Armadilhas do Rali de Portugal: a mãe de Bertelli, “o meu erro mais estúpido”, Loeb, dois líderes ‘arrasados’ em Montim, e muito mais!

Por entre o pó suspenso e o rugido dos motores, escondem-se os verdadeiros ‘predadores’ do Rali de Portugal. Desde o regresso ao Centro/Norte, em 2015, o Rali de Portugal regressou às suas raízes, para troços que há várias décadas já faziam história no imaginário do Rali de Portugal. E porque dentro de cerca de um […] The post Armadilhas do Rali de Portugal: a mãe de Bertelli, “o meu erro mais estúpido”, Loeb, dois líderes ‘arrasados’ em Montim, e muito mais! first appeared on AutoSport.

Abr 11, 2025 - 16:03
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Armadilhas do Rali de Portugal: a mãe de Bertelli, “o meu erro mais estúpido”, Loeb, dois líderes ‘arrasados’ em Montim, e muito mais!

Por entre o pó suspenso e o rugido dos motores, escondem-se os verdadeiros ‘predadores’ do Rali de Portugal. Desde o regresso ao Centro/Norte, em 2015, o Rali de Portugal regressou às suas raízes, para troços que há várias décadas já faziam história no imaginário do Rali de Portugal.

E porque dentro de cerca de um mês e meio temos uma nova edição, fomos à procura dos troços em que historicamente sucedem mais incidentes, numa espécie de ‘aviso’ aos concorrentes.

A história ensina-nos muita coisa, e ao longo do tempo, certas especiais cronometradas transformaram-se em ‘pontos negros’, palcos onde muito sonhos se desfizeram contra pedras implacáveis e curvas traiçoeiras.

Estes troços guardam segredos que só os mais habilidosos ou afortunados conseguem decifrar.

E nem sempre, pois quando nesta lista temos nomes como Sébastien Loeb, Sébastien Ogier ou Kalle Rovanpera, ninguém sai incólume. Toca mesmo a todos quando tem de tocar…

Neste artigo, suportados pelo que sucedeu desde 2015 até 2024 recordamos os principais incidentes que tiveram lugar nos recantos mais perigosos das nossas catedrais do automobilismo mundial, aqueles que, ano após ano, cobraram o preço da imperícia dos pilotos, da ambição desmedida, ou do simples azar que tantas vezes determina o destino no imprevisível mundo dos ralis.

Nestes 10 anos do Rali de Portugal, os incidentes mais relevantes e assustadores foram os da Hayddon Paddon e Ott Tanak em Ponte de Lima, por causa do fogo, mas felizmente tudo se resolveu, exceto o Hyundai do neozelandês, pois o carro ardeu por completo.

O acidente de Zé Pedro Fontes e Inês Ponte em Viana do Castelo foi complicado, felizmente ficaram bem com o tempo.

Um caso estranho, que deu muito que falar, foi o acidente de Lorenzo Bertelli em 2015, com Carlos Barbosa, presidente do ACP a dizer que “O filho do dono da Prada achava que podíamos interromper o troço para a mãe ir lá, no helicóptero pessoal, buscar o ‘menino’ que estava cansado de lá estar. (O piloto) foi sempre acompanhado em termos médicos e o jovem não tinha qualquer espécie de problema, estava só assustado. Por uma questão de precaução, visto que a mãe pediu para ele ir ao hospital, foi fazer depois um TAC e, como é evidente, não revelou rigorosamente nada.”

Ele queria que parássemos o rali para que a sua mãe pudesse ir buscá-lo de helicóptero, e assim não ter de esperar pelo final do troço. Pode ser que as coisas funcionem assim em Itália, mas não é assim que fazemos as coisas em Portugal. Ele pensa que por ser filho dos Prada muda tudo.” disse Carlos Barbosa, que garante ter sido mantido um contacto com um paramédico que estava no local a assistir ao rali.

