Como a ação conjunta de governo e mercado pode potencializar crescimento de data centers no Brasil

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Mar 13, 2025 - 18:04
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Como a ação conjunta de governo e mercado pode potencializar crescimento de data centers no Brasil
Data centers. Foto: IMGix/Unsplash

O mercado de data centers segue em franca expansão globalmente, impulsionado pela crescente demanda por serviços de nuvem, o crescimento exponencial da inteligência artificial e a digitalização da economia. No Brasil, como já citei neste espaço, as projeções indicam investimentos robustos, que podem ultrapassar os US$ 6,5 bilhões anuais até 2030. Com um mercado já aquecido e em pleno desenvolvimento, a cooperação entre governo e setor privado pode potencializar ainda mais esse movimento, tornando o Brasil um dos principais destinos globais para esse setor.

O Brasil possui um diferencial competitivo significativo em relação a outros mercados: matriz energética predominantemente renovável, baixo risco geopolítico e geológico e uma posição geográfica estratégica. Tem tudo para ser alvo preferencial para investidores internacionais e liderar a corrida para atrair investimentos em data centers em relação a outros países emergentes da América Latina. Chile, Colômbia e México estão bem-posicionados nesta disputa e, recentemente, Argentina também demonstrou interesse em entrar na corrida impulsionada por políticas de incentivo. 

Desta maneira, o recente anúncio pelo Ministério de Minas e Energia de criar um decreto-lei voltado a incentivar a instalação de data centers no país é um passo positivo e para o qual os interessados no setor devem mirar todas as atenções. Uma ação alinhada entre setor público e mercado pode potencializar ainda mais os ganhos para quem investir em data centers.  

Alguns pontos específicos merecem atenção. O primeiro é a importância de que a estratégia seja de expansão nacional. O noticiário tratou do foco que o governo vai procurar dar para o Nordeste, que tem, sem dúvida, muitos fatores vantajosos, como a proximidade com cabos submarinos conectados aos Estados Unidos e a crescente geração de energia renovável. No entanto, para que o Brasil se consolide como um polo global de data centers, é necessário um plano equilibrado que valorize tanto os centros já consolidados, como o eixo São Paulo-Campinas, quanto o potencial de outras regiões.

Uma possível solução seria atrelar os investimentos no Sudeste a compromissos de desenvolvimento em outras regiões, garantindo que novos projetos se expandam de forma harmoniosa pelo território nacional. Dessa forma, o governo pode, por exemplo, a cada novo investimento no eixo São Paulo-Campinas, condicionar um valor proporcional no Nordeste ou em outras regiões e, com isso, estimular a descentralização sem comprometer a atratividade do Brasil como um todo. A ampliação dessa estratégia não apenas fortaleceria o setor como também consolidaria a posição do Brasil como um destino preferencial para investimentos desse porte.

Outro ponto que merece a atenção é a diversificação para a qual os projetos de data centers têm avançado. Com a ascensão da inteligência artificial, a localização dos equipamentos se torna menos dependente da proximidade com centros urbanos e mais dependente da disponibilidade de energia elétrica confiável e abundante. Os chamados data centers hyperscale, voltados para o treinamento de modelos de IA, consomem volumes colossais de eletricidade, tornando estratégica a implantação dessas infraestruturas em regiões com ampla geração de energia limpa. 

Outro fator determinante para o crescimento desse setor no Brasil é a sua relação com os Estados Unidos. O novo governo americano acabou de anunciar um pacote de investimentos de US$ 20 bilhões para o setor de data centers. Em vez de uma competição direta, há uma complementaridade natural entre os dois países. Os EUA seguem como o maior mercado consumidor desses serviços, mas enfrentam desafios energéticos crescentes. O Brasil pode se posicionar como uma solução viável para essa demanda, captando investimentos que expandam a capacidade de processamento de dados da América Latina e reduzam a pressão sobre a infraestrutura norte-americana.

O momento é de avanço e consolidação do Brasil nesse mercado. A criação de incentivos fiscais, a redução de tributação sobre equipamentos essenciais para data centers e a implementação de políticas que facilitem a entrada de novos investidores são medidas que podem favorecer ainda mais o crescimento do setor. 

A colaboração entre governo e mercado vai acelerar esse desenvolvimento, garantir que o país capte os melhores e mais relevantes projetos e consolidá-lo como um hub digital de referência na América Latina.

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