Cidade dos Sonhos: 5 razões para ver o clássico restaurado de David Lynch

Chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira (17) o clássico Cidade dos Sonhos (2001), obra que é uma das mais famosas da filmografia de David Lynch e desembarca agora nas telonas em versão restaurada em 4K. Os 10 personagens mais estranhos, misteriosos e perturbadores de David Lynch Twin Peaks Day: 7 momentos únicos das obras do gênio David Lynch Mais de 24 anos após seu lançamento e três meses após a morte do diretor – famoso por beber de fontes surrealistas e criar seu próprio estilo cinematográfico, o Lynchiano – o filme tem agora a oportunidade de ser conhecido por uma nova geração, que não teve a chance de assisti-lo na época de sua estreia. Concebido originalmente para ser uma série da ABC -- que já havia tido um gostinho da extensão criativa de Lynch com Twin Peaks –, Cidade dos Sonhos acabou evoluindo para um longa-metragem neo-noir, lançado no Festival de Cannes em maio de 2001. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.-   O sucesso instantâneo do filme, considerado por muitos especialistas um dos maiores longa-metragens do século XXI, rendeu a Lynch o Oscar de Melhor Diretor, além de diversas premiações para a obra, que construiu um legado indiscutível na história do cinema. A fim, portanto, de relembrar essa história tão aclamada e celebrar seu relançamento nas telonas, o Canaltech montou uma lista de 5 motivos incontestáveis do por que vale a pena ver (ou rever) a obra do diretor. Uma seleção que vai te fazer querer correr para a sessão de cinema mais próxima! 1. Uma história sobre mulheres fascinantes Para além de seu roteiro cheio de simbolismos e significados, Cidade dos Sonhos é um um filme fascinante especialmente pelas personagens que possui. Betty, Diane, Rita e Camilla – as duas primeiras interpretadas por Naomi Watts, nos papéis que a catapultaram para a fama, e as duas últimas por Laura Harring – são mulheres complexas, que embora tenham certos arquétipos definidos possuem muitas camadas de profundidade. Enquanto Betty Elms é uma aspirante a atriz para quem tudo dá certo, quase como em uma versão exagerada das clássicas e inocentes mocinhas de Hollywood, Rita é a mulher em perigo que cruza seu caminho. Uma personagem desmemoriada, que sabe estar correndo perigo, mas precisa descobrir sua verdadeira identidade para entender o que está acontecendo. Diane Selwyn, por sua vez, é o extremo oposto de Betty, sendo a estrela de Hollywood que fracassou não apenas na vida profissional, mas também na pessoal. E há ainda Camilla Rhodes, que embora tenha feito sucesso em Hollywood, representa a figura da mulher bela e maleável, que foi moldada para caber nos espaços que a indústria desejava. Laura Harring em cena do filme Cidade dos Sonhos (Imagem: Divulgação/Universal Pictures) Juntas, as quatro mulheres formam um conjunto muito especial, que talvez exatamente por suas diferenças e pela forma como têm suas vidas entrelaçadas, causam enorme fascínio entre o público. 2. Filme é uma homenagem (e crítica) a Hollywood Não é segredo para ninguém que Hollywood é também uma personagem na obra de David Lynch. Mulholland Drive, inclusive, título original do filme, é uma estrada do sul da Califórnia, um local que, segundo o próprio diretor, transpira a história de Hollywood. Em Cidade dos Sonhos, a região de Los Angeles e todas as aspirações que ela representa são pano de fundo para o longa-metragem, funcionando como mola propulsora para muitas das ações que se desenrolam. A própria indústria cinematográfica, inclusive, aparece diretamente representada no filme, não só nas profissões das personagens, mas também na história de Adam (Justin Theroux), um diretor ameaçado por mafiosos que querem que ele escolha Camilla para ser a protagonista de seu novo projeto. Em Cidade dos Sonhos, Justin Theroux dá vida a um diretor que tem problemas com a máfia (Imagem: Divulgação/Universal Pictures) Tudo aqui, portanto, gira em torno de Hollywood, em uma estrutura narrativa tradicional de três atos que tem tudo para cativar qualquer apaixonado por cinema. 3. Um perfeito exemplar do estilo de Lynch Para quem já tem afinidade com as obras de David Lynch e com a atmosfera onírica e surrealista de suas obras – como Eraserhead (1977), Veludo Azul (1988) e o já citado Twin Peaks (1990) – Cidade dos Sonhos é tudo isso e muito mais. Considerado por muitos a obra prima do diretor, o filme eleva a complexidade de seu estilo ao mergulhar de fato nos sonhos de uma personagem – um salto no inconsciente feito com uma maestria pouco vista no audiovisual. Além de gerar reflexões sobre as imagens que revela (e sobre o que elas querem dizer sobre os desejos daquela pessoa), Cidade dos Sonhos encanta pela complexidade do tema, pela forma como instiga as pessoas a buscarem explicações para o que nem sempre pode ser explicado e pela sensação de arrebatamento que causa no espectador. Naomi Watts e

