José Avillez: “Já sofri um burnout… era um cansaço enorme e de apagar”

“Eu comecei a cozinhar porque gosto muito de comer, e continuei a cozinhar porque gosto de cuidar”, partilha José Avillez. Curiosamente, o sonho inicial de José Avillez não era ser chef. “Eu hoje continuo muito ligado à arquitetura, à carpintaria”, conta, revelando como estas áreas continuam a viver no seu dia a dia. O caminho […]

Mai 12, 2025 - 09:37
 0
José Avillez: “Já sofri um burnout… era um cansaço enorme e de apagar”

“Eu comecei a cozinhar porque gosto muito de comer, e continuei a cozinhar porque gosto de cuidar”, partilha José Avillez.

Curiosamente, o sonho inicial de José Avillez não era ser chef. “Eu hoje continuo muito ligado à arquitetura, à carpintaria”, conta, revelando como estas áreas continuam a viver no seu dia a dia. O caminho até à alta cozinha começou com um estágio na Fortaleza do Guincho, marcado por exigência e resiliência: “Lembro-me de chegar e me darem oito caixas de 30 quilos de tomate para eu pelar ali sozinho.

O preconceito em torno da profissão era evidente. “A minha mãe achou que eu estava maluco”, admite, ao recordar o momento em que anunciou que queria ser cozinheiro. “Hoje é mais fácil, eu acho que eu e outros abrimos caminho para vários jovens em Portugal.”

Porém, o stress, a pressão, o perfeccionismo — tudo isso marca quem passa por uma cozinha. “Eu já gritei com a equipa”, assume, mas garante ter mudado. “Hoje consigo dizer exatamente as mesmas coisas sem gritar e ser ouvido.”

"A minha grande preocupação na inteligência artificial é a saúde mental, ou seja, é conseguirmos lidar com esses avanços”

José Avillez, chef e empresário

A exigência consigo próprio e com a sua equipa é uma constante. “Acho que essa exigência nos faz melhorar, mas por vezes é injusta”, reconhece. E, como muitos outros profissionais de excelência, sofreu na pele os efeitos dessa pressão: “Já sofri um burnout… era um cansaço enorme e de apagar. Eu apaguei anos da minha vida”, conta.

A saúde mental é, aliás, um dos temas que mais o apaixonam hoje. O outro é a inteligência artificial, que encara com curiosidade, mas também com cautela: “A minha grande preocupação na inteligência artificial é a saúde mental, ou seja, é conseguirmos lidar com esses avanços.”

Sobre segredos de um prato diz existirem poucos. “Acho que há dedicação e consistência”, diz. No fundo, o sucesso de José Avillez parece residir não num qualquer talento secreto, mas nesta última qualidade: “É muito fácil ser-se bom uma vez na vida. É muito, muito difícil ser-se consistentemente bom em alguma coisa muitas vezes na vida.” E, ainda que tenha tido “muita sorte”, como reconhece, sabe que o verdadeiro segredo está no trabalho: “Um amigo meu dizia que a sorte só no dicionário é que aparece antes do trabalho — e eu concordo muito com isso”.

Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, que Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

Se preferir, assista aqui: