Crítica | Sing Sing (2025): aprendendo com as migalhas

O longa tem 3 indicações ao Oscar 2025 e tem atuações marcantes e uma abordagem sensível, transformando a dureza da prisão em uma experiência profundamente humana. O post Crítica | Sing Sing (2025): aprendendo com as migalhas apareceu primeiro em Cinema com Rapadura.

Abr 26, 2025 - 17:54
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Crítica | Sing Sing (2025): aprendendo com as migalhas

Toda vez que vejo um filme, sinto que preciso entrar nele. Sentir a história e os personagens é algo necessário na hora de falar sobre. Em “Sing Sing”, conseguimos nos conectar aos poucos com a narrativa, sendo impossível não sair mexido da sala de cinema.

Nele, conhecemos o presídio de segurança máxima “Sing Sing” que, mesmo sendo um lugar rígido e metódico, tem sua rotina transformada pela arte presente no programa RTA (Rehabilitation Through the Arts), trazendo esperança para Divine G (Colman Domingo), Clarence “Divine Eye” Maclin (Clarence Maclin) e muitos outros homens.

No início do filme, Colman Domingo impressiona com um diálogo teatral intenso. Nesse momento, ficamos conectados com esse homem que parece ser fundamental para a história (afinal, ele não seria o protagonista da peça se não fosse importante). O que se segue são cenas de ambientação que estabelecem o dia a dia da prisão e de Divine G. Vale ressaltar a qualidade da direção geral, da fotografia e da direção de arte, que criam esse ambiente opressor sem recorrer a diálogos expositivos.

Após a escolha da nova peça e a entrada de Divine Eye na trama, temos momentos impactantes, mas que podem ser entediantes para algumas pessoas. Afinal, trata-se de um filme de diálogos extensos, então ele não é exatamente o mais movimentado da temporada. Diante disso, eu digo: insista. Essas pequenas migalhas de boas cenas estão ali por um motivo.

Esse motivo, quando vem, toma conta do espectador. É emocionante ver aqueles homens conseguindo se expressar, externalizando seus medos e fragilidades. Normalmente, filmes sobre prisões retratam ambientes violentos e personagens caricaturais, mas aqui criamos uma conexão genuína com os detentos. Esse mérito se deve à condução do filme – do roteiro à direção – e às atuações.

Arrisco dizer que Colman Domingo tem grandes chances de levar o Oscar, pois sua atuação é tão sutil quanto a de Fernanda Torres em “Ainda Estou Aqui”. Ele é energético e otimista; gosta de atenção, mas também quer ser o “paizão de todos”. Como a vida real não é justa, muitas vezes esse personagem se vê vazio e inconformado com o sistema no qual está inserido.

Gosto de como isso não é entregue de bandeja. Com a entrada de Clarence Maclin (que também se destaca na atuação), entendemos na prática a dinâmica e os efeitos desse programa na vida daquelas pessoas.

“Sing Sing” amassa todos os concorrentes nas categorias em que está indicado, mas é uma pena não vê-lo entre os indicados a Melhor Filme.

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