China começa a construir o primeiro supercomputador do mundo que ficará em órbita da Terra
A China deu início à formação de sua primeira constelação de satélites voltada para computação espacial, com o lançamento de 12 unidades equipadas com sistemas de inteligência artificial e comunicação intersatélite. Os satélites foram enviados à órbita terrestre por um foguete Longa Marcha 2D, lançado a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, […] O post China começa a construir o primeiro supercomputador do mundo que ficará em órbita da Terra apareceu primeiro em O Cafezinho.

A China deu início à formação de sua primeira constelação de satélites voltada para computação espacial, com o lançamento de 12 unidades equipadas com sistemas de inteligência artificial e comunicação intersatélite.
Os satélites foram enviados à órbita terrestre por um foguete Longa Marcha 2D, lançado a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste do país, por volta do meio-dia de quarta-feira (horário local), segundo informou o jornal estatal Guangming Daily.
O projeto faz parte da Constelação de Computação de Três Corpos, uma infraestrutura em desenvolvimento pelo Zhejiang Lab, instituto de pesquisa apoiado pelo governo da província de Zhejiang.
A iniciativa busca construir uma rede orbital capaz de realizar processamento de dados em tempo real no espaço, com capacidade computacional estimada em até 1.000 peta operações por segundo (POPS), o equivalente a um quintilhão de operações por segundo, quando plenamente operante.
Em comparação, o supercomputador El Capitan, desenvolvido pelo Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, e considerado um dos mais potentes da atualidade, atinge uma capacidade de 1,72 POPS. A constelação chinesa, portanto, busca rivalizar com os maiores centros de processamento de dados baseados em solo.
Cada um dos satélites lançados possui capacidade de processamento de até 744 trilhões de operações por segundo.
A comunicação entre os dispositivos será feita por meio de enlaces ópticos de alta velocidade, com taxa de transferência de até 100 gigabits por segundo. Essa primeira formação orbital possui capacidade computacional combinada de 5 POPS e armazenamento de até 30 terabytes a bordo.
O projeto inclui também um modelo de inteligência artificial com 8 bilhões de parâmetros, projetado para operar diretamente no espaço e capaz de realizar processamento de dados brutos coletados por sensores embarcados.
Segundo informações divulgadas, a constelação será utilizada para validar tecnologias como comunicação óptica entre satélites, computação descentralizada e observações astronômicas.
O Zhejiang Lab foi responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de IA embarcados e dos modelos espaciais que sustentam a operação computacional dos satélites.
A empresa Guoxing Aerospace, com sede em Chengdu, desenvolveu as plataformas de satélites inteligentes e coordenou a montagem dos equipamentos.
Já a HiStarlink, uma startup chinesa especializada em sistemas de comunicação óptica, forneceu os terminais a laser que possibilitam a transferência de dados de alta velocidade entre os satélites.
A proposta de criar centros de dados orbitais se insere em uma tendência crescente de descentralização da computação em larga escala, com possíveis implicações para eficiência energética e redução do uso de recursos naturais.
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA), os data centers ao redor do mundo poderão consumir mais de 1.000 terawatts-hora de eletricidade anualmente até 2026, o que equivale aproximadamente ao consumo de energia elétrica de todo o Japão.
Além da demanda energética, há o fator do consumo de água utilizado no resfriamento dessas instalações. Apenas em 2022, o Google informou ter utilizado cerca de 19,7 bilhões de litros de água para refrigerar seus data centers.
A alternativa apresentada pelos centros de dados espaciais está relacionada à possibilidade de uso contínuo de energia solar e à dissipação direta do calor no vácuo espacial, reduzindo custos operacionais e impactos ambientais.
Jonathan McDowell, astrônomo e historiador espacial da Universidade de Harvard, afirmou que a ideia de computação em nuvem no espaço tem ganhado relevância. “Os data centers orbitais podem usar energia solar e irradiar seu calor para o espaço, reduzindo as necessidades de energia e a pegada de carbono”, disse.
Segundo McDowell, o lançamento feito pela China representa o primeiro teste substancial da viabilidade técnica da infraestrutura de rede orbital voltada à computação. Ele acrescentou que China, Estados Unidos e Europa podem vir a desenvolver iniciativas semelhantes nos próximos anos.
A computação em órbita representa uma mudança no modelo tradicional de operação de satélites, que até então coletavam dados no espaço e os transmitiam para processamento em estações terrestres.
Este método enfrenta limitações relacionadas à largura de banda e disponibilidade de conexão com a Terra, o que restringe o volume de dados efetivamente processados. Estima-se que menos de 10% das informações captadas por satélites chegam à superfície para análise.
Com os novos satélites chineses, a expectativa é que dados coletados possam ser processados diretamente no espaço, acelerando a produção de informações e diminuindo a dependência de infraestrutura terrestre.
Ainda não há cronograma oficial divulgado para a conclusão total da Constelação de Computação de Três Corpos, mas o lançamento atual representa um marco inicial no desenvolvimento de capacidades avançadas de processamento em órbita por parte da China. As autoridades responsáveis não informaram o número final de satélites previstos, mas fontes ligadas ao Zhejiang Lab indicam que novos lançamentos deverão ocorrer nos próximos meses.
A missão marca mais um passo da China na ampliação de sua presença tecnológica no espaço, em meio à crescente competição internacional por domínio em áreas como inteligência artificial, comunicação segura e exploração orbital.
Com informações da SCMP
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