O incêndio no carro de Pedro Meireles em 2019 foi muito triste, e assustador no momento, mas foi em 2022 que se deu o caso mais inusitado desta história de 10 anos do Rali de Portugal no Norte: No primeiro dia de prova, no arranque do troço da Lousã deu-se o que Sébastien Loeb considerou “o erro mais estúpido que já cometi nos ralis”. Poucos metros depois de arrancar para a especial, bateu com a traseira direita num muro, arrancando de imediato a roda, que ficou debaixo do carro. Pouco metros depois, pararam. O abandono foi inevitável. Lideravam a prova quando arrancaram para o troço…

Tudo se passou devido a um conjunto de três coisas: pneus duros, ainda frios, sobre asfalto (início da PE é em asfalto), e por fim o boost híbrido que todos utilizam no arranque para os troços. Tudo junto, surpreendeu o francês que não evitou o forte toque.

No ano passado Kalle Rovanperä (Toyota GR Yaris Rally1) despistou-se em Montim e a liderança do Rali de Portugal mudou de mãos. O finlandês deixou escorregar um pouco mais do que a medida certa a traseira do seu Yaris que só parou fora de estrada, capotado, no meio das árvores. A dupla ficou bem em termos físicos, mas o recorde de Miki Biasion de três triunfos seguidos permaneceu ‘intacto’. Logo a seguir, Oliver Solberg (Škoda Fabia RS Rally2) teve um acidente quando era líder entre os concorrentes do WRC2. Foi um ‘arraso’ de líderes em Montim…

O filme da década, dividido por zonas de troços

FAFE

Começando por Fafe, logo em 2015, quando Jari Katoma aterrou mal no salto de Pereira, foi às barreiras do lado esquerdo e capotou. Em 2017, na fase inicial do troço, na zona mais sinuosa, Andreas Mikkelsen, ainda na Skoda, calculou mal uma curva, passou com as rodas do lado direito na berma e foi catapultado para o lado esquerdo da estrada, capotando. Mas foi a Quentin Gilbert que sucedeu o mais estranho que se viu no salto da Pedra Sentada. Saltou bem, caiu de frente, mas a proteção de carter enterrou-se no chão e o carro… capotou de frente.

Gus Greensmith saltou bem em Fafe 2019, o pior foi quando aterrou e se esqueceu que a estrada é estreita.

Bateu do lado direito e fez pião, ali ficando com a frente danificada. O último a ter problemas em Fafe entre os homens foi Teemu Suninen que bateu forte em 2022 na mesma zona de Mikkelsen em 2017.

MONTIM

No troço de Montim, todos nós nos lembramos dos acidentes de Kalle Rovanperä e Oliver Solberg em 2024, mas uns anos antes, em 2019, também Esapekka Lappi capotou neste troço. Esta é uma especial muitas vezes lembrada por ter sido palco do enorme acidente de Carlos Sainz em 1993, mas quando o troço era a subir e não a descer, como sucede atualmente. O troço de Paredes é recente, mas Robert Virves e Hugo Magalhães não se derem bem com a novidade, e tiveram ali um acidente em 2023. Deste grupo de troços saem incólumes Luílhas e Felgueiras.

CABECEIRAS DE BASTO

Desde 2017 que o troço de Cabeceiras de Basto ‘apanha’ alguém. Nesse ano, Pierre Louis Loubet bateu numa vaca, em 2021 Egon Kaur capotou, mas em 2022, o perfil dos pilotos ‘apanhados’ subiu com um acidente de Sébastien Ogier. Em 2023 foi a vez de Norbert Herczig ter um acidente e no ano passado a ‘sorte’ coube a Gregoire Munster.

Curiosamente, apesar de ser na mesma zona da Serra da Cabreira, o troço de Vieira do Minho não tem registos de grandes incidentes desde 2015.

AMARANTE

Já dos troços da Serra do Marão não podemos dizer o mesmo. O Fridão só se realizou em 2015 e 2016, mas ainda assim, apanhou logo dois pilotos: Ole Christian Veiby capotou e Lorenzo Bertelli teve um forte acidente.

Já Amarante, foi sempre bem mais complicado para algumas das principais equipas. Logo em 2016, o navegador de Emil Begkvist falhou nota e a dupla saiu de estrada, em 2017 Esapekka Lappi bateu numa parede, em 2018, Emil Bergkvist capotou, e houve também o grave acidente de Kris Meeke que destruiu por completo o Citroen C3 WRC.

