A surpreendente lição que Isis Valverde aprendeu em “Maria e o Cangaço”
Em entrevista, a atriz conta que o papel foi desafiador e fala sobre a importância de contar a história brasileira

A história do cangaço costuma ser contada pelo olhar masculino. Muito se sabe sobre a vida de Lampião e como sua astúcia o ajudou a desbravar o sertão nordestino entre as décadas de 1920 e 1930. Já sua companheira, Maria de Déa, sempre esteve à margem – até que a jornalista Adriana Negreiros decidiu contar sua história.
No livro Maria Bonita: Sexo, violência e mulheres no cangaço, ela narra as dificuldades daquelas que entravam para o grupo: geralmente eram estupradas, violentadas e, quando engravidavam, precisavam entregar os filhos para a adoção.
“Todas nós, mulheres, passamos por episódios de violência. E todas nós nos sentimos agredidas quando as nossas histórias são minimizadas. Romantizar a vida das cangaceiras é não reconhecê-las por completo”, aponta a escritora.
A publicação serviu de inspiração para a série Maria e o Cangaço, recém-lançada pelo Disney+ e protagonizada por Isis Valverde. Ao longo de seis episódios, a produção reconstrói a trajetória da jovem destemida que impôs sua voz em um ambiente dominado pelo machismo e pela brutalidade. Ela foi, inclusive, a primeira mulher a entrar para o bando – e por vontade própria.
“Era casada com um primo que não gostava e o via como um frouxo. Seu sonho era encontrar Lampião e viver uma vida diferente”, relata Isis. “Quando aquele homem tão famoso foi visitar a casa de seu pai, ela fez questão de conquistá-lo.”
Hoje, Maria Bonita é lembrada como uma figura transgressora por desafiar as normas de sua época, quando se esperava das mulheres apenas obediência e servidão.
No entanto, chamá-la de feminista é um erro histórico: “fazer isso é ver o passado com os olhos de 2025″, explica a Adriana. “Ela não correspondia às expectativas de gênero, mas é claro que as cangaceiras tinham episódios de ciúmes e de maldade umas com as outras. Não eram mulheres que desenvolviam sororidade. E julgar isso é desumanizá-las. Elas faziam o que estava ao seu alcance.”
A narrativa também acompanha sua jornada como mãe e o desejo de construir uma família ao lado do marido. Com cenas viscerais, a série expõe a dor de um sonho impossível e a falta de perspectiva de um futuro tranquilo.
O que a série ensinou à Isis Valverde
“O que fica para mim dessa personagem é o aprendizado de ser feliz com pouco. Maria tinha uma vida pulsante mesmo sem privilégios. Às vezes, temos tudo esquecemos de sentir gratidão – seja por algo bom que acontece ou por pelo simples fato de poder beber um copo de água quando vem a sede”, reflete Isis.
Maria e o Cangaço traz batalhas épicas, relações políticas complexas e a luta por justiça e sobrevivência, contando com uma fotografia impressionante que valoriza as paisagens áridas do sertão, além de cenas e de ação de tirar o fôlego. Além de Isis, Júlio Andrade está no elenco como Lampião.
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