimento da denúncia, o que os ministros terão de enfrentar em seus votos. Dentre os oito advogados que se manifestaram, apenas os representantes de Mauro Cid e Paulo Sérgio Nogueira destoaram ao utilizar a delação como peça de defesa. Os demais a questionaram com veemência.