Em 2019 Ole Christian Veiby sofreu um incêndio no seu carro e Jari Huttunen teve um acidente.

Por fim, uma ironia do destino: em 2023, Miguel e Fabrizio Zaldivar, pai e filho, tiveram ambos um acidente no mesmo troço.

LOUSÃ, GÓIS e ARGANIL

Como se podia esperar, a zona de Arganil, Serra do Açor, sempre conhecida pela sua dureza, apesar de troços muito menos complicados que no passado, por são bastante mais bem tratado do que o eram há 30, 40 anos, ainda assim, não perdoa, e todos os anos acontecem coisas.

No troço da Lousã só há a reportar um acidente, mas logo com uma notoriedade muito grande. Em 2022 quando liderava a prova, Sébastien Loeb bateu 50 metros logo após o começo do troço. Um erro muito pouco visto da para o pluricampeão do Mundo.

Já em Góis, Pierre Louis Loubet e Miguel Correia tiveram acidentes em 2021 e o francês repetiu a dose com novo acidente em 2024.

Arganil foi triste para Pedro Meireles em 2019, pois viu o seu VW Polo GTI R5 arder, mas curiosamente, para os homens da frente, Arganil não tem sido muito complicado, já que mais ninguém teve acidentes no troço entre os pilotos da frente, exceto Teemu Suninen em 2024, quando capotou no salto da zona inicial do troço.

Mortágua surgiu apenas em 2021, mas nos últimos dois anos, ‘apanhou’ Elfyn Evans em 2023 e Pépe Lopez em 2024, com um acidente.

CAMINHA, VIANA DO CASTELO e PONTE DE LIMA

Curiosamente, desde que o Rali de Portugal regressou ao Norte, os troços que mais apanharam os pilotos desprevenidos foram os de Caminha, Viana do Castelo e especialmente, Ponte de Lima. A zona só esteve na prova do ACP entre 2015 e 2019, saíram quando o ACP veio para a zona centro, mas aqueles quatro anos foram complicados.

O troço de Caminha teve ‘folha limpa’ de incidentes com os principais pilotos, mas Viana do Castelo nem por isso.

Em 2016, Henning Solberg saiu de estrada, em 2017 deu-se o terrível acidente de Zé Pedro Fontes e Inês Ponte, que os deixou fora dos ralis algum tempo. No ano seguinte, 2018, foi a vez de Sébastien Ogier sair de estrada.

Já em Ponte de Lima, Haydon Paddon capotou para foram de estrada, os arbustos pegaram fogo e pouco depois, Ott Tanak capotou mesmo sitio, com o incêndio a propagar-se e a colocar em risco também o Ford do estónio, contudo foi possível evitar que as chamas lá chegassem e retirou-se o carro a tempo.

Em 2017 deu-se o incêndio no Hyundai i20 R5 de Manuel Castro, fora do troço, na zona de reabastecimento, enquanto Elfyn Evans bateu. Kris Meeke partiu a suspensão do seu Citroen depois de bater numa pedra uma ponte, numa zona em asfalto. Já Jari-Matti Latvala teve um acidente resultante da falta de travões. Hayden Paddon ganhou uma malapata com Ponte de Lima e em 2018 voltou a ter um acidente.

Restam as superespeciais de Lousada, que nos anos mais recentes tem dado algumas chatices devido ao salto, mas a pista está em obras e isso deverá ser corrigido. Na Porto Street Stage, alguns incidentes, nada de muito grave, por exemplo, Kris Meeke fez uma vez o troço sem borracha num pneu e assim foi até Matosinhos.

No Porto – Foz a superespecial não incomodou muito os homens da frente nem a Braga Street Stage, Coimbra ou Figueira da Foz, onde em todas houve, aqui e ali, um toque, mas nada com grande relevância para a prova, exceto a perda de tempo. No passado, sim, François Delecour que o diga, pois ficou duas vezes em Lousada, mas daí já passaram mais de 30 anos.The post Armadilhas do Rali de Portugal: a mãe de Bertelli, “o meu erro mais estúpido”, Loeb, dois líderes ‘arrasados’ em Montim, e muito mais! first appeared on AutoSport.