Rumo a Roma, cardeal brasileiro defende legado de Francisco: ‘Não há como retroceder’

Dom Raymundo Damasceno Assis, cardeal Emérito de Aparecida, falou ao InfoMoney pouco antes de embarcar para Roma, onde participa de processo de escolha do novo papa The post Rumo a Roma, cardeal brasileiro defende legado de Francisco: ‘Não há como retroceder’ appeared first on InfoMoney.

Abr 23, 2025 - 12:05
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Rumo a Roma, cardeal brasileiro defende legado de Francisco: ‘Não há como retroceder’

“O Papa Francisco inovou em muitas coisas. O legado que ele deixa, com uma Igreja mais acolhedora e aberta ao diálogo, deve continuar. Não há como retroceder”. Essa é opinião de Dom Raymundo Damasceno Assis, cardeal Emérito da Arquidiocese de Aparecida, em São Paulo, que já está arrumando suas malas para ir a Roma, na Itália, participar do processo de escolha do novo papa.

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Mesmo não tendo mais o direito a voto, por ter mais de 80 anos, Dom Raymundo deve participar das chamadas Congregações Gerais. Essas reuniões são realizadas durante três a quatro dias antes da votações do Conclave e contam com a participação de todos os cardeais. “São encontros com uma agenda aberta, onde todos podem falar. Este é o momento em que os cardeais se conhecem mais e ficam sabendo o que está acontecendo na Igreja em vários cantos do mundo”, afirma o religioso.

Nas Congregações Gerais, também se fala sobre os desafios vividos pela Igreja em cada um dos países e o que se espera da Igreja para o futuro. “Diante de tudo que é falado, então se começa a formar o perfil necessário do futuro papa. Mas não se apresenta nome, nem chapa, são apenas manifestações livres”, explica.

Neste momento também é apresentada a conjuntura atual da Igreja no mundo e a conjuntura política e administrativa do Vaticano. Tudo é feito dentro de um processo para que se possa ter o discernimento do que é necessário, amadurecendo também a escolha do candidato. “Tudo feito junto com muita oração e reflexão para a escolha do futuro papa”.

Definido o perfil necessário, então, os cardeais com direito a voto entram efetivamente no processo de Conclave, onde não será permitido mais nenhum contato externo. “Nenhuma conversa, nem conferências, muito menos telefone, rádio ou televisão. Apenas a votação, cada um com sua consciência, até que se a escolha seja feita.”

Para a escolha de Bento XVI foram feitos quatro escrutínios e para a do Papa Francisco foram cinco. “Para votar, cada cardeal precisa fazer um juramento antes, colocando a mão no Evangelho e jurando escolher quem poderá conduzir melhor a igreja daqui para frente”, afirma Dom Raymundo.

Por isso, o religioso diz que as Congregações Gerais são tão importantes, porque é ali que se pode ouvir o que o cada um tem a dizer e onde, muitas vezes, um cardeal acaba impressionando os outros com sua fala. “São nessas reuniões que muitos se conhecem efetivamente, convivendo por três a quatro dias, podendo ter contato com a realidade de cada arquidiocese”.

Inovação

Dom Raymundo, citou ainda o caráter inovador do Papa Francisco, inclusive ampliando espaços para mulheres dentro da Igreja Católica, ao nomear a irmã Simona Brambilla como prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada, tornando-a a primeira mulher a liderar um dos mais importantes escritórios do Vaticano. 

O papa ainda foi o arquiteto da elaboração de um sistema para dar maior transparência às finanças do Vaticano, o que incluiu a retirada da cidade-estado da lista de paraísos fiscais. Além disso, estabeleceu uma espécie de conselho para supervisionar as finanças formado por cardeais, bispos e leigos especialistas no setor financeiro. 

“Ele fez uma série de inovações que ficam e isso não tem como voltar atrás, vai continuar. E esperamos também que o novo papa permaneça acolhendo a todos indistintamente. Claro que ninguém é cópia do outro e cada um tem a sua cultura. Mas todos com a visão de que a Igreja é do povo de Deus, seja ele da África, da Ásia ou da Europa, porque essa diversidade é a beleza da Igreja.”

Segundo o cardeal, não há prazo definido para que as Congregações comecem, depois do funeral nem quanto tempo vai levar para se escolher o novo papa, o que deixa o posto máximo da Igreja vacante. “O velório e o enterro são momentos tristes, mas a escolha de um novo papa, após o Conclave, é um momento muito emocionante, com uma explosão de alegria que enche a praça em meia hora, quando sai a fumaça branca. Por isso, pedimos que o Espírito Santo ilumine os cardeais que farão essa escolha tão importante”, disse Dom Raymundo.

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