Co-CEO da Galp: “Temos apoios de 5%, na Alemanha há apoios de 80%. Isto encaixa no plano Draghi?”
Maria João Carioca defende maior equilíbrio entre os apoios dados a projetos industriais nos países europeus. E questiona se "fechar refinarias europeias resolve o problema do planeta", dado que o problema não desaparece, mas passa para outras geografias.


Projetos industriais para desenvolver a mesma tecnologia contam com diferentes apoios ao seu desenvolvimento entre países da União Europeia, criando distorções no mercado. A mensagem foi transmitida pelo Co-CEO da Galp que defende maior equilíbrio entre os apoios prestados por cada estado-membro.
“Tem financiamento de 5% e os nossos congéneres tem 40%, e para cima, de financiamento. Podiamos traduzir isto como mensagem de queremos mais financiamento, mas queremos que tenham presentes: 5% e 40%-80. Na Alemanha, há infraestruturas de hidrogénio financiadas a 80%. Como é que isto encaixa no plano Draghi?”, disse Maria João Carioca, na terça-feira, referindo-se ao projeto de modernização da refinaria de Sines.
“Se nos dessem um terreno de jogo equilibrado agradeceriamos muito”, afirmou a gestora durante uma apresentação da na conferência organizada pela Executive Digest que teve lugar em Lisboa. “Temos a capacidade de executar o que outros fazem, com apoios muito maiores e introduzindo distorções no mercado que não temos a certeza que estejam alinhadas com o desígnio do plano Draghi.
Maria João Carioca destacou os investimentos de 650 milhões de euros que estão a ser realizados em Sines para produzir hidrogénio verde e combustíveis verdes rodoviários e aeronáuticos.
“Eu não discuto powerpoints, não faço anúncios de powerpoints, vamos a Sines e mostrámos, lama, água, vendavais, às pessoas que estão lá a trabalhar”, disse na sua apresentação. “Fazer, não anunciar, fazer em condições económicas, com capacidade para criar valor, o projeto passou em todos os nossos testes de rentabilidade”.
Na sua intervenção também destacou os efeitos negativos do que chamou de “objetivos de cidadania mundial de descarbonização”.
“Fechar refinarias europeias e entregar em África e nas Américas resolve o problema do planeta?”, destacando que as “refinarias europeias” contam com “critérios exigentes” ao contrário de outras latitudes. “Queremos fechar a refinaria mais jovem da Europa em Sines, para entregar à Dangote [refinadora nigeriana] em África?”, questionou.