Abr 17, 2025 - 00:47
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Cidade dos Sonhos: 5 razões para ver o clássico restaurado de David Lynch

Chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira (17) o clássico Cidade dos Sonhos (2001), obra que é uma das mais famosas da filmografia de David Lynch e desembarca agora nas telonas em versão restaurada em 4K.

Mais de 24 anos após seu lançamento e três meses após a morte do diretor – famoso por beber de fontes surrealistas e criar seu próprio estilo cinematográfico, o Lynchiano – o filme tem agora a oportunidade de ser conhecido por uma nova geração, que não teve a chance de assisti-lo na época de sua estreia.

Concebido originalmente para ser uma série da ABC -- que já havia tido um gostinho da extensão criativa de Lynch com Twin Peaks –, Cidade dos Sonhos acabou evoluindo para um longa-metragem neo-noir, lançado no Festival de Cannes em maio de 2001.

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O sucesso instantâneo do filme, considerado por muitos especialistas um dos maiores longa-metragens do século XXI, rendeu a Lynch o Oscar de Melhor Diretor, além de diversas premiações para a obra, que construiu um legado indiscutível na história do cinema.

A fim, portanto, de relembrar essa história tão aclamada e celebrar seu relançamento nas telonas, o Canaltech montou uma lista de 5 motivos incontestáveis do por que vale a pena ver (ou rever) a obra do diretor. Uma seleção que vai te fazer querer correr para a sessão de cinema mais próxima!

1. Uma história sobre mulheres fascinantes

Para além de seu roteiro cheio de simbolismos e significados, Cidade dos Sonhos é um um filme fascinante especialmente pelas personagens que possui.

Betty, Diane, Rita e Camilla – as duas primeiras interpretadas por Naomi Watts, nos papéis que a catapultaram para a fama, e as duas últimas por Laura Harring – são mulheres complexas, que embora tenham certos arquétipos definidos possuem muitas camadas de profundidade.

Enquanto Betty Elms é uma aspirante a atriz para quem tudo dá certo, quase como em uma versão exagerada das clássicas e inocentes mocinhas de Hollywood, Rita é a mulher em perigo que cruza seu caminho. Uma personagem desmemoriada, que sabe estar correndo perigo, mas precisa descobrir sua verdadeira identidade para entender o que está acontecendo.

Diane Selwyn, por sua vez, é o extremo oposto de Betty, sendo a estrela de Hollywood que fracassou não apenas na vida profissional, mas também na pessoal. E há ainda Camilla Rhodes, que embora tenha feito sucesso em Hollywood, representa a figura da mulher bela e maleável, que foi moldada para caber nos espaços que a indústria desejava.

Laura Harring em cena do filme Cidade dos Sonhos (Imagem: Divulgação/Universal Pictures)

Juntas, as quatro mulheres formam um conjunto muito especial, que talvez exatamente por suas diferenças e pela forma como têm suas vidas entrelaçadas, causam enorme fascínio entre o público.

