A Fin-X está organizando as filas cirúrgicas — e quer entrar no SUS
As cirurgias e internações representam de 50% a 60% da receita dos hospitais – e mais ou menos a mesma proporção dos custos das operadoras. Mas a organização da fila (quem opera antes de quem) geralmente é um pandemônio: o médico tem pouca visibilidade da data e muitas vezes fica sabendo na última hora que […] The post A Fin-X está organizando as filas cirúrgicas — e quer entrar no SUS appeared first on Brazil Journal.

As cirurgias e internações representam de 50% a 60% da receita dos hospitais – e mais ou menos a mesma proporção dos custos das operadoras.
Mas a organização da fila (quem opera antes de quem) geralmente é um pandemônio: o médico tem pouca visibilidade da data e muitas vezes fica sabendo na última hora que a operadora aprovou o procedimento, e que a operação foi marcada. Já o hospital precisa ter uma equipe grande para gerir tudo isso, e acaba sofrendo com ociosidade por não conseguir alocar operações em cancelamentos de última hora.
Para botar ordem no caos, uma startup chamada Fin-X criou um software de gestão que gerencia este fluxo cirúrgico.
Agora, a startup acaba de levantar uma rodada para dobrar de tamanho este ano e entrar com mais força no setor público (onde o problema é ainda mais cabeludo).
A captação — de R$ 14 milhões — foi liderada pelo fundo de VC brasileiro Atlantico.
A rodada também foi acompanhada pela Headline Ventures e pela DOMO, que já eram investidoras da startup.
Fundada em 2017, a Fin-X nasceu da cabeça de dois consultores: Daniel Shiraishi, que trabalhou na Mckinsey antes de fundar sua própria consultoria; e Sergio Campangna, que fez carreira na Accenture.
Os dois se conheceram enquanto prestavam consultoria para o Fleury e decidiram criar a Fin-X depois que o irmão de Daniel — um médico que trabalhava no Mato Grosso — explicou aos dois a complexidade do processo de agendamento de cirurgias, de acompanhamento das atualizações do procedimento e de recebimento dos valores das operadoras.
“O fluxo cirúrgico é uma dor muito grande para todos os elos da cadeia: é a maior receita dos hospitais e o maior sinistro para as operadoras,” Daniel disse ao Brazil Journal. “Então, qualquer ganho de eficiência nesse processo é interessante para todo mundo.”
Antes de criar o produto, os dois fundadores passaram quase três anos — de 2017 até 2020 — visitando hospitais por todo o Brasil e conversando com médicos e operadoras.
“Foram três anos sem dinheiro, sem investidores e quebrando na física,” lembra Daniel. “Mas foi muito importante para entender todas as necessidades dos players de saúde.”
O software só foi lançado em fevereiro de 2021, depois que a DOMO entrou como investidor da startup. O primeiro cliente foi o Alvorada Moema, da rede Américas, e a plataforma já foi colocada de cara num teste de fogo.
“Quando começamos lá, a fila de cirurgias era enorme, porque elas tinham parado no pico da pandemia e estavam retomando bem naquele momento,” disse Sérgio. “Conseguimos ajudar a resolver a fila no momento mais crítico, e com um resultado muito positivo, o que ajudou a gente a conseguir vender muito a partir de então.”
Hoje a Fin-X já atende 150 hospitais e tem uma fila de espera de outros 100 para implementar o software.
A meta é fechar este ano com 300 a 350 hospitais em operação.
A startup opera no modelo de SaaS, cobrando uma assinatura mensal que varia dependendo do volume de cirurgias que o hospital faz.
Julio, do Atlantico, disse que decidiu investir na Fin-X porque eles criaram “uma solução elegante quando você pensa na simplicidade dela, num mercado que é gigantesco e com empreendedores obcecados e dispostos a gastar sola de sapato para entender os participantes do mercado.”
O gestor disse ainda que passou alguns dias visitando hospitais e que nos hospitais que não usavam o software da Fin-X, os centros de operação “eram como call centers.”
“Tinha de 10 a 20 pessoas no telefone o dia inteiro, recebendo informações de lugares diferentes e coordenando isso num quadro branco gigantesco. Era uma zona,” disse ele. “Já nos hospitais com o software da Fin-X, esses centros já tinham 20% menos pessoas e era um silêncio, porque tudo era feito no software.”
Até agora, o software da Fin-X conecta os médicos com os hospitais, permitindo que eles façam o agendamento e acompanhem tudo pelo software, e dando ferramentas para os hospitais gerirem a fila de cirurgias, garantindo que não haja ociosidade de salas e equipamentos.
Com a rodada, a Fin-X dará um passo além, integrando seu sistema com o das operadoras e permitindo que elas tenham visibilidade dos pedidos dos médicos desde o início.
“A operadora quer controlar custo, e para isso ela precisa que o médico faça o pedido da cirurgia com o pacote [de material e equipamentos] que ela cobre. Com a integração, o pedido do médico vai chegar junto pro hospital e pra operadora, e elas já vão poder ver na hora se o pedido está dentro do padrão,” disse Daniel.
Outra frente de trabalho é o setor público.
A Fin-X começou a lidar com o SUS quando entrou em hospitais filantrópicos e Santas Casas, onde, por lei, de 60% a 70% das cirurgias têm que ser destinadas ao SUS.
A startup já está fazendo projetos (pro bono) para 10 Secretarias de Saúde, e aplicou para três linhas de fomento, buscando R$ 20 milhões para desenvolver soluções que atendam o setor público.
Daniel disse que no SUS o problema é 10x maior.
Tipicamente, as Secretarias de Estado tem seus sistemas próprios de gestão da fila de cirurgia (que pode ser com o Excel ou com alguma plataforma própria). O problema é que quando chega a vez do paciente, ele recebe um papel com as informações da cirurgia, que ele tem que levar para o hospital onde o procedimento vai ser feito.
“Como não tem integração entre o sistema das Secretarias e os hospitais e é tudo em papel, não dá para saber se o paciente fez a cirurgia ou não, se não fez porque, e onde exatamente está a fila,” disse ele. “Por isso que, mesmo com as Secretarias aumentando o valor dos pagamentos, as filas não reduzem.”
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