Bezerra com duas cabeças: entenda as causas da rara anomalia registrada em fazenda de RO

Diprosopia, conhecida como "duas faces", já foi registrada em outras espécies no estado nos últimos anos. Pesquisador explica possíveis causas e impactos para o rebanho. Bezerro com diprosopia incompleta (anomalia congênita) Reprodução/Projeto Medicina O nascimento de animais com malformações é raro, mas já foi registrado diversas vezes em Rondônia. Casos de bezerros com duas cabeças, sete patas e até pintinhos com anomalias semelhantes foram observados. O caso mais recente ocorreu na zona rural de São Miguel do Guaporé, onde uma bezerra nasceu com duas cabeças. O médico veterinário que a retirou explicou que se tratava de uma rara má formação fetal, possivelmente causada por fatores genéticos. LEIA MAIS: Bezerra nasce com duas cabeças em propriedade rural de São Miguel do Guaporé, RO O g1 conversou com o professor e pesquisador da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Elvino Ferreira, que explicou que a má formação registrada no nascimento da bezerra é chamada de diprosopia, também conhecida como “duas faces”. Trata-se de uma anomalia congênita rara, em que o animal nasce com partes da cabeça duplicadas, como o rosto (veja imagem acima). Isso pode acontecer de duas formas: a completa, em que o animal tem duas cabeças e dois pescoços, com dois cérebros e medulas espinhais; e a incompleta, quando apenas algumas partes do rosto estão duplicadas. No caso da bezerra nascida na propriedade de São Miguel do Guaporé (RO), o pesquisador explicou que se trata de dicefalia bovina, uma anomalia que causa duplicidade craniofacial (veja imagem abaixo). Aviso do g1 sobre imagem forte Arte/g1 Bezerra com duas cabeças nasce morta em fazenda de São Miguel do Guaporé, RO Reprodução/acervo pessoal Segundo ele, esses casos são raros, mas costumam despertar muita curiosidade. No entanto, a condição compromete a sobrevivência do animal e pode representar um alerta para o ecossistema reprodutivo do rebanho. “Anomalias congênitas e natimortos são uma preocupação tanto na bovinocultura quanto em outras criações”, alerta o pesquisador. Embora a causa da diprosopia ainda não seja totalmente conhecida, pesquisadores apontam que ela pode estar relacionada a fatores genéticos — como alterações na proteína SHH, responsável pela formação do rosto —, a fatores ambientais ou até a combinação dos dois. Entre os fatores ambientais que podem levar à malformação estão a deficiência de vitaminas, exposição à radiação, uso de certos medicamentos (como cortisona, progestágenos e benzimidazois) e até a ingestão de plantas tóxicas. A condição pode ocorrer em diferentes espécies, como gatos, bovinos, cabras, ovelhas, ratos e até humanos — mesmo em rebanhos ou famílias com histórico de nascimentos normais. Gato com diprosopia incompleta (anomalia congênita) Reprodução/Projeto Medicina Entenda o caso mais recente O caso mais recente foi o nascimento de uma bezerra com duas cabeças e quatro patas, que chamou a atenção do médico veterinário e pecuarista Lucas Thaler. O animal nasceu morto na última semana, na linha 74 Sul, zona rural de São Miguel do Guaporé (RO). Ao g1, Lucas contou que percebeu a má formação ainda durante a palpação da vaca, quando notou a falta de movimentos do feto. A posição da bezerra também indicava um parto anormal, chamado de distócia. Apesar da anomalia, Lucas optou por realizar o parto normal, descartando a cesariana. Segundo ele, havia espaço suficiente para a passagem do bezerro, mas o procedimento exigiu muito esforço da vaca e da equipe de manejo. A vaca se recupera bem e está sendo medicada para controle da dor e prevenção de infecções. Veja notícias de Rondônia

Abr 30, 2025 - 01:23
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Bezerra com duas cabeças: entenda as causas da rara anomalia registrada em fazenda de RO

Diprosopia, conhecida como "duas faces", já foi registrada em outras espécies no estado nos últimos anos. Pesquisador explica possíveis causas e impactos para o rebanho. Bezerro com diprosopia incompleta (anomalia congênita) Reprodução/Projeto Medicina O nascimento de animais com malformações é raro, mas já foi registrado diversas vezes em Rondônia. Casos de bezerros com duas cabeças, sete patas e até pintinhos com anomalias semelhantes foram observados. O caso mais recente ocorreu na zona rural de São Miguel do Guaporé, onde uma bezerra nasceu com duas cabeças. O médico veterinário que a retirou explicou que se tratava de uma rara má formação fetal, possivelmente causada por fatores genéticos. LEIA MAIS: Bezerra nasce com duas cabeças em propriedade rural de São Miguel do Guaporé, RO O g1 conversou com o professor e pesquisador da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Elvino Ferreira, que explicou que a má formação registrada no nascimento da bezerra é chamada de diprosopia, também conhecida como “duas faces”. Trata-se de uma anomalia congênita rara, em que o animal nasce com partes da cabeça duplicadas, como o rosto (veja imagem acima). Isso pode acontecer de duas formas: a completa, em que o animal tem duas cabeças e dois pescoços, com dois cérebros e medulas espinhais; e a incompleta, quando apenas algumas partes do rosto estão duplicadas. No caso da bezerra nascida na propriedade de São Miguel do Guaporé (RO), o pesquisador explicou que se trata de dicefalia bovina, uma anomalia que causa duplicidade craniofacial (veja imagem abaixo). Aviso do g1 sobre imagem forte Arte/g1 Bezerra com duas cabeças nasce morta em fazenda de São Miguel do Guaporé, RO Reprodução/acervo pessoal Segundo ele, esses casos são raros, mas costumam despertar muita curiosidade. No entanto, a condição compromete a sobrevivência do animal e pode representar um alerta para o ecossistema reprodutivo do rebanho. “Anomalias congênitas e natimortos são uma preocupação tanto na bovinocultura quanto em outras criações”, alerta o pesquisador. Embora a causa da diprosopia ainda não seja totalmente conhecida, pesquisadores apontam que ela pode estar relacionada a fatores genéticos — como alterações na proteína SHH, responsável pela formação do rosto —, a fatores ambientais ou até a combinação dos dois. Entre os fatores ambientais que podem levar à malformação estão a deficiência de vitaminas, exposição à radiação, uso de certos medicamentos (como cortisona, progestágenos e benzimidazois) e até a ingestão de plantas tóxicas. A condição pode ocorrer em diferentes espécies, como gatos, bovinos, cabras, ovelhas, ratos e até humanos — mesmo em rebanhos ou famílias com histórico de nascimentos normais. Gato com diprosopia incompleta (anomalia congênita) Reprodução/Projeto Medicina Entenda o caso mais recente O caso mais recente foi o nascimento de uma bezerra com duas cabeças e quatro patas, que chamou a atenção do médico veterinário e pecuarista Lucas Thaler. O animal nasceu morto na última semana, na linha 74 Sul, zona rural de São Miguel do Guaporé (RO). Ao g1, Lucas contou que percebeu a má formação ainda durante a palpação da vaca, quando notou a falta de movimentos do feto. A posição da bezerra também indicava um parto anormal, chamado de distócia. Apesar da anomalia, Lucas optou por realizar o parto normal, descartando a cesariana. Segundo ele, havia espaço suficiente para a passagem do bezerro, mas o procedimento exigiu muito esforço da vaca e da equipe de manejo. A vaca se recupera bem e está sendo medicada para controle da dor e prevenção de infecções. Veja notícias de Rondônia