Você conhece o programa Mais Médicos?

Depois da polêmica saída dos médicos cubanos do Mais Médicos, surge a possibilidade de extinção do programa. Mas o que é o Mais Médicos? E como chegou a essa situação? O Politize! te explica!

Mai 13, 2025 - 06:28
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Você conhece o programa Mais Médicos?

O programa Mais Médicos foi lançado em julho de 2013, durante o Governo Dilma, com o objetivo de ampliar a oferta de atendimento médico na área da saúde pública nas regiões mais carentes do país, especialmente em municípios do interior e nas periferias brasileiras.

Em 2025, foram abertas vagas através de novo edital para ampliar o acesso à atenção primária no SUS.

Neste texto, a Politize! te explica mais sobre o programa, como ele está atualmente e muito mais!

Programa Mais Médicos em 2025

O programa Mais Médicos foi relançado em 2023 pelo Governo Federal, com o objetivo de ampliar o acesso à atenção primária em saúde e reduzir as desigualdades regionais no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

Criado originalmente em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, o programa continua sendo uma das principais estratégias para levar profissionais de saúde às regiões mais remotas e vulneráveis do país.

Atualmente, o programa conta com cerca de 24,9 mil médicos em atuação em 4.200 municípios, o que representa a cobertura de aproximadamente 77% do território nacional. A meta do governo é alcançar 28 mil profissionais nos próximos anos, garantindo assistência para mais de 63 milhões de brasileiros.

O atendimento é feito exclusivamente pelo SUS, de forma gratuita, priorizando localidades com alto índice de vulnerabilidade social. Isso inclui municípios de pequeno porte, áreas indígenas, comunidades rurais e regiões periféricas das grandes cidades. 

O programa também busca fortalecer a formação médica no país, incentivando a atuação de profissionais junto à comunidade onde estudaram ou vivem.

Além da assistência médica, o Mais Médicos também contribui para a formação profissional ao oferecer acesso à especialização em Medicina de Família e Comunidade, além de mestrado e doutorado em Saúde da Família.

Segundo o Ministério da Saúde, a alocação das vagas leva em conta a Demografia Médica 2025, que aponta a proporção de médicos por habitante nas diferentes regiões do país. A maior parte das vagas está concentrada em municípios de pequeno porte (75,1%), seguidos por municípios de médio porte (11,1%) e grande porte (13,8%).ndo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, a meta estipulada para até o ano de 2017 foi superada, com a criação de 13.624 novas vagas.

Veja também nosso vídeo sobre a história da saúde pública no Brasil!

Inscrições para o programa Mais Médicos 2025

No dia 5 de maio de 2025, foi lançado um novo edital do Mais Médicos com 3.174 vagas abertas em todas as 27 Unidades Federativas. Destas, 3.066 estão distribuídas entre 1.620 municípios e outras 108 foram destinadas aos 26 DSEIs. As inscrições ficam abertas até o dia 8 de maio e devem ser feitas por meio do Sistema de Gerenciamento de Programas (SGP).

As vagas são destinadas a três perfis de profissionais:

  • Médico formado no Brasil com registro no CRM ou com diploma revalidado no Brasil;
  • Médico brasileiro formado no exterior (intercambista brasileiro);
  • Médico estrangeiro habilitado para o exercício da medicina em seu país de formação (intercambista estrangeiro).

Para os dois últimos perfis, é obrigatória a aprovação no Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv) — um treinamento preparatório que garante capacitação para atuação em urgência, emergência e enfrentamento de doenças prevalentes nas regiões atendidas.

Além disso, todos os candidatos devem atender a exigências legais, como:

  • Estar em situação regular com a justiça estadual e federal;
  • Estar quites com a justiça eleitoral (no caso de brasileiros);
  • Estar regular com o serviço militar obrigatório (no caso de brasileiros do sexo masculino);
  • Declarar ciência sobre a organização do SUS e domínio da língua portuguesa (no caso de estrangeiros).

Uma das novidades deste ciclo foi a criação do cadastro reserva. A medida permite que municípios e DSEIs que já tenham preenchido suas vagas em editais anteriores possam contar com novos profissionais assim que surgirem necessidades. 