2. Filme é uma homenagem (e crítica) a Hollywood

Não é segredo para ninguém que Hollywood é também uma personagem na obra de David Lynch. Mulholland Drive, inclusive, título original do filme, é uma estrada do sul da Califórnia, um local que, segundo o próprio diretor, transpira a história de Hollywood.

Em Cidade dos Sonhos, a região de Los Angeles e todas as aspirações que ela representa são pano de fundo para o longa-metragem, funcionando como mola propulsora para muitas das ações que se desenrolam.

A própria indústria cinematográfica, inclusive, aparece diretamente representada no filme, não só nas profissões das personagens, mas também na história de Adam (Justin Theroux), um diretor ameaçado por mafiosos que querem que ele escolha Camilla para ser a protagonista de seu novo projeto.

Em Cidade dos Sonhos, Justin Theroux dá vida a um diretor que tem problemas com a máfia (Imagem: Divulgação/Universal Pictures)

Tudo aqui, portanto, gira em torno de Hollywood, em uma estrutura narrativa tradicional de três atos que tem tudo para cativar qualquer apaixonado por cinema.

3. Um perfeito exemplar do estilo de Lynch

Para quem já tem afinidade com as obras de David Lynch e com a atmosfera onírica e surrealista de suas obras – como Eraserhead (1977), Veludo Azul (1988) e o já citado Twin Peaks (1990) – Cidade dos Sonhos é tudo isso e muito mais.

Considerado por muitos a obra prima do diretor, o filme eleva a complexidade de seu estilo ao mergulhar de fato nos sonhos de uma personagem – um salto no inconsciente feito com uma maestria pouco vista no audiovisual.

Além de gerar reflexões sobre as imagens que revela (e sobre o que elas querem dizer sobre os desejos daquela pessoa), Cidade dos Sonhos encanta pela complexidade do tema, pela forma como instiga as pessoas a buscarem explicações para o que nem sempre pode ser explicado e pela sensação de arrebatamento que causa no espectador.

Naomi Watts e David Lynch nos bastidores de Cidade dos Sonhos (Imagem: Divulgação/Universal Pictures)

4. Longa-metragem é aberto a interpretações

Por falar em sensações e significados, Cidade dos Sonhos passa longe de ser uma obra fechada. Para quem gosta de quebra-cabeças, o filme é um prato cheio, que até hoje rende inúmeras teorias e interpretações a respeito de sua história.

O próprio Lynch sempre se esquivou de dar respostas definitivas sobre seus filmes, deixando que fãs, críticos e estudiosos fizessem suas próprias análises e interpretações a respeito dos simbolismos e sonhos que retratava.

Isso, no entanto, não poupou o diretor de brincar com a audiência e deixar pistas que pudessem ajudar em suas teorias. Quando o longa de Cidade dos Sonhos foi lançado em DVD, inclusive, seu encarte continha uma lista de "10 pistas de David Lynch para desvendar este suspense". Uma pequena relação que fez com que o público quebrasse ainda mais a cabeça.

5. Obra tem visual deslumbrante

Se tudo isso já não for suficiente, é impossível relevar o fato ainda de que Cidade dos Sonhos tem um visual deslumbrante.

Repleto de imagens abstratas e oníricas, o título usa e abusa de cores e luzes para criar uma experiência sensorial marcante, que mergulhe de fato o público nesse sonho por Hollywood.

Uma das cenas mais clássicas do filme se passa em Clube Silêncio (Imagem: Divulgação/Universal Pictures)

Não à toa, há cenas do longa que ficaram marcadas na história do cinema, como é o caso da passagem de Betty e Rita pelo Clube Silêncio, quando a luz azul do espetáculo reflete sobre a dupla assustada de mãos dadas na plateia.

Provocativo e original – além de agora mais bonito – Cidade dos Sonhos em 4K chega nesta quinta-feira (17) aos cinemas de todo o país.

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