Homens ainda abafam as emoções: Menos de 10% dos portugueses recorre a ajuda profissional
A conclusão é do estudo “O autocuidado masculino em Portugal”, desenvolvido pela Netsonda para a marca Dove Men+Care.


Os homens portugueses ainda têm tendência para resolverem os seus problemas sozinhos e sentem-se socialmente pressionados a mostrarem-se fortes. Muitos deles apenas se manifestam ou procuram ajuda quando já estão num ponto de ruptura – e a ida ao psicólogo parece ser o derradeiro recurso. A conclusão é do estudo “O autocuidado masculino em Portugal”, desenvolvido pela Netsonda para a marca Dove Men+Care.
Esta trata-se da primeira edição do estudo no mercado português e visa avaliar se os homens se estão a cuidar mais, em termos físicos mas também mentais, do que faziam no passado. Para a marca Dove Men+Care, signfica também um reforço de posicionamento na área do autocuidado e bem-estar masculino, depois de, no final do ano passado, ter lançado a campanha “Os Lobos são homens reais”, em parceria com a Federação Portuguesa de Rugby. No seguimento desta aposta no rugby, a apresentação do estudo decorreu no Estádio Universitário de Lisboa.
De acordo com o inquérito, quase um terço dos homens portugueses (31%) procura os amigos para expor os seus problemas, mas é no parceiro/a que a maioria (51%) encontra o seu principal suporte emocional. Por outro lado, a percentagem de homens que recorre a ajuda profissional ainda é muito diminuta (abaixo de 10%) e um em cada quatro inquiridos diz que não fala com ninguém quando se sente emocionalmente em baixo.
Quanto aos principais temas que preocupam os homens, o estudo evidencia o sucesso profissional/financeiro e a comparação com os pares, sendo que o receio de falhar, seja no contexto de trabalho ou na vida pessoal, é o que mais contribui para a perda de auto-estima. «Ainda está muito incutida a ideia de que os problemas dos homens são muito pessoais e que cabe a cada um resolvê-los. Há o estereótipo que o homem é forte, não dá parte fraca. Só quando estão numa fase de ruptura é que [os homens] se abrem», referiu durante a apresentação do estudo Madalena Lupi, técnica qualitativa da Netsonda.
Cuidado com corpo está a crescer
Ao contrário do tema da saúde mental, onde ainda existem algumas barreiras e estereótipos (que a Dove Men+Care diz querer continuar a derrubar), é no autocuidado físico que o estudo encontra a maior evolução. De acordo com o inquérito, os homens portugueses dão hoje mais importância à sua imagem: cerca de 80% dos inquiridos afirma que cuidar da sua aparência aumenta a auto-estima e contribui para melhorar o seu bem-estar emocional. E apenas 15% dos inquiridos considera negativo cuidar “bastante” do seu físico.
A comprovar esta evolução de mentalidades, está a maior procura por produtos de higiene e beleza pessoal. Quase metade dos homens inquiridos (48%) diz investir mais neste tipo de produtos do que antes, uma tendência mais notória na faixa etária entre os 25 e 34 anos (68%). Os produtos essenciais (champô, desodorizante, gel de banho e perfume) continuam a fazer parte da rotina diária, mas mais de metade (52%) dos homens já usa creme de rosto e 40% loção de corpo ou produtos específicos para a barba.
Além disso, para 94% dos inquiridos, o desporto desempenha um papel central no seu bem-estar emocional, sendo que quase dois em cada três praticam desporto duas a três vezes por semana. «Não e só a parte física que está em jogo. O desporto é um escape mental e uma forma de socialização, mais do que apenas uma ferramenta para estarem em forma», frisa Madalena Lupi.
As conclusões do estudo “O autocuidado masculino em Portugal” resultaram de um questionário online a 600 homens entre 25 e 65 anos, residentes em Portugal. Foram também realizadas entrevistas presenciais, algumas das quais junto de profissionais da área da saúde e beleza.
Texto de Daniel Almeida
*O jornalista escreve segundo o Antigo Acordo Ortográfico