Ao todo, 2.450 municípios e oito DSEIs já aderiram ao mecanismo, o que deve garantir maior agilidade na substituição de médicos em caso de desistência ou encerramento de contratos.

Como o programa funciona?

Os médicos selecionados para o Mais Médicos atuam diretamente nas equipes de Saúde da Família. Eles são responsáveis por acompanhar a população em suas comunidades, realizar atendimentos preventivos, identificar riscos e encaminhar pacientes para especialidades quando necessário. 

Todas as informações clínicas são registradas no Prontuário Eletrônico do Cidadão (e-SUS APS), o que permite a integração dos dados entre os níveis da rede pública de saúde.

Durante sua permanência no programa, que pode durar até 48 meses, o profissional recebe uma bolsa-formação, ajuda de custo, auxílios e demais benefícios relacionados à atuação em regiões prioritárias. No entanto, o vínculo não é empregatício, mantendo a natureza de cooperação federativa do programa.

O programa também prevê, segundo a sua lei de criação:

  • Aprimorar a formação médica no país;
  • Proporcionar maior experiência no campo de prática médica durante o processo de formação;
  • Ampliar a inserção  do médico em formação nas unidades de atendimento do SUS, desenvolvendo seu conhecimento sobre a realidade da saúde da população brasileira;
  • Fortalecer a  política de educação  permanente com a integração ensino-­serviço,  por meio da atuação das instituições de educação superior na supervisão acadêmica das atividades desempenhadas pelos médicos;
  • Promover  a troca de conhecimentos e experiências entre profissionais da saúde  brasileiros e médicos formados em instituições estrangeiras;
  • Aperfeiçoar  médicos para  atuação nas políticas públicas de saúde do país  e na organização e no funcionamento do SUS;
  • Estimular a realização de pesquisas aplicadas ao SUS.

Além disso, um dos eixos de atuação do programa é a formação médica através da abertura de novas vagas em faculdades de medicina (em universidades públicas e privadas) e de residências médicas com foco em municípios do interior do Brasil que ainda não possuem o curso. 

O objetivo dessa formação é estimular que os futuros médicos estudem e exerçam sua profissão próximo à sua comunidade, dessa forma prevenindo que haja uma dependência de profissionais estrangeiros no futuro. 

Leia mais: Programas do SUS: algumas iniciativas do governo federal

Infográfico sobre o programa mais médicos

Que tal baixar esse infográfico em alta resolução?

Argumentos contra e a favor o programa

Apesar dos avanços, o programa é alvo de críticas por parte de entidades representativas da classe médica. Um dos principais pontos de tensão diz respeito à permissão para que médicos com diploma estrangeiro atuem no Brasil sem revalidação formal

A Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmam que essa prática compromete a qualidade do atendimento e representa risco para a população.

Segundo César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, 

“Qualquer solução para provimento de médicos deve ser feita com profissionais registrados nos seus respectivos conselhos regionais.” 

As entidades também sugerem alternativas. A AMB, por exemplo, propõe a criação de programas de residência médica em localidades remotas, com atuação supervisionada por professores orientadores. Segundo a entidade, essa seria uma forma de garantir assistência qualificada e, ao mesmo tempo, formar novos médicos no Brasil.

Contrariando as críticas, pesquisas acadêmicas reforçam os efeitos positivos do programa. Segundo Ricardo Dantas, pesquisador do Icict/Fiocruz, estudos conduzidos entre 2013 e 2017 apontaram melhorias em indicadores como redução da mortalidade e ampliação do acesso ao pré-natal. Para ele, em muitos municípios pequenos e isolados, foi a primeira vez que a população teve acesso a um médico fixo e presente.

Dantas destaca que os efeitos do programa vão além da presença do médico:

“O Mais Médicos impulsionou outras frentes, como o provimento de enfermeiros e a chegada de equipamentos”, afirma. Na visão do pesquisador, a iniciativa se consolidou como uma ferramenta de acesso e equidade no sistema público de saúde.

Veja também nosso vídeo sobre diferenças entre Unidades Básicas de Saúde, UPAs e hospitais!

E aí, conseguiu compreender o que é o Mais Médicos? Deixe suas dúvidas ou opinião nos comentários!

Publicado em 27 de fevereiro. Atualizado em 12 de maio de 2025.

Referências