Votação do Orçamento 2025 pode ser adiada se governo seguir enviando mudanças, dizem parlamentares

Relator da CMO se reuniu com Gleisi, Motta e Alcolumbre no domingo. Orçamento deste ano ainda não foi aprovado, o que vem limitando o uso do dinheiro. Prevista para esta semana, a votação do Orçamento de 2025 pode ser adiada novamente em razão de impasses entre o Congresso e o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que passam, entre outros fatores, pelos sucessivos pedidos de mudança feitos pelo Executivo. Neste domingo (16), o relator do texto, senador Angelo Coronel, se reuniu com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também participou. No encontro, Coronel afirmou que os técnicos do Congresso estão trabalhando para atender os pedidos do governo – mas que essa análise leva tempo e pode atrapalhar o cronograma. "Da última semana para cá, o governo enviou cinco ofícios. A consultoria está trabalhando dia e notie, mas é preciso dar tempo para analisar. Só vou apresentar o relatório essa semana se a votação for marcada", disse o senador à TV Globo. Há um problema adicional: se não for concluída nesta semana, a votação ficará para o mês de abril. Isso, porque Motta e Alcolumbre devem acompanhar o presidente Lula em viagem oficial ao Japão, na próxima semana. "Se não houver essa garantia [de votação essa semana], o relatório vai ficar para depois do retorno dos presidente da Câmara e do Senado. Não há como votar orçamento sem eles aqui", disse Coronel. Os pedidos de alteração também incomodaram o presidente da Comissão Mista de Orçamento, Júlio Arcoverde (PP-PI). O último chegou neste domingo: R$ 150 milhões para o Banco Central, a título de "desenvolvimento do PIX". O documento ainda vai ser analisado pelos consultores da comissão. "Hoje [segunda] à noite, será possível saber se a lei será votada ainda esse semana. Mas para isso, o governo deve parar de mandar ofícios", disse Arcoverde à TV Globo. Segundo ele, a comissão quer encerrar a análise logo, mas "parece que o governo não está com muita pressa de votar". O calendário anunciado até aqui prevê que a Lei Orçamentária Anual seja votada pela CMO nesta terça-feira (18), e pelo plenário do Congresso nesta quarta (19). No fim de semana, a comissão chegou a divulgar uma nota dizendo que a votação tinha sido adiada para abril. Depois, corrigiu a informação e voltou a prever a análise do texto nesta semana. Orçamento travado O Orçamento deveria ter sido votado no fim do ano passado, mas um embate entre Legislativo e Judiciário envolvendo a liberação de emendas parlamentares travou a análise do texto. Líderes ouvidos pelo g1 afirmam que, além da indefinição sobre as presidências das comissões temáticas, o governo está com dificuldade em apresentar cortes para fazer frente às despesas previstas no Orçamento. Um dos pontos diz respeito às emendas parlamentares. O acordo fechado com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a transparência na indicação e execução das verbas destravou recursos antes bloqueados e que agora podem ser usados e devem estar previstos no Orçamento de 2025. Outra queixa é que o governo ainda precisa apontar a fonte de despesas obrigatórias com a previdência e ainda não demonstrou onde vai cortar para preencher esses gastos.

Mar 17, 2025 - 14:33
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Votação do Orçamento 2025 pode ser adiada se governo seguir enviando mudanças, dizem parlamentares
Relator da CMO se reuniu com Gleisi, Motta e Alcolumbre no domingo. Orçamento deste ano ainda não foi aprovado, o que vem limitando o uso do dinheiro. Prevista para esta semana, a votação do Orçamento de 2025 pode ser adiada novamente em razão de impasses entre o Congresso e o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que passam, entre outros fatores, pelos sucessivos pedidos de mudança feitos pelo Executivo. Neste domingo (16), o relator do texto, senador Angelo Coronel, se reuniu com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também participou. No encontro, Coronel afirmou que os técnicos do Congresso estão trabalhando para atender os pedidos do governo – mas que essa análise leva tempo e pode atrapalhar o cronograma. "Da última semana para cá, o governo enviou cinco ofícios. A consultoria está trabalhando dia e notie, mas é preciso dar tempo para analisar. Só vou apresentar o relatório essa semana se a votação for marcada", disse o senador à TV Globo. Há um problema adicional: se não for concluída nesta semana, a votação ficará para o mês de abril. Isso, porque Motta e Alcolumbre devem acompanhar o presidente Lula em viagem oficial ao Japão, na próxima semana. "Se não houver essa garantia [de votação essa semana], o relatório vai ficar para depois do retorno dos presidente da Câmara e do Senado. Não há como votar orçamento sem eles aqui", disse Coronel. Os pedidos de alteração também incomodaram o presidente da Comissão Mista de Orçamento, Júlio Arcoverde (PP-PI). O último chegou neste domingo: R$ 150 milhões para o Banco Central, a título de "desenvolvimento do PIX". O documento ainda vai ser analisado pelos consultores da comissão. "Hoje [segunda] à noite, será possível saber se a lei será votada ainda esse semana. Mas para isso, o governo deve parar de mandar ofícios", disse Arcoverde à TV Globo. Segundo ele, a comissão quer encerrar a análise logo, mas "parece que o governo não está com muita pressa de votar". O calendário anunciado até aqui prevê que a Lei Orçamentária Anual seja votada pela CMO nesta terça-feira (18), e pelo plenário do Congresso nesta quarta (19). No fim de semana, a comissão chegou a divulgar uma nota dizendo que a votação tinha sido adiada para abril. Depois, corrigiu a informação e voltou a prever a análise do texto nesta semana. Orçamento travado O Orçamento deveria ter sido votado no fim do ano passado, mas um embate entre Legislativo e Judiciário envolvendo a liberação de emendas parlamentares travou a análise do texto. Líderes ouvidos pelo g1 afirmam que, além da indefinição sobre as presidências das comissões temáticas, o governo está com dificuldade em apresentar cortes para fazer frente às despesas previstas no Orçamento. Um dos pontos diz respeito às emendas parlamentares. O acordo fechado com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a transparência na indicação e execução das verbas destravou recursos antes bloqueados e que agora podem ser usados e devem estar previstos no Orçamento de 2025. Outra queixa é que o governo ainda precisa apontar a fonte de despesas obrigatórias com a previdência e ainda não demonstrou onde vai cortar para preencher esses gastos.