Congresso dos EUA classifica DeepSeek como ameaça à segurança nacional e exige esclarecimentos da Nvidia
O Comitê Seleto da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos sobre a Competição Estratégica com o Partido Comunista Chinês classificou a empresa chinesa de inteligência artificial DeepSeek como uma “ameaça profunda” à segurança nacional norte-americana. A avaliação consta de um relatório divulgado nesta quarta-feira (16), que também solicita à fabricante de chips Nvidia informações detalhadas […] O post Congresso dos EUA classifica DeepSeek como ameaça à segurança nacional e exige esclarecimentos da Nvidia apareceu primeiro em O Cafezinho.

O Comitê Seleto da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos sobre a Competição Estratégica com o Partido Comunista Chinês classificou a empresa chinesa de inteligência artificial DeepSeek como uma “ameaça profunda” à segurança nacional norte-americana.
A avaliação consta de um relatório divulgado nesta quarta-feira (16), que também solicita à fabricante de chips Nvidia informações detalhadas sobre transações, contratos e clientes relacionados à startup.
De acordo com o documento, o DeepSeek possui ligações diretas com o Partido Comunista Chinês (PCC) e colabora com instituições estratégicas, incluindo o Laboratório de Zhejiang, apontado como relevante no avanço científico e tecnológico da China. O relatório afirma que a empresa está “projetada para minar ilegalmente a liderança tecnológica dos EUA e políticas americanas críticas para proteger a segurança nacional”.
“O DeepSeek representa uma profunda ameaça à segurança da nossa nação. Embora se apresente como apenas mais um chatbot de IA… uma análise mais detalhada revela que o aplicativo desvia dados de volta para a República Popular da China (RPC), cria vulnerabilidades de segurança para seus usuários e se baseia em um modelo que censura e manipula informações secretamente, de acordo com a lei chinesa”, diz o relatório.
O comitê cita uma investigação da Feroot Security segundo a qual as operações da DeepSeek estariam canalizando dados de usuários norte-americanos por meio de infraestrutura vinculada à China Mobile e ferramentas de rastreamento desenvolvidas por empresas como ByteDance e Tencent.
O documento observa que a China Mobile é uma estatal “relacionada ao setor militar” e classifica a ByteDance como “controlada por adversários estrangeiros”. A Tencent já havia sido rotulada pelo Departamento de Defesa dos EUA como uma “empresa militar chinesa”.
“O [DeepSeek] pode funcionar como um recurso de inteligência de código aberto, alimentando um sistema adversário com dados de usuários americanos”, afirma o comitê.
O relatório sustenta que milhões de cidadãos dos EUA estariam utilizando um sistema de inteligência artificial alinhado com os interesses estratégicos de Pequim, que estende sua política de censura digital às plataformas acessadas por estrangeiros.
O relatório também destaca que os planos tecnológicos da China têm sido monitorados com maior rigor pelos Estados Unidos nos últimos anos, em função de riscos percebidos à segurança nacional. Um dos pontos de atenção é o acesso a semicondutores avançados, considerados fundamentais para o desenvolvimento de sistemas de IA de última geração.
O documento do comitê cita a empresa de análise de mercado SemiAnalysis, segundo a qual a DeepSeek teria acumulado mais de 60 mil chips de alta performance da Nvidia. Parte desses componentes só pode ser exportada à China mediante licença especial dos Estados Unidos, em conformidade com as restrições comerciais em vigor.
Em carta conjunta enviada ao CEO da Nvidia, Jensen Huang, o presidente do comitê, John Moolenaar (Partido Republicano), e o deputado Raja Krishnamoorthi (Partido Democrata), pediram esclarecimentos sobre a possibilidade de que a DeepSeek esteja adquirindo os chips por meio de terceiros países.
A correspondência menciona investigações recentes em Cingapura envolvendo a rotulagem indevida de componentes exportados.
Os parlamentares exigiram que a Nvidia envie até o dia 30 de abril uma lista de clientes do Sudeste Asiático que tenham adquirido mais de 499 chips com aplicações em IA desde 2020, além de comunicações mantidas com a DeepSeek e contratos com empresas chinesas listadas em regimes de restrição pelas autoridades norte-americanas.
A Nvidia respondeu, em nota, que cumpre integralmente as regras de exportação dos EUA. A empresa declarou: “Nossa receita reportada em Singapura indica o endereço de cobrança, geralmente para subsidiárias de nossos clientes nos EUA. Os produtos associados são enviados para outros locais, incluindo os Estados Unidos e Taiwan, não para a China.”
O relatório também relata que a empresa norte-americana OpenAI teria informado ao comitê que a DeepSeek utilizou métodos ilegais para treinar seus modelos de linguagem.
Segundo a OpenAI, o modelo R1 da startup chinesa apresenta semelhanças com suas próprias plataformas, resultado do uso da técnica conhecida como “destilação”, que permite replicar modelos de IA com menor custo computacional.
A OpenAI afirmou que a DeepSeek teria burlado proteções técnicas para acessar propriedade intelectual protegida. Embora especialistas tenham reconhecido que a prática da destilação é comum e de difícil rastreamento, a DeepSeek não respondeu às acusações até o momento.
O relatório final inclui recomendações para fortalecer o controle sobre o setor de inteligência artificial, incluindo a imposição de restrições adicionais à exportação de tecnologias sensíveis, como chips e modelos avançados de IA. O comitê também propõe proibir a aquisição de sistemas de inteligência artificial de origem chinesa por órgãos federais norte-americanos.
As recentes restrições comerciais adotadas pelos EUA geraram debates sobre os impactos estratégicos de limitar o acesso chinês a chips menos avançados. Analistas alertam que as medidas podem impulsionar a indústria doméstica chinesa de semicondutores.
Na semana anterior à divulgação do relatório, a empresa chinesa Huawei apresentou uma nova arquitetura de infraestrutura para inteligência artificial, descrita como de “nível nuclear”. O sistema foi projetado para competir com as soluções da Nvidia, especialmente em aplicações que exigem alto desempenho computacional.
Em reação às acusações do comitê, o porta-voz da embaixada da China nos EUA, Liu Pengyu, declarou à agência Bloomberg que as alegações são “infundadas”. Segundo ele, “o governo chinês valoriza a privacidade dos dados e nunca exigiu, nem exigirá, que empresas ou indivíduos coletem ou armazenem dados ilegalmente”.
Com informações da SCMP
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